Volume 14 - 2009
Editores: Giovanni Torello e Walmor J. Piccinini

 

Julho de 2009 - Vol.14 - Nº 7

História da Psiquiatria

CAROL SONENREICH (1923)

Walmor J. Piccinini

        Walmor J. Piccinini

 

 

   

 

 

 Psiquiatria online pesquisa a história e registra acontecimentos do passado e do presente. Resolvemos abrir espaço para pessoas importantes na história da psiquiatria brasileira e as escolhas não obedecem a nenhuma ordem estabelecida, são escolhas pessoais minhas. Pensei dar o título de Grandes Psiquiatras Brasileiros a essa série que iniciamos com o Professor Carol Sonenreich.

      O primeiro detalhe a ser esclarecido é como um cidadão romeno de nascimento veio se tornar um grande psiquiatra brasileiro. Nascido em 1923, formado em medicina pela Faculdade de Medicina de Bucareste em 1949, veio ao Brasil para passear e foi ficando, ficando e nunca mais retornou a Romênia. Chegou a São Paulo em 1960, segundo suas palavras, trabalhou na Clínica Tremembé e em 1962 na Faculdade de Medicina do Recife pode revalidar seu diploma de médico. Na curta estada, de seis meses, em Recife, conheceu o Professor José Lucena e alguns dos seus alunos, entre eles Luiz Salvador e Othon Bastos. Seu primeiro artigo publicado no Brasil foi na revista de Neurobiologia de Recife:(Sonenreich, Carol and Góes, J. F. Maconha e distúrbios psíquicos. Rev. Neurobiologia, Recife. 1962; 25(1): 69-91).

     Voltou a São Paulo, fez seu registro no CREMESP e foi a luta em busca de trabalho. No final de 1963, aos 40 anos de idade, tornou-se médico de Hospital dos Servidores do Estado de São Paulo e ali construiu sua carreira e tornou-se um formador de psiquiatras.

      No início dos anos 60 a psiquiatria de São Paulo girava em torno de três pólos, o Juqueri, com Aníbal Silveira e outros, a Paulista (Unifesp), sob o comando de Darcy de Mendonça Uchoa e a Medicina da USP sob o comando de Antonio Carlos Pacheco e Silva. (Psiquiatria Online já publicou curtas biografias de duas dessas personalidades da psiquiatria (http://www.polbr.med.br/arquivo/wal0704.htm e http://www.polbr.med.br/ano08/wal0408.php ).

    

 Discretamente, num trabalho consistente, o Professor Sonenreich foi construindo seu espaço e sua liderança nesse ambiente psiquiátrico.

      A força da psiquiatria do interior paulista ainda não tinha aparecido. A Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto estava nas suas primeiras turmas e seu professor era um psicanalista chileno, Hernan Davanzo Corte. A Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp só começou a funcionar em 1963.

Abrindo um parêntese sobre as Escolas Médicas, que hoje em dia proliferaram como cogumelo na floresta, naqueles anos tudo era mais difícil e complicado.

      O Estado de São Paulo com a Lei 161 de 1948 decidira interiorizar a Medicina propondo a abertura de várias faculdades de medicina pelo interior. Levou algum tempo, mas aos poucos foram surgindo as novas Escolas Médicas. A de Ribeirão Preto recebeu autorização de funcionamento em 1951 e iniciou suas aulas em 1952.

      A Faculdade de Ciências Médicas de Campinas formou sua primeira turma em 1968. Hoje todos reconhecem a qualidade do ensino ministrado nessas escolas, mas nem sempre vejo reconhecido o nome do grande bandeirante do ensino médico, o Professor Zeferino Vaz. Ele esteve à testa da Medicina de Ribeirão Preto (1952-64) e da Unicamp de 21.12.66 a 15.04.78. (Segundo o Cremesp, até 2004 existiam 26 Faculdades de Medicina no Estado de São Paulo. Duas novas aguardavam parecer do MEC) (http://www.cremesp.org.br/?siteAcao=Jornal&id=480)

