Agosto de 2013 - Vol.18 - Nº 8 Editor: Walmor J. Piccinini - Fundador: Giovanni Torello |
Agosto de 2013 - Vol.18 - Nº 8 Psiquiatria na Prática Médica HEPATOPATIAS E SINTOMAS PSIQUIÁTRICOS Prof. Dra. Márcia Gonçalves* A hepatopatia
grave compreende um grupo de doenças que atingem o fígado de forma primária ou secundária, com evolução
aguda ou crônica, ocasionando alteração estrutural extensa e deficiência
funcional intensa, progressiva e grave, além de incapacidade para atividades
laborativas e risco à vida.1 São
causas etiológicas das hepatopatias graves: Cirroses
hepáticas: virais, tóxicas, metabólicas; autoimunes; vasculares; doenças
parasitárias e granulomatosas; tumores hepáticos malignos; primários
ou metastáticos; doenças hepatobiliares e da vesícula
biliar levando à cirrose biliar secundária; hepatites fulminantes: virais,
tóxicas, metabólicas, autoimunes, vasculares. 1 Os sintomas são:
Icterícia, fadiga, prurido, dor no quadrante superior direito do abdome,
distensão abdominal e hemorragia digestiva, dor
no hipocôndrio direito,
esplenomegalia, aranhas vasculares,
eritema palmar, ascite, perda de peso, equimoses, edema, veias
abdominais dilatadas, hálito hepático, encefalopatia e coma são sinais e
sintomas presentes em maior ou menor grau nas doenças hepáticas. Pode-se
observar co frequência hepatopatas crônicos
assintomáticos. 2 Nos
exames por imagem encontam-se: 1. Ultrassonografia: alterações estruturais do
fígado e baço, ascite, dilatação das veias do sistema porta; 2. Tomografia computadorizada e ressonância
nuclear magnética abdominal: alterações dependentes da doença primária; 3. Endoscopia digestiva alta: presença de
varizes esofagianas e de gastropatia hipertensiva; 4. Cintilografia hepática: redução
da captação hepática,
forma heterogênea, com
aumento da captação esplênica e
na medula óssea. 1 Quadro
laboratorial: Alterações
hematológicas, Pancitopenia (completa ou parcial); anemia, leucopenia e
trombocitopenia; Distúrbios da
coagulação: hipoprotrombinemia e queda dos fatores da
coagulação (V, VII, fibrinogênio).1 Alterações
bioquímicas: Hipoglicemia
predominante; Hipocolesterolemia; e Hiponatremia; Testes de função hepática alterados: Retenção
de bilirrubinas; Transaminases elevadas ; Fosfatase alcalina e gama-GT elevadas; Albumina reduzida. 1 Classificação
A gravidade do
comprometimento funcional é classificada, com finalidade prognóstica, em tabela
universalmente aceita, conhecida
como Classificação de Child-Turcotte-Pugh,
nela considerados cinco indicadores:1 ,2
De acordo com o
total de pontos obtidos, os prognósticos dividem-se:
O escore de Child-Pugh é calculado somando os pontos dos cinco fatores,
e vária de 5 a 15. As classes de Child-Pugh
são: A (escore de 5 a 6), B (7 a 9), ou C (acima de10). 1;2 Em geral, a “descompensação” indica cirrose com um escore de Child-Pugh > 7 (classe B de Child-Pugh)
e este nível é um critério aceito para inclusão no cadastro do transplante
hepático. Os indivíduos
situados na Classe A têm bom prognóstico de sobrevida, habitualmente acima de
cinco anos, enquanto os da Classe C têm mau
prognóstico, possivelmente menor que um ano.1;2 Sintomas
da encefalopatia hepática A encefalopatia
hepática, também denominada encefalopatia portos sistêmica obedece à seguinte
gradação: a. Subclínica: alteração em testes
psicométricos; 2 b. Estágio1: desatenção, irritabilidade,
alterações da personalidade, tremores periféricos e incoordenação
motora; c. Estágio 2: sonolência, redução da memória,
alterações do comportamento, tremores, fala arrastada, ataxia; d. Estágio 3: confusão, desorientação, amnésia,
sonolência, nistagmo, hiporreflexia
e rigidez muscular; e e. Estágio 4: coma, midríase
e postura de descerebração, arreflexia.
