Agosto de 2013 - Vol.18 - Nº 8 Editor: Walmor J. Piccinini - Fundador: Giovanni Torello |
Agosto de 2013 - Vol.18 - Nº 8 Artigo do mês
FARMACOGENÔNIMA: JANELA À MEDICINA PERSONALIZADA
Carlos Alberto Crespo de Souza ** “A educação
dos profissionais de saúde em farmacogenética como parte de seu currículo em
farmacologia, e a exposição de seu potencial para a população em geral, serão
indispensáveis para o sucesso da medicina personalizada”. Gurvitz e Rehavi, 2005. 1 1.
Introdução. Como visto em artigos anteriores,
ainda existem dificuldades na prescrição de antidepressivos em razão de seus
paraefeitos e resposta inadequada ao tratamento inicial, sendo que cerca de
seis semanas podem ser necessárias para caracterizar que um determinado
medicamento não é efetivo para um caso específico. De acordo com Meira Lima e cols., em
razão desses fatos bem conhecidos pelos psiquiatras, pesquisadores têm buscado
identificar preditores clínicos eficientes para uma boa resposta ao fármaco
escolhido, o que poderia evitar a exposição do paciente a um longo período de
terapia baseado na tentativa e erro, bem como reduziria a chance de reações adversas.
2 Cabe recordar que, nesse processo, muitos
pacientes não toleram aguardar algum benefício depois de prescrições
ineficazes, abandonando o tratamento. Segundo os mesmos autores,
evidências oriundas de observações em famílias com múltiplos portadores de
depressão apontam que fatores genéticos exercem relevante papel na resposta aos
medicamentos antidepressivos ou na intensidade de seus efeitos adversos. Nesse
caminho, a farmacogenética surgiu como uma nova ferramenta diagnóstica que se
propõe a buscar informações genéticas para subsidiar e guiar decisões da
farmacoterapia e, com isso, melhorar o desfecho clínico com decisões
personalizadas. Ibid Os estudos que buscam determinantes
genéticos para uma boa ou má resposta ao tratamento farmacológico incluem a
verificação de diferenças interindividuais nos mecanismos farmacocinéticos –
estudos focalizados em variantes gênicas das enzimas metabolizadoras das drogas
– e farmacodinâmicos – estudos que focalizam variantes funcionais dos genes que
codificam os sítios envolvidos no mecanismo de ação das drogas. Ibid De acordo com Gurwitz e Rehavi por
cinquenta anos a farmacogenética vinha estudando as bases genéticas para a
variabilidade na resposta a drogas entre pacientes individuais, tanto no que
diz respeito à toxicidade como à sua eficácia. Entretanto, somente depois que o
Projeto do Genoma Humano foi completado há sete anos e o desenvolvimento de
tecnologias possibilitou uma identificação dos alelos polimórficos usando “chips”
de DNA, a farmacogenética conseguiu rapidamente introduzir a medicina
personalizada. 1 Para Ehret,
com a conclusão do Projeto do Genoma Humano foram conduzidos estudos
investigando a associação entre a correspondência dos antidepressivos e
polimorfismos selecionados. Os estudos foram completados pela investigação dos
polimorfismos no sistema monoaminérgico, incluindo os genes transportadores de
serotonina, o 1A, 2A e seis genes receptores, os genes G-proteínas-ligantes
(G-protein-coupled), o gene triptofano hidroxilase 1,
o gene monoamino oxidase, os genes dos receptores de dopamina e os genes
noradrenérgicos. 3 Segundo Lynch e Price,
as enzimas do Citocromo P450 são essenciais para o metabolismo de muitos
fármacos. Embora esta classe possua mais de cinquenta enzimas, sete delas
metabolizam 90% das drogas, sendo duas as mais significantes: CYP3A4 e CYP2D6. A
variabilidade genética (polimorfismo) nessas enzimas pode influenciar a
resposta dos pacientes à prescrição comum de certas classes de fármacos,
incluindo betabloqueadores e antidepressivos. 4 Esses autores mostram que as enzimas
do Citocromo P450 podem ser inibidas ou induzidas por determinados fármacos,
resultando numa significativa interação clínica droga-droga que pode causar
reações adversas antecipadas ou falhas terapêuticas. Interações entre warfarina,
antidepressivos, drogas antiepilépticas e estatinas muitas vezes envolvem as
enzimas do Citocromo P450. O conhecimento das mais importantes drogas
metabolizadas pelas enzimas do Citocromo P450, assim como as mais potentes
inibidoras ou indutoras, pode ajudar para minimizar a possibilidade de reações
adversas e interações. Ibid Há visível
otimismo, entre os autores, sobre o novo campo recém descoberto da medicina
genética. Manolopoulos, da Democritus
University of Thrace, Alexandroupolis,
Grécia, afirma: “A farmacogenética e a
farmacogenômica lidam com as variações genéticas determinadas nas quais os
indivíduos respondem às drogas. Elas detêm o potencial para revolucionar a terapia com drogas”. 5
Brockmöller e Tzvetkov, do
Departamento de Farmacologia Clínica da Universidade de Göttingen,
Alemanha, enfatizam “A variação no genoma
humano é a causa mais importante na resposta variável às drogas e outros
xenobióticos. A susceptibilidade para a maioria das doenças é determinada, em alguma extensão, pela
variação genética ”. 6 O presente artigo procura contemplar, de
forma sumária, esses conhecimentos recentemente adquiridos sobre a farmacogenômica,
uma nova luz a clarear nosso entendimento sobre a metabolização de diversos
fármacos, entre os quais os antidepressivos. 2.