       Pode-se imaginar o ambiente efervescente dos anos 60 e da falta de psiquiatras para suprir a demanda. Foi ai que surgiu a oportunidade do Professor Carol ser contratado pelo Hospital dos Servidores. O responsável pela psiquiatria era o Professor Clóvis Martins, homem culto, ativo, primeiro diretor e fundador da Revista Brasileira de Psiquiatria, professor da USP. Temperamental, atritava-se com facilidade e se demitia. Isso aconteceu no hospital do servidor. Com o pedido de demissão do Professor Clóvis Martins, o Professor Carol que era seu substituto, subitamente foi chamado a dirigir a Psiquiatria do HSPE e lá permaneceu por 31 anos. Seu substituto é o Dr. Giordano Estevão que esteve ao seu lado em boa parte dessa caminhada e tem vários artigos publicados em parceria.

      Sobre a psiquiatria dos servidores, encontramos em sua página o seguinte texto:

“O Iamspe (Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual) é uma autarquia ligada à Secretaria Estadual de Gestão Pública cujo principal objetivo é prestar atendimento médico aos funcionários públicos estaduais, seus dependentes e agregados.

O Instituto possui três departamentos que são: o Hospital do Servidor Público Estadual "Francisco Morato de Oliveira" (HSPE-FMO), o Departamento de Administração e o Departamento de Convênios e Assistência Médica (Decam), que coordena 18 Centros de Assistência Médica Ambulatorial (Ceamas) espalhados pelas principais cidades do interior paulista, além de centenas de convênios com importantes hospitais, clínicas e laboratórios, que atendem aos funcionários dentro de suas próprias regiões.

O Hospital do Servidor foi inaugurado em 9 de julho de 1961, na capital, completando 47 anos de existência em 2008. Desde que foi criado passou por mudanças estruturais até chegar no modelo atual que é o Iamspe. É mantido pelo desconto de 2%, em holerite do funcionalismo público estadual, oferece um sistema de saúde de alta, média e baixa complexidade e de baixo custo aos seus usuários”.

 “A equipe de médicos da Psiquiatria atende consultas no ambulatório e pronto-socorro.

Sua enfermaria, localizada no 2º andar, ala ímpar, do HSPE, a dispõe de recreação com TV e jogos e uma sala para o refeitório, cujo espaço é usado, também, para a terapia ocupacional.

No Hospital-Dia os pacientes passam o dia, tomam a medicação, fazem terapia, e ainda, realizam trabalhos manuais na Oficina Abrigada. No final do dia, retornam para o convívio dos familiares em suas casas.

A Psiquiatria vem se destacando, também, na área de pesquisa clínica, e muitos de seus trabalhos teóricos são publicados na revista Temas, editada pelo Serviço há quase três décadas.” Dr. Giordano Estevão Diretor Responsável

Carreira Acadêmica

      A atividade de ensino do Professor Carol Sonenreich esteve basicamente dedicada à formação de psiquiatras no Hospital dos Servidores. Nos seus 31 anos dedicados ao ensino, teria participado da formação de cerca de 150 psiquiatras e um sem número de estagiários. Em 1971 defendeu tese de doutoramento n USP (Sonenreich, Carol. Contribuição para o estudo da Etiologia do Alcoolismo. Doutorado, Tese. Fac. Med. USP. 1971.) Lecionou em Santos e foi convidado para ser professor titular na recém criada Faculdade de Medicina de Botucatu. Não desejando sair de São Paulo desistiu da idéia. Notamos um grande orgulho seu que uma ex-aluna e grande colaboradora, a Professora Florence Kerr-Corrêa, se tornou professora titular no departamento de psiquiatria de Botucatu.

A carreira do Professor Carol, começou na maturidade. Com 39 anos revalidou seu título de médico, publicou seu primeiro trabalho, no Brasil, pelo menos. Aos 48 anos defendeu a tese de doutoramento e a partir daí seus trabalhos que estavam mais na esfera psicofarmacológica, passaram a centrar-se no exame da psiquiatria como especialidade médica, passou a formular idéias sobre esquizofrenia, sobre diagnóstico e sobre psicopatologia em geral.

A seguir relacionamos algumas das suas publicações registradas no Índice Bibliográfico Brasileiro de Psiquiatria.