2 A pontuação leve
na Tabela de Child-Pugh inclui os Estágios Subclínico, 1 e 2, enquanto a
pontuação grave os Estágios 3 e 4. 1;2 Critérios de Enquadramento As hepatopatias
classificadas na Classe A de Child-Pugh não são
consideradas graves. As hepatopatias
classificadas na Classe B de Child-Pugh serão
consideradas como hepatopatia grave quando houver presença de ascite e/ou
encefalopatia de forma recidivante. As hepatopatias
classificadas na Classe C de Child-Pugh serão
enquadradas como hepatopatia grave. 2 Por outro lado, na presença de insuficiência hepática ou de extensa
circulação colateral (o sangue passa por fora do fígado), como a que se
desenvolve na cirrose hepática, a amônia se acumula no sangue em quantidades crescentes e impregna o cérebro. Quando o fígado
doente se torna incapaz de eliminar a amônia, o acúmulo dessa substância no
cérebro pode causar transtornos neurológicos e psíquicos, inclusive o estado de
coma ou morte. 3 Sabe-se que 70% dos pacientes com cirrose hepática desenvolvem estado de
confusão mental (encefalopatia hepática crônica). As funções intelectuais, de
personalidade e de consciência e as funções neuromusculares sofrem alterações e
limitações.3 Medicamentos
psiquiátricos na cirrose hepática: A maioria das
drogas psiquiátrias são metabolizadas
e destruídas no fígado, assim, na vigência da cirrose hepática, entrarão
na circulação em níveis muito mais elevados. Benzodiazepínicos (BZD) de longa
ação (diazepam, clordiazepóxido)
® altos níveis plasmáticos na cirrose. Os BZD de curta ação (lorazepam) são metabolizados normalmente, tendo-se a
preferência do seu uso neste caso. Antidepressivos tricíclicos (ADT) ® +
sedação, confusão e efeitos anticolinérgicos. Os inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS) inibidores do sistema
P-450, especialmente a paroxetina e a fluoxetina, não
são recomendados em cirróticos pois, neste caso,
aumentam o tempo de metabolização das drogas que usam a mesma via enzimática. A
carbamazepina, por sua toxicidade hepática deve ser evitada.4 Os fenômenos neuropsiquiátricos
encontrados nas hepatopatias são: demência, psicose e sinais deasterixis
movimentos anormais, especialmente das mãos) e parkisonismo (tremores mais
evidentes em movimentos finos e lentos). 5 A encefalopatia
hepática é uma piora na função cerebral que ocorre quando o fígado não consegue
mais remover as substâncias tóxicas no sangue. 6 Os sintomas
podem ser leves no início. Familiares ou cuidadores podem notar que o paciente
apresenta: Hálito bolorento ou doce ;Alterações no
sono ;Mudanças no raciocínio ;Leve confusão;Esquecimento;Confusão mental ;Mudanças
de humor e de personalidade ;Falta de concentração ;Baixa capacidade de
discernimento ;Piora na escrita ou perda de outros movimentos manuais. 6 Sintomas mais
graves incluem: Movimentos anormais ou tremores nas mãos ou braços;Agitação,
excitação ou convulsões (ocorrem raramente) ;Desorientação ;Sonolência ou
confusão ;Comportamento inadequado ou alterações graves de personalidade; Fala
arrastada ; Movimento lento ou arrastado 6 O
paciente com encefalopatia hepática pode tornar-se inconsciente e indiferente,
com grande possibilidade de entrar em coma. 7
Os sintomas não-função hepática podem ser severa ou invisível. Alguns dos
sinais e sintomas de doenças do fígado deficiência incluem depressão e perda da
libido.7 Sintomas
no cérebro e no sistema nervoso nas hepatopatias alcoólicas: Agitação (ficar inquieto,
excitado ou irritado);Alterações de humor ;Períodos de
diminuição da agilidade ou da atenção ;Alucinações ;Perda de memória recente ou
antiga ;Dor, dormência ou formigamento nos braços ou nas pernas ;Dificuldade de
prestar atenção ou concentração ;Capacidade de discernimento diminuída ;Movimentos
lentos e vagarosos: 8 Referências 1- http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1808-56872010000100008&script=sci_arttext 2- Cecil 3- ttp://drjcfonsecaeofigado.blogspot.com.br/2009/07/o-figado-doente-e-o-estado-de-confusao_27.html 4-
http://www.ccs.ufsc.br/psiquiatria/981-12.html 5-
Das SK, Ray K. (setembro 2006).
"Wilson's disease: an update". Nat Clin Pract Neurol 2 (9): 482–93. DOI:10.1038/ncpneuro0291. PMID 16932613. 6- http://www.minhavida.com.br/saude/temas/encefalopatia-hepatica 7- http://hepatite-saude.blogspot.com.br/2011/06/tudo-sobre-doencas-de-figado.html 8 http://www.minhavida.com.br/saude/temas/doenca-hepatica-alcoolica
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