Considerações
iniciais. Farmacogenômica é o estudo da relação
entre a variabilidade interindividual de um gene candidato e a influência dessa
variação na distribuição das drogas e de seus efeitos. O campo da farmacogenômica começou com
um foco no metabolismo das drogas, porém tem se
estendido atualmente para abarcar o amplo espectro da distribuição das drogas,
incluindo receptores e uma crescente lista de transportadores que influenciam a
absorção, distribuição e excreção das drogas, assim como de outros alvos
celulares que podem modular a resposta das drogas. As variações inerentes na resposta às
drogas são comuns e alguns testes que incorporaram a farmacogenômica dentro da
prática clínica estão agora disponíveis. Isto significa que os médicos poderão
usar esses testes para promover uma terapia individualizada. Entretanto, o fenótipo droga-resposta é
uma complexa peculiaridade poligênica também influenciada por outros fatores.
As combinações de fatores genéticos, ambientais, fisiológicos e estados
doentios afetam a distribuição das drogas, com relativa contribuição de cada um
desses fatores na dependência de uma determinada droga/paciente. Para as principais classes de drogas uma
substancial proporção de pacientes não responde adequadamente ou podem
experimentar reações adversas às drogas em resposta a doses recomendadas. Algumas dessas classes principais de
drogas incluem inibidores da enzima conversora de angiotensina (ACE), betabloqueadores,
inibidores seletivos de recaptura de serotonina, antidepressivos tricíclicos,
inibidores da HMG-Coa redutase ou estatinas e agonistas do receptor beta. À compreensão, um pequeno glossário
cabe especificar conforme o Laboratório de Genética do Instituto de Psiquiatria
da Universidade Federal da São Paulo (Ipq): 7
Fármaco: deriva do
termo grego phármakon, que tanto pode
significar veneno como remédio. Na terminologia farmacêutica, fármaco designa
uma substância química conhecida e de estrutura química definida dotada de
propriedade farmacológica. De acordo com esta definição, fármaco designa
qualquer droga que seja utilizada com fim medicinal. Metabolismo: (do grego metabolismos,
que significa “mudança”, troca) é o conjunto de transformações que as
substâncias químicas sofrem no interior dos organismos vivos. Metabolismo das
drogas:
refere-se ao processo metabólico das drogas, sua modificação bioquímica ou
degradação, geralmente através de sistemas enzimáticos especializados. O
metabolismo das drogas geralmente converte compostos químicos lipofílicos em
produtos mais prontamente excretados. Sua taxa é um determinante importante da
duração e intensidade da ação farmacológica das drogas. Esclarecer o que
seja toxicidade e xenobióticos parece-me ser importante para o entendimento
dessa nova frente que nos cabe assimilar. Portanto, aí vai: todos os
medicamentos, para poderem entrar no organismo, têm de sofrer uma bateria de
testes, entre os quais a avaliação de toxicidade (“toxicity assessement”). Esta
consiste na determinação do potencial de uma dada substância atuar como tóxico,
as condições em que esse potencial se evidencia e a caracterização dessa ação.
A avaliação de risco (“risk assessement”), por outro lado, é uma avaliação quantitativa
da probabilidade de ocorrerem efeitos negativos no organismo vivo sob
determinadas condições. 8 Todo o processo
de avaliação da toxicidade é complexo e inicia-se em estudos “in vivo” que
permitem identificar órgãos alvo e estabelecer os mecanismos de toxicidade. Há
também testes “in vitro” de avaliação da toxicidade. Ibid Exemplos de
sistemas usados como modelos “in vitro” para estudo da toxicidade: ·
Órgãos
isolados ·
Tecidos
isolados ·
Células
isoladas ·
Constituintes
ou frações subcelulares Depois da
absorção de um xenobiótico (substância estranha ao organismo), ele vai se
distribuir pelo organismo e não só exerce a sua ação como também é alvo dos
mecanismos de metabolização. Estes podem destoxificá-lo, mas, também, podem
bioativá-lo, tornando-o mais tóxico. O objetivo desses mecanismos é tornar o
composto mais polar e, portanto, mais fácil de eliminar. É no fígado,
rins, intestino, pulmões e outros órgãos onde ocorre esta biotransformação, que
está dividida em três fases: ·
Fase
I: alteração da forma original da molécula, como adição de um grupo funcional
que possibilita a reação da fase II. ·
Fase
II: conjugação com ácido glucônico, sulfatos, grupos acetil, metil, glutationa
e aminoácidos. Acontece um aumento da hidrofilia. ·
Fase
III: simplificação molecular que tem alguma toxicidade associada. Ibid Um dos principais sistemas enzimáticos
do organismo que atua sobre xenobióticos é o sistema citocromo P450, também
chamado de sistema CYP450 ou sistema P450. Localiza-se
no retículo endoplasmático liso, mitocôndrias e outras membranas. Está
intimamente ligado a outro componente vital do sistema: NADPH citocromo P450 redutase.