 

1. Sonenreich, Carol and Góes, J. F. Maconha e distúrbios psíquicos. Rev. Neurobiologia, Recife. 1962; 25(1): 69-91.

  2. Sonenreich, Carol. Problemas de Psiquiatria. Capítulos abertos. São Paulo. Edanee. 1964.

  3. Sonenreich, Carol and Góes, J. F. Delírio e Neurolépticos. Rev. O Hospital. 1965; 67:1085.

  4. Sonenreich, Carol, Correa, Reynaldo S. and Martins, Clóvis. Metronidazole in the management of alcoholism. O Hospital. 1968; 74(5): 1453-70.

  5. Sonenreich, Carol and Martins, Clóvis. Ensaio terapêutico com um novo antidepressivo: RO 46270 (limbitrol). Rev. O Hospital. 1968; 73 (1): 159-163.

  6. Sonenreich, Carol. Contribuição para o estudo da Etiologia do Alcoolismo. Doutorado, Tese. Fac.Med. USP. 1971.

  7. Sonenreich, Carol. Estudos sobre Histeria/ diagnóstico de Histeria. São Paulo. IAMSPE III, 1971. 1971.

  8. Sonenreich, Carol and Moreno, M.A.A. Considerações sobre a frigidez. R. Temas S.P. 1971; 2(1): 28-51.

  9. Moreno, M. A. A.; Navarro, M. P; Bassitt, Wiliam; Ramadam, Zacarias B. A.; Bertolote, José M., and Sonenreich, Carol. Algumas reflexões iniciais sobre a pesquisa psicofarmacológica. Simpósio sobre Terapêuticas Psiquiátricas e suas Associações. R. Temas, SP. 1972; 11(3/4): 27-29.

10. Moreno, M. A. A.; Navarro, M. P.; Bassitt, Wiliam; Ramadam, Zacaria B. A.; Bertolote, José M., and Sonenreich, Carol. Classificação dos psicofármacos - aspectos críticos.  R. Temas, SP. 1972; 11(3/4): 9-16.
Notes: Simpósio sobre Terapêuticas Psiquiátricas e suas Associações

11. Moreno, M. A. A.; Navarro, M. P; Bassitt, Wiliam; Ramadam, Zacaria B. A.; Bertolote, José M., and Sonenreich, Carol. Métodos em Psicofarmacologia - Necessidade de uma aceitação teórica. Simpósio sobre Terapêuticas Psiquiátricas e suas Associações. R. Temas, SP. 1972; 11(3/4): 5-8.

12. Moreno, M. A. A.; Navarro, M. P.; Bassitt, Wiliam; Ramadam, Zacaria B. A.; Bertolote, José M., and Sonenreich, Carol. Psicoterapia e psicofarmacologia. R. Temas, SP. 1972; 11(3/4): 22-26.

13. Moreno, M. A. A.; Navarro, M. P.; Bassitt, Wiliam; Ramadam, Zacaria B. A.; Bertolote, José M., and Sonenreich, Carol. Terapias biológicas e psicofarmacológicas. R. Temas, S.P.1972; 11(3-4): 17-21.

14. Sonenreich, Carol. Os limites do "como se" no Psicodrama. R. Temas, SP. 1973; 5-6: 59-76.

15. Sonenreich, Carol. Doutrina e atividade psiquiátrica. R. Temas, SP. 1975; 10: 118-136.

16. Sonenreich, Carol. A literatura sobre Esquizofrenia. R. Temas, SP. 1975; 9: 35-75.

17. Sonenreich, Carol and Góes, J. F. O Butansultano na Clínica Psiquiátrica. Rev.Bras.Med. 1976; 23:104.

18. Sonenreich, Carol. Esquizofrenia: a literatura e a clínica dos casos assim chamados. São Paulo. Ed. Manole, 1977.

19. Sonenreich, Carol; Castro, Getúlio Bezerra, and Forbes, Jorge de Figueiredo. O Hospital, a alta, as licenças vistos pelos pacientes. Revista De Psiquiatria. 1977; 21(31): 11-28.