Ibid
O nome citocromo P450 é derivado do fato
de que estas são proteínas celulares (‘cyto’)
coloridas (‘cromo’), com um “pigmento de 450nm”, assim chamada pela
característica “pico Soret” formada pela absorção da
luz de comprimento de ondas próximo a 450 nm quando o
ferro hemo é reduzido (frequentemente com ditionito de sódio) e complexado em
monóxido de carbono. 9 Segundo Nelson e cols., Apud Brosen e Rasmussen, é acreditado
que há 3,5 bilhão de anos haveria apenas um gene P450. O gene ancestral teria
sofrido multiplicações e subsequentes mutações no curso da evolução até
alcançar, nos dias atuais, uma superfamília de genes. 10 O citocromo P450 é constituído por 40
isoenzimas cuja expressão genética está em 27 famílias de genes. A nomenclatura
destas isoenzimas inclui a família, subfamília e o gene. Por exemplo, CYP
3C3 CYP=Família 3=Subfamília C3=Gene A indução ou inibição destas enzimas,
também chamadas de microssomiais, podem originar fenômenos de toxicidade
aumentada ou atividade diminuída. A alteração dos níveis de citocromo 450 é
influenciada por: ·
Medicamentos ·
Alimentação ·
Hábitos
sociais (ex: álcool, tabaco) ·
Estados
de saúde (ex: diabetes, hipertiroidismo) Os xenobióticos sofrem biotransformação
por ação do citocromo P450 e são ativados em compostos altamente reativos que
podem interagir com macromoléculas, como o DNA, causando mutações, as quais são
capazes de evoluir ao surgimento de até células cancerígenas. 11 A indução do
citocromo P450 é menos importante que a inibição, pois esta
origina um aumento rápido dos níveis sanguíneos da droga, exacerbando seus
efeitos tóxicos, podendo chegar até a dose excessiva. Em contraste, a indução
do citocromo P450 diminui os níveis sanguíneos, o que compromete a eficácia
terapêutica. 8 É estimada que a genética pudesse ser a razão de 20 a 95% da variabilidade na
biodisponibilidade da droga e em seus efeitos. O fármaco, uma vez administrado,
é absorvido e distribuído até o seu sítio de ação, onde interage com enzimas ou
receptores sendo metabolizado e depois excretado. Cada um desses processos pode
envolver variações genéticas clinicamente significativas, tendo a capacidade de
influenciar uma resposta terapêutica. 7 Nos últimos anos, a família das
enzimas metabolizadoras do citocromo P450 (CYP450) tem sido o foco da maioria
das pesquisas farmacogenéticas. As enzimas CYP450 são conhecidas por controlar
o metabolismo e distribuição de muitos medicamentos, dentre eles diversos
psicofármacos. Nos seres humanos as enzimas
codificadas pelos genes da família CYP450 são encontradas principalmente no
fígado, onde são responsáveis pelo metabolismo de drogas, toxinas e outras substâncias.
Estas enzimas modificam esses compostos de forma a aumentar a sua solubilidade
e facilitar a sua excreção. Alguns medicamentos precisam ser metabolizados
pelas CYPs para, só então, tornarem-se efetivos.