20. Sonenreich, Carol. Modificações psíquicas associadas à velhice. R. Temas, SP. 1979; 9(1): 73-78.

21. Sonenreich, Carol and Bassitt, Wiliam. O Conceito de psicopatologia. São Paulo, Ed.Manole. 1979.

22. Sonenreich, Carol and Friedrich, Sonia. Alcoolismo: aspectos assistenciais. R. Temas, SP. 1979; 9(1): 31-42.

23. Sonenreich, Carol and Estevão, Giordano. Conhecimento Psiquiátrico. Rev. ABP. 1980; 2(4): 226-239.

24. Sonenreich, Carol and Estevão, Giordano. Reflexões sobre o alcoolismo. R. Psiquiatr.  RS. 1980; 2 (2): 119-127.

25. Sonenreich, Carol and Araújo, Vicente A. Debates atuais em alcoolismo. R. Temas, SP. 1981; 21(1): 41-42.

26. Sonenreich, Carol and Araújo, Vicente A. Como encaramos o alcoólico e seu tratamento. R. Temas, SP. 1981; 20(1): 56-66.

27. Sonenreich, Carol and Estevão, Giordano. Distúrbios Psíquicos e Epilepsia. R. Temas, S.P.1981; 21:84-100.

28. Sonenreich, Carol. Maconha na clínica psiquiátrica. São Paulo, Ed. Manole, 1982 Cadernos de Psicopatologia.

29. Sonenreich, Carol; Bassitt, Wiliam, and Estevão, Giordano. Processos cerebrais e psíquicos. R. Temas, SP. 1982; 23(1): 5-30.

30. Sonenreich, Carol; Bassitt, Wiliam, and Estevão, Giordano. Estruturas delirantes e tratamento. R. Temas, SP. 1983; 24-25: 53-66.

31. Sonenreich, Carol. Cérebro como processo. R. Temas, SP. 1984; 26(1): 83-92.

32. Sonenreich, Carol; Bassitt, Wiliam, and Estevão, Giordano. Psicopatologia no Idoso. R. Temas, SP. 1984; 27: 127-157.

33. Sonenreich, Carol. Escolhas do Psiquiatra: Saber e Carisma. Editora: MANOLE. 1985.

34. Sonenreich, Carol and Estevão, Giordano. Das Fobias. R. Temas, SP. 1985; 15(28,29): 19-52.

35. Sonenreich, Carol and Kerr-Corrêa, Florence. Escolha do Psiquiatra: Saber e Carisma. São Paulo, Ed.Manole. 1985.

36. Sonenreich, Carol. Atendimento, pesquisa, ensino e o Serviço de Psiquiatria e Psicologia Médica do Hospital do Servidor Público Estadual. Rev. Med. IAMSPE. 1986; 17(3/4): 72-75.

37. Sonenreich, Carol. Instrumentos e critérios para diagnósticos psiquiátricos em pesquisa com psicofármacos. Rev. ABP-APAL. 1986; 8(Supl.): 109-116.

38. Sonenreich, Carol and Estevão, Giordano. Conceito atual de psicossomática. Rev.ABP/APAL.   1986; 8 (4): 148-156.

39. Sonenreich, Carol and Estevão, Giordano. O conceito de depressão.

                   R. Temas, SP. 1986; 16(30,31): 11-48.

40. Sonenreich, Carol; Estevão, Giordano; Ribeiro, L. da Costa, and Falivene, Antônio. Depressões: um conceito. Rev.ABP-APAL.   1986; 8(2): 43-48.

41. Kerr-Corrêa, Florence and Sonenreich, Carol. Proposta de um novo conceito de esquizofrenia. Rev.ABP/APAL.  1988; 10 (2): 53-56.

42. Sonenreich, Carol. Notas sobre senescência. Anais Do 1o Congresso Bras. De Psiquiatria e Med. Interna - São Paulo-1987. 1988; 1(1): 83-86.

43. Sonenreich, Carol. Psicogênese e seus limites. Anais Do 1o Congresso Bras. De Psiquiatria e Med. Interna- São Paulo-1987. 1988; 1(1): 13-15.

44. Sonenreich, Carol. Reflexões do Clínico sobre Psicofarmacoterapia. J. Bras. Psiquiat. 1988; 37(3): 137-9.

45. Sonenreich, Carol and Estevão, Giordano. Confiabilidade e validade do diagnóstico psiquiátrico. R. Temas, SP. 1988; 18(34,35): 57-70.