Estes processos afetam (facilitando ou dificultando) os níveis sanguíneos dos
fármacos. Ibid As enzimas CYP2D6 e CYP2C19 têm um
papel reconhecido no metabolismo das drogas antidepressivas. Todos os genes que
codificam as enzimas da família P450 são polimórficos e podem apresentar
modificações em um único nucleotídeo, pequenas deleções ou inserções, e ainda,
no caso do CYP2D6, deleção, duplicação ou multiplicações de todo o gene. Ibid Para o gene CYP2D6 foram descritas
mais de 90 variações alélicas até o momento e aproximadamente 20 desses alelos
têm alguma influência no metabolismo de fármacos. Os alelos diferem na
frequência da sua distribuição em diferentes grupos étnicos. Para o gene
CYP2C19 foram identificadas cerca de 20 variações alélicas, porém apenas quatro
possuem repercussão funcional identificada até o momento, sendo que o alelo
CYP2C19*17 foi descrito recentemente e seus portadores apresentam um fenótipo
rápido. Resultados de pesquisas, segundo Rau e cols., sugerem fortemente que o genótipo CYP2D6 está
associado com a ocorrência de efeitos adversos e ausência de resposta clínica
em pacientes tratados com antidepressivos CYP2D6-dependentes. 12 De
acordo com Laika e cols., a genotipagem prévia ao
tratamento permitirá que os pacientes considerados como metabolizadores
intermediários, pobres e ultrarrápidos sejam beneficiados por esse
peneiramento, reduzindo ou impedindo os paraefeitos e/ou promovendo respostas
clínicas positivas. 13 Ingelman-Sundberg,
a sua vez, afirma que a genotipagem preditiva da CYP2D6 beneficiará em torno de
30 a 40 % das drogas substrato dependentes desse genótipo, as quais
representam, aproximadamente, 7 a 10% de todas as drogas clinicamente usadas. 14
Mulder e cols. confirmam, em seu estudo, que o genótipo CYP2D6 contribui de
forma relevante para a variabilidade na concentração plasmática de
antidepressivos. 15 Os testes farmacogenéticos vêm sendo
realizados em estudos com determinados antidepressivos, mostrando ou não sua
interação com substratos da CYPD26. Eles permitem identificar pacientes com
baixo risco de para-efeitos e possibilitar o uso de prescrições
individualizadas, reduzindo o custo do tratamento. 16,17 Alguns
estudos também já utilizam avaliações farmacogenéticas em necropsias
médico-legais, demonstrando o papel dominante dos genes no metabolismo das
drogas. 18 3.
Os fenótipos da
CYP2D6. Segundo dados do Laboratório de
Neurociências do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo, dependendo dos alelos herdados para a enzima CYP2D6,
em geral, podem ser identificados quatro fenótipos. O tipo mais frequente (63%
da população) é o METABOLIZADOR NORMAL, ou “metabolizador extensivo”, os quais
possuem dois alelos normais. Para estas pessoas é que são determinadas e
recomendadas as doses médias a serem usadas de cada medicamento. Assim prescritas, essas doses farão o efeito esperado em seu
organismo. O segundo tipo (12% da população) é
o METABOLIZADOR INTERMEDIÁRIO, que apresenta variações das CYPs
que metabolizam os medicamentos mais lentamente que os normais; eles são
heterozigotos para um alelo deficiente ou carregam dois alelos que causam
redução da atividade da enzima. Nestes casos, doses médias dos medicamentos
poderão fazer seu efeito terapêutico. Todavia com o tempo, por ser eliminado
mais lentamente, o medicamento se acumula no corpo e poderá causar efeitos
colaterais. Nesses casos, pode-se fazer o controle das concentrações dos
medicamentos no sangue (monitorização) para evitarmos os efeitos indesejáveis. O terceiro tipo (17% da população) é
o METABOLIZADOR LENTO, ou metabolizador
pobre, nos quais há deficiência
funcional da enzima. Nestas pessoas, a inativação e eliminação do medicamento
são tão lentas que ele se acumula em seu organismo em concentrações muito acima
das desejáveis. Estas pessoas são extremamente sensíveis e apresentam sérios
efeitos colaterais e principalmente efeitos tóxicos, mesmo com o uso de doses
baixas ou médias dos medicamentos. Nestes casos, a monitorização do medicamento
permite um ajuste para doses mais baixas, aproveitando ao máximo os efeitos
terapêuticos, mas evitando-se os efeitos tóxicos e colaterais. 7 Além dos fatores genéticos, a
atividade da CYP2D6 também pode ser influenciada pelo uso de drogas inibidoras.
Então, um indivíduo com 1 alelo nulo (CYP2D6 *3,*4,
*5, *6 ou *11) e fazendo uso de um inibidor potente (como por exemplo,
paroxetina, fluoxetina, bupropiona, quinidina, etc.), pode se comportar como um
metabolizador pobre. O quarto tipo (8% da população) é o
METABOLIZADOR ULTRARRÁPIDO, que possui múltiplas cópias do gene. Nestas
pessoas, o medicamento é inativado e eliminado tão rapidamente que, em doses
normais, praticamente não tem tempo de exercer o seu efeito terapêutico
completo. São aquelas pessoas que contam ao médico que “o remédio é como água,
não tem nem efeito terapêutico e nem efeitos colaterais”. Nesta categoria
incluem-se muitos pacientes que não melhoram com nenhum medicamento em doses
convencionais. Eles eram chamados de resistentes
à terapia. “Hoje sabemos que muitos desses resistentes são, na verdade, metabolizadores ultrarrápidos. Nestes
casos, orientados pela monitorização do medicamento no sangue, podemos aumentar
gradativamente a dose, atingindo ou mesmo ultrapassando a dose máxima
recomendada para metabolizadores normais. O ajuste da dose tem transformado muitos desses pacientes resistentes
em bons respondedores ao
tratamento personalizado”. 7 Virtualmente todos os medicamentos
usados para tratar a depressão são metabolizados por duas enzimas no fígado:
CYP2D6 e CYP2C19. Em acréscimo, a resposta para um grupo de fármacos
antidepressivos comumente prescritos - os inibidores seletivos de recaptura de
serotonina (ISRS) - é afetada pelo transportador de serotonina 5HTT, ou nos
caminhos da CYP1A2 ou NAT2. 19 Population Frequency of
Cytochrome P450 (CYP) Metabolizer Types
4.
Os fenótipos da
CYP2C19. Para a enzima CYP2C19 são conhecidos
três fenótipos principais: METABOLIZADOR NORMAL, os quais possuem dois alelos
normais e correspondem a aproximadamente 60% da população. O segundo tipo é o
METABOLIZADOR LENTO, nos quais há deficiência funcional da enzima e corresponde
a aproximadamente 16% da população. O último tipo, o METABOLIZADOR RÁPIDO,
apresenta atividade aumentada da enzima e corresponde a cerca de 20% da
população estudada em São Paulo. 7 5. Medicamentos
metabolizados pelas CYP2D6 e CYP2C19. A enzima codificada pelo gene CYP2D6
desempenha papel fundamental no metabolismo de muitos medicamentos usados na
Depressão maior, Esquizofrenia, Transtorno bipolar, doenças cardiovasculares,
controle da dor, controle hormonal de reincidência de câncer de mama, entre
outros. Os antidepressivos metabolizados por essa enzima são os seguintes: Imipramina
Amitriptilina Clomipramina Desipramina Nortriptilina
Trimipramina Maprotilina Fluoxetina Paroxetina Fluvoxamina Trazodona Venlafaxina A enzima codificada pelo gene
CYP2C19 metaboliza muitos fármacos benzodiazepínicos, antiepilépticos,
inibidores de bomba de prótons (usados no tratamento de úlceras e esofagites),
antidepressivos tricíclicos, quimioterápicos, entre outros. Os antidepressivos
metabolizados por essa enzima são os seguintes: Imipramina Amitriptilina Clomipramina Desipramina Trimipramina
Doxepina Moclobemida Fluoxetina Sertralina
Citalopram Escitalopram Além desses fatores, a atividade da
CYP2D6 e da CYP2C19 também pode ser influenciada pelo uso de drogas inibidoras
ou indutoras como visto anteriormente. 6.
Os exames de
genotipagem. De acordo com de Leon e cols., a
farmacogenética chegou à clínica psiquiátrica com a aprovação pelo FDA do Teste
AmpliChip CYP450 para os genótipos de dois genes do
citocromo P450 2D6 (CYP2D6) e 2C19 (CYP2C19). 20 O interesse nas
reações adversas, a revolução na genética e a farmacogenética convergiram para
a introdução dessa ferramenta, a qual é antecipadamente a primeira de uma nova
onda de tais procedimentos para os próximos 5-10 anos. 21 Segundo Ojopi,
Coordenadora de Genética do Laboratório de Neurociências do Instituto de
Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, os exames de
genotipagem já estão sendo realizados nessa instituição. 7
De acordo com descrição feita, são
investigados aqueles alelos com repercussão funcional mais importante e aqueles
mais prevalentes na população, segundo estudo prévio realizado nesse
laboratório. Abaixo, o método e os exemplos de
resultados: 6.1– Método: O DNA extraído de uma mostra de sangue periférico é
submetido à amplificação por PCR com iniciadores dirigidos às sequências- alvo dos
genes CYP2D6 e CYP2C19. As variantes alélicas são investigadas por
discriminação alélica usando ensaios TaqMan
(Applied Biosystems). O
número de cópias do gene CYP2D6 é determinado por PCR em tempo real e comparado
a um gene referência. A sensibilidade da determinação do número de cópias é
99%. 6.2 – Exemplos: A – Gene: CYP2D6 (cytochrome P450, family 2, subfamily D, polypeptide 6) Alelos investigados: *1,*2,*3,*4,
*5, *6, *9, *10, *15, *17, *34, *35, *39, *40 e *41 Genótipo: CYP2D6*1/CYP2D6*2 Fenótipo predito: Metabolizador
ultrarrápido Deleção do gene (CYP2D6*5): Negativo Duplicação do gene: Positivo B- Gene: CYP2C19
(cytochrome P450, family 2, subfamily C, polypeptide 19) Alelos
investigados: *1, *2, *3 e *17 Genótipo: CYP2C19*1/CYP2C19*1 Fenótipo predito: Metabolizador
normal 7.