46. Gentil Filho, Valentim; Sonenreich, Carol, and Faria, Carlos G. Correntes do pensamento na psiquiatria atual. R. Psiquiatr. RS. 1989; 11(3): 169-184.

47. Sonenreich, Carol; Kerr-Corrêa, Florence, and Estevão, Giordano. Das Demências Alzheimer e dos distúrbios de memória. R. Temas, SP. 1989; 37(1): 64-115.

48. Sonenreich, Carol and Silva Filho, Luis de M. Altenfelder. Desospitalização. Idéias, Debates e Ensaios. J. Bras.Psiquiat. 1989; 44(4): 156-1667.

49. Sonenreich, Carol. Terapia biológica e psicológica das depressões. J. Bras.Psiquiat. 1990; 39(Supl.1): 83S-92S.

50. Sonenreich, Carol; Bassitt, Wiliam, and Estevão, Giordano. A doença e a internação: analisando o ponto de vista dos pacientes. R. Temas, SP. 1990; 20(38): 69-86.

51. Sonenreich, Carol; Estevão, Giordano, and Marcellot, T. Cerveau et dépression. Psychol. Medicale (Belgique). 1990; 22:753-756.

52. Sonenreich, Carol and Estevão, Giordano. Propostas para a atividade psiquiátrica atual. R. Temas, SP. 1990; 20(39): 245-250.

53. Sonenreich, Carol and Friedrich, Sonia. Atividade do Psicólogo na Equipe Psiquiátrica. R. Temas, SP. 1990; 20(39): 241-244.

54. Sonenreich, Carol and Friedrich, Sonia. O diagnóstico por listagem de sintomas não é nossa escolha. R. Temas, SP. 1990; 20(38): 41-44.

55. Sonenreich, Carol and Kerr-Corrêa, Florence. Para uma Psiquiatria dos anos noventa. Rev.ABP/APAL.  1990; 12 (1,2,3,4):8-12.

56. Kerr-Corrêa, Florence; Carlini, Elisaldo A.; and Sonenreich, Carol. O teste da supressão da dexametasona em pacientes de uma enfermaria psiquiátrica. R. Temas, SP. 1991; 21(40-41): 180-92.  

57. Sonenreich, Carol e Estevão, Giordano. O que os psiquiatras fazem.
                 
São Paulo: Casa Editorial Lemos, 2007, 368 págs.

58. Sonenreich, Carol and Friedrich, Sonia. Nosografia Clínica Versus Nosografia Experimental. R. Temas, SP. 1991; 42: 357-366.

59. Sonenreich, Carol and Friedrich, Sonia. Psiquiatria: notas para o vigésimo ano de Temas. R. Temas, SP. 1991; 21(40/41): 325-331.

60. Sonenreich, Carol; Kerr-Corrêa, Florence, and Estevão, Giordano. Debates sobre o Conceito de Doenças Afetivas. São Paulo, Ed.Manole.  1991.

61. Sonenreich, Carol; Castro, Getúlio Bezerra, and Friedrich, Sonia. Como entendemos o Cognitivismo. R. Temas, SP. 1992; 43:74-108.

62. Sonenreich, Carol; Friedrich, Sonia, and Ribeiro, P. L. Um conceito em debate: esquizofrenia. R. Temas, SP. 1992; 44: 171-228.

63. Kerr-Corrêa, Florence. Conceito de Doenças Afetivas. J. Bras. Psiquiat. 1993; 42(supl. 1): 5s-12s.

64. Sonenreich, Carol. Como faço psicoterapia. R. Temas, SP. 1993; 23(45): 69-81.

65. Sonenreich, Carol. Curas somáticas. Rev.ABP/APAL.  1993; 15(3): 101-104.

66. Sonenreich, Carol and Friedrich, Sonia. Sobre a história da Psiquiatria. R. Temas, SP. 1993; 23(46): 217-247.

67. Sonenreich, Carol; Estevão, Giordano; Friedrich, Sonia, and Silva Filho, Luis de M. Altenfelder. Reflexões sobre o Método experimental e a elaboração da Psiquiatria. R. Temas, SP. 1994; 24(48): 223-240.

68. Sonenreich, Carol; Estevão, Giordano; Friedrich, Sonia, and Silva Filho. Luis de M.Altenfelder.  Limites do Método Experimental. R. Temas, SP. 1995; 25(49): 31-47.

69. Sonenreich, Carol and Estevão, Giordano. A clínica psiquiátrica e o pensamento científico. R. Temas, SP. 1995; 25(50): 241-254.

70. Sonenreich, Carol; Estevão, Giordano; Friedrich, Sonia, and Silva Filho, Luis de M. Altenfelder. A evolução histórica do conceito de depressão. Rev.ABP/APAL.  1995; 17(1): 29-39.

71. Sonenreich, Carol and Silva Filho, Luis de M. Altenfelder. Desospitalização. J. Bras.Psiquiat. 1995; 44(4): 159-167.

72. Sonenreich, Carol. Abordar a Doença. R. Temas, S.P. 1996; 51:71-79.

73. Sonenreich, Carol and Estevão, Giordano. Psiquiatria no Hospital Geral: Atividades no Hospital do Servidor Público Estadual, “Francisco Morato de Oliveira”. R. Temas, SP. 1996; 52: 189-208.

74. Sonenreich, Carol and Estevão, Giordano and Silva Filho, Luis de M. Altenfelder, Conceito de Personalidade. R. Temas, SP. 1997; 27(53): 98-123.

75. Sonenreich, Carol; Kerr-Corrêa, Florence, and Estevão, Giordano. São os afetos importantes para a definição da depressão? Eur. J. of Psychiatry. 1998; 12(4): 197-204.

76. Sonenreich, Carol; Estevão, Giordano, and Silva Filho, L. M. A. Psiquiatria: Propostas, Notas, Comentários. São Paulo, Lemos Editorial. 1999.

77. Sonenreich, Carol; Estevão, Giordano, and Silva Filho, Luis de M. Altenfelder. "Notas sobre psicopatologia". Revista Latinoamericana De Psicopatologia Fundamental. 1999; 2(3).

78. Sonenreich, Carol; Estevão, Giordano, and Silva Filho, Luis de M. Altenfelder. Unidade Psiquiátrica no Hospital Geral. Revista USP. 1999; 43: 32-42.

79. Sonenreich, Carol; Kerr-Corrêa, Florence, and Estevão, Giordano and Silva Filho, Luis de M. Altenfelder. Atividades psiquiátricas no campo dos transtornos devidos ao uso de substâncias psicoativas. J. Bras. Psiquiat. 2002; 51(1): 55-58.

80. Dalgalarrondo, Paulo; Sonenreich, Carol, and Oda, Ana Maria Raimundo Org. História da psicopatologia: textos originais de grandes autores. São Paulo: Lemos Editorial. 2004.

81. Sonenreich, Carol; Estevão, Giordano, and Silva Filho, L. M. A. Ensaio sobre modos de conceber a Patologia Mental.  R. Temas. SP. 2004; 34(66-67): 60-115.

82. Sonenreich, Carol. Comentários em relação à entrevista do Prof. Valentim Gentil Filho.  R. Temas, SP. 2005; 35: 68-69.

83. Messas, Guilherme Peres. Ensaios - O que psiquiatras fazem. Rev. Bras. Psiquiatr. 2008; 30 (2).
Notes: LIVROS: O que psiquiatras fazem
Sonenreich C, Estevão G. Lemos Casa Editorial; 2007. ISBN: 85-61125-01-1

84.   Sonenreich, Carol; Estevão, Giordano. Distúrbios Psíquicos e Epilepsia. R. Temas. SP, 1981 vol.21.

Trechos de Entrevistas e Comentários

Carol Sonenreich exprime suas idéias em entrevista (Jornal do Cremesp  n. 212/Abril 2005). 