Comentários. Depois que o Projeto do Genoma Humano
foi completado há sete anos e o desenvolvimento de tecnologias possibilitou uma
identificação dos alelos polimórficos usando “chips” de DNA, a farmacogenética
granjeou expectativas e esperanças no mundo científico, especialmente entre os
médicos preocupados com determinados medicamentos capazes de produzir efeitos
positivos em algumas pessoas, nulos em algumas e em outras paraefeitos
desagradáveis. De igual maneira, sempre houve uma
preocupação com a interação entre as drogas por parte da indústria farmacêutica
e agências reguladoras. Uma melhor compreensão sobre esse tema ocorreu em 1997
e aperfeiçoada em 1999 pela US Food and Drug
Administration´s ( Administração de Alimentos e Drogas dos Estados Unidos)
quando publicou guias de interações entre as drogas. Estas guias, referenciadas
no Capítulo 1, pela primeira vez mostraram as interações in vitro e in vivo que possibilitaram
que pesquisadores e clínicos tivessem um maior esclarecimento sobre suas ações
conjugadas. Segundo Shiew-Mei
e cols., a predição de interações significativas entre as drogas na clínica
sempre se constituíram num desafio e que esse desafio foi enfrentado por
primeiro nessas guias, possibilitando que um maior conhecimento e progresso
fossem adquiridos em seu manejo. 22 Entretanto, de acordo com esses autores,
muito faltava conhecer e a FDA seguiu realizando esforços no sentido de avaliar
metodologias para o estudo das interações entre as drogas e produzir
recomendações sobre seu emprego, particularmente em relação àquelas baseadas na
CYP e no transporte de proteínas. Como resultado, essa instituição publicou na
Web, em 2004, um estudo orientativo aos especialistas e à indústria
farmacêutica. Este estudo proporciona uma visão ampla
da evolução das guias das interações, incluindo uma sinopse dos passos tomados
pela FDA para revisar os documentos de interações originais, sumarizar e
clarificar as seções atualizadas, tais como Estudos das interações entre as
drogas, Estudos dos desenhos, Análises dos dados e Implicações sobre doses e
indicações. Ibid Em virtude da extensão desse estudo referenciamos
aqui tão somente o site na Web onde poderá ser acessado em sua íntegra: http://www.fda.gov/cder/drug/drugInteractions/default.htm Além dessa publicação, igualmente recente
foi a validação concedida pela FDA para o primeiro teste farmacogenético, o AmpliChip CYP450, fato ocorrido em janeiro de 2005. 23
O teste, um importante avanço na testagem genética, que utiliza tecnologia chamada
de DNA microarray, ou chamado também
como DNA chip ou GeneChip, permitiu
o acesso a dois genes polimórficos (CYP2D6 e CYP2C19), responsáveis, segundo
pesquisas já realizadas, pela metabolização de um amplo número de fármacos,
incluindo a maior parte dos
antidepressivos utilizados na atualidade. 23,24 Mais recente é a informação de que a
FDA, em fevereiro de 2009, anunciou que está criando uma nova posição para
coordenar as atividades genômicas no que diz respeito às tecnologias que
analisam a expressão de milhares de genes. 25 Essa informação está a
demonstrar a fragilidade ainda reinante neste terreno, exigindo regulamentações
e ajustes no emprego de testes relativos à farmacogenética de inúmeros
medicamentos de aplicação clínica. Por isso, o emprego desses testes em uso
generalizado e sua devida assimilação por parte dos clínicos em suas
prescrições estão estimados para os anos entre 2015 e 2020. 20 Portanto, fácil é depreender que ainda
existam muitas dúvidas e necessários esclarecimentos sobre avanços tão
recentes. Ainda há limitado conhecimento sobre a farmacogenética e os custos
operacionais para que os laboratórios realizem os testes são elevados. A
medicina incorpora conhecimentos de forma lenta, as pesquisas necessitam ser
como que digeridas durante alguns anos para que se consagrem como úteis em
benefício da totalidade dos pacientes. A maior parte dos clínicos no mundo
ocidental desconhece ou pouco conhecimento tem a respeito dessas descobertas,
fazendo com que um número expressivo de autores aponte esses fatores como
determinantes na demora em sua implantação. 4,14,15. De acordo com Swen
e cols., a despeito do entusiasmo inicial, o uso da farmacogenética tem se
limitado a investigação em somente poucos campos clínicos, tais como oncologia
e psiquiatria. A principal razão, no entendimento desses autores, reside no
fato de que para a maior parte dos testes (como os testes para as variantes
genéticas das enzimas do citocromo P450) um detalhado conhecimento de
farmacologia é um pré-requisito para aplicação na prática clínica, e tanto
médicos como farmacêuticos encontram dificuldades para interpretar o valor
clínico de seus resultados farmacogenéticos. 26 Kirchheiner e cols., ao afirmar
que até o presente momento a aplicação dos testes farmacogenéticos na Alemanha
é pouco expressiva no sentido de promover e individualizar a terapia com fármacos, mencionam que a principal razão disso decorra,
provavelmente, da impossibilidade de que as pesquisas farmacogenéticas traduzam
seus resultados em conclusões e recomendações terapêuticas úteis .27
Tentativas nesse sentido já aparecem na
literatura técnica, reconhecendo que a incorporação de testes farmacogenômicos
rotineiros na prática clínica tem sido modesta. Por isso, Court,
do Departamento de Farmacologia e Terapêuticas Experimentais da Universidade de
Tufts, Boston, num artigo, se propôs a revisar e
prover os farmacologistas clínicos com os elementos essenciais dos princípios e
dos mecanismos moleculares subjacentes à farmacogenômica, incluindo os métodos
usados para descobrir novos biomarcadores e sua aplicação na prática clínica. 28 Embora as ressalvas, perfeitamente
compreensivas considerando até a pressa em sua utilização, expressivo número de
autores demonstra entusiasmo em relação às descobertas
da farmacogenética, notadamente depois de sua aprovação por parte da FDA. Dizem
Shin e cols., “As
descobertas poderão promover segurança e uso efetivo das medicações através de
uma predição mais acurada na resposta individual às drogas”. 29 Seeringer e Kirchheiner ampliam essas palavras ao dizer: “Especialmente para as drogas com estreito
índice terapêutico e alto risco para o desenvolvimento de efeitos adversos, a
genotipagem poderá ser muito útil quando da escolha de uma dose adequada e
ótima da droga para pacientes individuais”. 30 Por sua
vez, os suecos Sjöqvist e Eliasson,
do Instituto Karolinska, se manifestam a respeito: “Esta combinação de métodos é particularmente
útil na verificação das reações adversas das drogas concentração-dependentes
devidas ao metabolismo pobre e para diagnosticar as razões farmacocinéticas na
falha das drogas (metabolizadores ultrarrápidos)”. 31 Zhou e cols. ressaltam
que a farmacogenética possui potencial para obter uma melhor qualidade no uso
de medicamentos e melhorar a eficácia e a segurança tanto na prospecção como no
licenciamento de fármacos. 32 Kirchheiner
e Seeringer acreditam que o ajustamento das doses
baseado na farmacogenética constitui-se numa ferramenta para individualizar o
tratamento de fármacos de acordo com fatores genéticos, e que isso poderá ser
derivado de dados farmacocinéticos com o objetivo de obter igual concentração
de drogas para cada indivíduo. 33
Quanto ao futuro da farmacogenética do
citocromo P450, Ingelman-Sundberg pensa que a
genotipagem poderá ser utilizada para personalizar o tratamento de fármacos num
vasto número, diminuindo seu custo e aumentar a eficácia das drogas e a saúde
em geral. Estima esse autor que o tratamento personalizado baseado na
genotipagem poderá ser relevante para 10 a 20% de todos os fármacos empregados
na clínica médica. 34 Para Ising e cols.,
as futuras pesquisas poderão definir melhor como as variações genéticas e
fatores ambientais contribuem às decisões a serem tomadas no tratamento das
depressões. 35 Segundo o pensamento de
de Leon, um estudioso da farmacogenômica, o
futuro da ‘prescrição personalizada’ requer consideração aos testes
farmacogenéticos e às variáveis ambientais e pessoais que influenciam as
respostas farmacocinéticas e farmacodinâmicas das drogas para cada pessoa em
seu uso individualizado. 36 Este mesmo autor, utilizando a
tecnologia do teste AmpliChip CYP450 para os genótipos
CYP2D6 e CYP2C19 em recente publicação, propõe um sistema numérico para a
expressão das atividades das enzimas dessas CYPs para
auxiliar os clínicos na determinação das estratégias para seus pacientes
recebendo produtos terapêuticos que são metabolizados por esses genótipos. Ibid Nos Estados Unidos, de acordo com
publicações recentes, testes genéticos já se encontram disponíveis aos médicos
que os solicitarem a seus pacientes ou aos interessados em pesquisas. Como
exemplo, os seguintes testes farmacogenéticos podem ser realizados (quanto aos
genótipos do Citocromo P450): 2D6, 2C19, 2C9, 1A2, N-Acetiltransferase 2 (NAT2) e 2C9 e VKORC1 Warfarin. 37,38 Os testes oferecidos são capazes de
ajudar os clínicos a predizer respostas aos fármacos a serem empregados em
muitas situações, tais como em tratamentos para depressão, ansiedade,
epilepsia, psicoses, pressão arterial, anticoagulantes e outras medicações na
área cardiológica, agentes antidiabéticos e inúmeros antálgicos. De acordo com Gelernter,
desde 2004 foi formada na Escola de Medicina de Yale a Divisão de Genética
Humana tendo em vista os progressos nesse campo que abre novas possibilidades
no entendimento dos mecanismos da saúde humana e das doenças. Os pesquisadores nesta divisão estudam o campo
da genética num amplo espectro de aspectos psiquiátricos, com maior
concentração na pesquisa de dependência de substâncias – genética da
dependência de álcool, opioide, cocaína, tabaco e traços relacionados. Outros
projetos envolvem a genética da ansiedade, transtornos afetivos e esquizofrenia.