Cremesp – Como aconteceu sua vinda para o Brasil?
Carol –
Moravam aqui no Brasil minha irmã, seu marido e filha. Quando consegui sair da Romênia vim para o Brasil a pedido deles, para vê-los. Não tinha intenção de ficar. Apenas sabia que a capital do Brasil não era Buenos Aires; não sabia mais nada do país. Vim para cá, fui recebido por eles e me convenci a ficar por aqui. Isso já tem 45 anos e nunca me arrependi da escolha que fiz. A partir daí, fui aceito numa Casa de Saúde em São Paulo, mas não tinha direito de trabalhar como médico, não podia legalmente assinar nada. Dois anos depois consegui, no Rio de Janeiro, equiparar meu diploma de colégio, e então procurei revalidar meu título de especialista. Não dava para fazê-lo em São Paulo, nem em Sorocaba, pois não tinha dinheiro suficiente. O que ganhava na Casa de Saúde era pouco. Só era pago para me sustentar enquanto fazia a revalidação. Mas, enfim, tive que ir para Recife. Foi um fato um tanto exótico.

Cremesp – Como o senhor vê a Psiquiatria hoje?
Carol –
Acredito que a Psiquiatria está realizando tentativa “permanente” de progresso. A Psiquiatria é um ramo da Medicina. Sou médico e exerço uma psiquiatria médica. A Psiquiatria que se mantém médica não significa que é igual à Ortopedia: penso de uma certa maneira sobre meu joelho e penso de outra maneira sobre o meu cérebro. A psiquiatria oficial está sendo mais dirigida para o cérebro do que para a mente. Considero esta abordagem um equívoco. Não deveria haver separação entre mente e cérebro. Entender a mente como produto do cérebro é reducionismo.

Acredito que a Psiquiatria deveria fazer essa abordagem tanto do ponto de vista do cérebro como da mente. O alcoolismo, por exemplo, não é uma doença provocada somente pelo efeito químico do álcool sobre os neurônios; é também uma doença provocada pelo modo de viver (do paciente). Ser alcoólico representa viver de um modo diferente. O estudioso deve abordar a questão de ambos os pontos de vista. O tratamento que fazemos hoje do alcoolismo e da, assim chamada, esquizofrenia, é idêntico àquele que fazíamos há 50 anos atrás. Para progredir, temos que criar conceitos e métodos de trabalho adequados.

Cremesp – E por que o senhor não concorda com a luta antimanicomial?
Carol –
Porque não tem sentido. Não concordo mesmo, mas formei uma unidade psiquiátrica em hospital geral, conferi peso principal ao ambulatório e não à enfermaria. A “luta antimanicomial” só fechou vários hospitais psiquiátricos. Deveriam ser fechados os ruins, que não poderiam ser desenvolvidos ou melhorados. Ao invés de fazer isso, colocaram o doente na rua. O que fizeram no Juqueri a um certo momento foi colocá-los na rua e alguns desses pacientes foram transferidos para hospitais particulares. Era interesse dessa política enriquecer hospital particular? Porque em última análise foi exatamente isso que foi feito. Eles afirmam que não existe doença mental, portanto, não existe a necessidade de criar ou manter um manicômio.

No Brasil existe, pelo que sei, uma experiência de transformação, acho que em uma instituição em Barbacena transformada em um bom hospital, com tratamento ambulatorial, tratamento na comunidade, visitas domiciliares. Não justifica fechar uma instituição como essa porque se gasta dinheiro com isso. O que fariam com esse dinheiro? Ambulatórios? A possibilidade de inaugurar Centros (de tratamento psiquiátrico) me parece um fato bastante bom, mas não significa defender a luta antimanicomial. Os Centros de tratamento psiquiátrico deveriam ser implementados sem o fechamento de hospitais. São instituições complementares.

Os ingleses fizeram a mesma coisa no tempo da Margaret Tatcher: fecharam hospitais, os pacientes foram deixados nas ruas e nas prisões. Eles não eram perigosos, não faziam coisas graves, mas eram considerados delinqüentes, pois – mesmo sem saber – não respeitavam as leis de trânsito, cometiam pequenos delitos.  Eram então colocados na prisão e não tinham atendimento enquanto prisioneiros porque esse tipo de atendimento dependia exclusivamente do Ministério da Saúde.

Quem deveria ser ouvido nesse caso? Seriam os doentes, as famílias dos doentes. Os mais destacados são decididamente contra a luta antimanicomial, que somente priva os pacientes do tratamento e acompanhamento correto. Os doentes mentais não são mal intencionados. Pergunte à mãe de um esquizofrênico, pergunte à esposa de um alcoólico, pergunte aos drogados. Mas, quando não existe nenhum tratamento, veja como isto causa impacto na economia, na segurança, etc.

   Em outra entrevista Sonenreich afirma

 

Depois de muitos anos de carreira afastou-se da psicanálise freudiana, aproximou-se dos existencialistas e deu um toque pessoal a vários conceitos psiquiátricos como os relativos ao alcoolismo, delírio e esquizofrenia.

“Gostaria que minhas idéias fossem as maiores contribuições dadas para a Psiquiatria”. Para ele, ser médico é ter um “mandato social”, pois suas ações profissionais são reconhecidas pela sociedade de acordo com o conhecimento que possui.

 Publiquei livros (12), artigos em livros (33), artigos em revistas psiquiátricas (107), fui membro do conselho de redação e coordenador da revista Temas, publicada pela equipe psiquiátrica do HSPE, desde 1971.

O Hospital dos Servidores do Estado foi um dos pioneiros no atendimento psiquiátrico em hospital geral em 1968. Seu hospital-dia começou em 1965. A residência médica começou em 1971 e nesse mesmo ano surgiu à revista Temas em Psiquiatria. São dois números anuais e ela se mantém até hoje em dia, apesar das imensas dificuldades. A enfermaria psiquiatria do Iampse leva o nome do Professor Carol Sonenreich

    

Pensando sobre a obra do Professor Carol Sonenreich

 

Certamente alguns dos seus alunos, que lhe dedicam incondicional afeto, teriam melhores condições para traçar uma avaliação sobre sua maneira de pensar a psiquiatria. Espero que o façam, mas para esse momento vou fazer algumas observações. Seus primeiros artigos, no período de 1962 a 1971, versavam sobre medicamentos e psicofarmacologia. A partir de 1971 com seu doutoramento, o início da formação psiquiátrica no Hospital dos Servidores e o surgimento da Revista Temas em Psiquiatria, começam a despontar novas inquietações.  A prática em hospital geral, o atendimento grupal e a utilização do Psicodrama abriram novas perspectivas.

Em entrevista ao Jornal do Cremesp assim se manifestou:

 

Sonenreich diz que hoje, não pertence a nenhuma corrente psiquiátrica.

Sobre a psicanálise:

“Afastei-me, mas foi bem difícil, porque tinha investido muito tempo nisso; percebia que não dava resultados, mas achava que eu não era suficientemente bom e decidi estudar mais”. A um certo momento, continua, “vi que essa era uma forma de me agarrar àquela história. Minhas objeções eram de princípio; eu me afastei da noção de inconsciente assim como aparece em Freud”.

 

 “Tive que procurar fontes diferentes e as encontrei especialmente nos existencialistas. O tempo todo questionava se entendia bem o que eles propunham”. Por isso, achou necessário fazer algumas adaptações pessoais: “tive que fazer contribuições próprias. Em um certo momento decidi, por exemplo, que não ia usar mais esse conceito de esquizofrenia que todo mundo usa. Foi preciso então substituí-lo e fazer novas propostas a respeito”.

Um novo passo foi dado, esclarece, quando conseguiu achar o elo entre suas idéias: “não sabia claramente o que havia em comum entre meu conceito de delírio, de alcoolismo, de neurose, de depressão. Depois me dei conta de que havia uma base comum, uma estrutura, não era uma coisa isolada. Agora tenho uma visão clara do que é característico, por isso digo que é uma doutrina. É uma brincadeira, mas fiz um encaixe pessoal”.  

 

Do blog de Jorge Forbes -

http://www.jorgeforbes.com.br/br/contents.asp?s=81&i=18

 

Notas sobre leituras psiquiátricas e Medicina

Baseada em Evidências.

 

 

 

Um artigo de análise do conceito de encefalopatia pode ser encontrado no site do Clipp e foi escrito por Eliana Carpinelli.

                        Sobre o conceito de encefalopatia

Eliana Carpinelli                          Clipp - São Paulo, 17/3/2006.

http://www.clipp.org.br/artigos_conteudo.asp?id_artigos=102&iframe=artigos_int&assunto=Artigos&icoimpressao=ok

 


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