39 Manolopoulos, refletindo
igualmente quanto ao futuro, acredita que os principais passos para a implantação
clínica da farmacogenômica incluem: a)
educação de clínicos e
de todas as partes envolvidas no uso e no benefício da farmacogenômica; b)
execução de uma ampla
prospectiva clínica e estudos farmacogenômicos mostrando os benefícios da
genotipagem; c)
provisão de incentivos
para o desenvolvimentos de testes; d)
desenvolvimento de guias
clínicas específicas; e e)
criação de uma estrutura
regulatória sólida e ética. Além disso, o autor preconiza que o
potencial existente poderá ser explorado através da instalação de laboratórios
de monitorização de drogas introduzindo os testes em hospitais. Aponta, também,
que em sua visão a farmacogenômica já é uma realidade na prática clínica e é seguro
que seguirá ganhando aceitação pelos clínicos nos próximos anos. 5 8.
Conclusão. No Congresso Brasileiro de Psiquiatria,
realizado em Brasília, em 2008, professores de duas universidades
brasileiras em atividade científica discutiram o tema da farmacogenômica. Em
termos históricos é importante este registro, pois ali eles falaram que a eficácia
de determinados fármacos depende, em boa parte, da variação dos genes que
codificam as proteínas-alvo ou as enzimas metabolizadoras. Afirmaram que muitas doenças podem
resultar da alteração de uma rede de genes em diferentes vias e que a farmacogenômica
poderia identificar quais genes estariam envolvidos na determinação da resposta
a determinada droga, facilitando a escolha da medicação adequada e sua melhor
dose individualizada para cada pessoa. Enfatizaram, também, que, provavelmente,
a seleção de drogas terapêuticas, realizada apenas pelos critérios de
experiência do profissional e seu conhecimento da substância ativa, deverá ser
adicionada de uma série de exames de seleção dos pacientes, para os quais uma
determinada droga seria sabidamente eficaz.
Falaram, também, que “em breve (...) o serviço já está disponível
em alguns laboratórios americanos (...) haverá a possibilidade de se mandarem
amostras genéticas de pacientes e se receber um estudo de vias de metabolização
(principalmente as da via do citocromo P450), para que se escolha qual a
substância mais indicada para cada um deles”. 40 O que foi dito por esses palestrantes em
2008, como algo talvez ainda distante de nossos horizontes técnicos e
científicos para usar e exercitar tais avanços em benefícios de nossos
pacientes, um ano depois, em 2009, o laboratório do Instituto de Psiquiatria da
Universidade Federal de São Paulo (Ipq) já mostrou e divulgou
que possui a capacidade de realizar alguns desses exames. Embora capacitado à realização dos
testes de genotipagem em escala ainda reduzida e somente para quem possui
recursos financeiros, pois seu custo é elevado, o IPQ
descortina um avanço extraordinário em nosso país, igualando-se a outros
centros científicos de ponta que há poucos anos iniciaram as pesquisas nesse
campo. Resta-nos aguardar mais um tempo para
que esses testes genéticos se ampliem de uma maneira geral, de maneira que a
maior parte de nossos pacientes seja beneficiada por eles. Naturalmente, também
nós médicos haveremos de ter maior segurança por ocasião da prescrição de
fármacos, favorecendo a relação médico-paciente e promovendo uma melhor adesão
aos tratamentos instituídos. Outro fato a merecer distinção é que a
psiquiatria – muitas vezes relegada a um segundo plano entre as especialidades
médicas – está ombreando, juntamente com a oncologia, nas pesquisas e na
implantação de testagens farmacogenéticas como foi descrito no presente texto. Porém, embora se possa mostrar contentamento
com o fato, não podemos esquecer que os antidepressivos são usados juntamente
com inúmeros outros fármacos prescritos por colegas de outras especialidades, o
que torna muitas vezes complexa a interação farmacológica entre eles. Para Allevato, “A aplicação do conhecimento genético à medicina em geral traz diversas
perspectivas auspiciosas: a possibilidade de identificação de fatores de risco
genéticos e de intervenções preventivas, com a possibilidade há poucos anos inimaginável de reabilitação e cura das doenças mentais
(...). A essas possibilidades, somam-se outras como a escolha de drogas mais
seguras e toleráveis para cada paciente,
e também a identificação das drogas mais
eficazes em cada situação específica”. 41 Antes dos estudos sobre a
farmacogenômica pensávamos que sabíamos alguma coisa sobre a interação das
drogas. Agora, sabemos mais e, no entanto, mesmo com esses novos conhecimentos,
ainda nos falta muito a conhecer. Assim é a ciência médica
sobre o ser humano, seus limites inesgotáveis e perene fonte de novos
horizontes e desafios. 9.
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em sua íntegra, poderá ser encontrado no livro “O Uso de Antidepressivos na Clínica Médica” em seu capítulo 3.
Porto Alegre: Sulina, 2011,404 p. Coordenado por
Crespo de Souza CA. ** Doutor em Psiquiatria pela UFRJ. Endereço p/correspondência: [email protected]
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