O SONHO É UMA REALIZAÇÃO DE DESEJO?
LIVRO: JE REVIENS D’UN LONG VOYAGE
O paciente contou o seguintre sonho ao seu analista:
Ele se encontra numa sala de cinema ou de teatro, sentado numa cadeira ao lado de muitas pessoas. Durante o espetáculo, mostrou-se constantemente inquieto, ansioso, tenso. As razões? Ele havia dito alguma coisa que não teria agradado aos dois proprietários da sala de espetáculo. Então, a idéia de que um dos homens poderia vingar-se dele atavessou-lhe o espírito e ganhou raizes na sua sensibilidade atormentada. O sonhador ignorava o mal que havia feito, esqueceu o que ele teria dito de tão grave ao ponto de temer uma represalha mortal.
Um dos homens aproximou-se do sonhador e , como fez com as outras pessoas que assistiam ao espetáculo, propôs-lhe um refresco, ou coisa parecida, um sorvete . Não ousando recusar o refrigerante, o sonhador conseguiu esconder o que lhe foi dado e, alegando ter que ir ao sanitário, jogou o que lhe deram na latrina e tirou a descarga. Durante todo o tempo, atormentou-lhe a idéia obsessiva que o sorvete ou refrigerante continha um veneno, que o homem ofendido queria assim vingar-se do que ele lhe teria dito mas esquecido.
Associações:Sentimentos de perseguição, projeção, medo do ataque pulsional interno, ameaça de castração, sentimento de culpa, idéias de vingança, impulsões destruidoras do sonhador , recalcadas, transformadas no contrário(formação reativa).Algo dito ao pai que lhe suscitara o desejo de vingança? Dizer e fazer, e acontecer, quando as palavras ditas ou recebidas têm consistência real. A palavra-crime. Mesmo o olhar, um gesto se transforma em ameaça mortal.
7/05/08
O sonhador encontrava-se sozinho em casa, o pensamento vagabundo e inquieto.Uma vaga inquietação que lhe obscurece a consciência e lhe deixa num estado meio crepuscular. Tudo lhe parece esquisito, os objetos perdem seus contornos límpidos, o espaço se restringe ou se dilata, o coração acelera seu rítimo, a idéia de desmaiar impõe-se-lhe ao pensamento.A mulher do sonhador tinda saído de casa, mas para fazer o quê?O sonhador deambula em casa, vai do quarto a cozinha, desta à sala de visita, volta ao quarto de dormir. A mulher volta, uma menininha nos braços.
Agora os tres estão deitados, o homem e sua mulher na cama, a menininha num berço, do lado da cama onde se deitara a avó. Uma luz muito tênue clareava o quarto, assim a criancinha não teria medo da obscuridade da noite e dormiria em paz. E o sonhador tranquilizou-se, sentiu-se bem, confiante e em segurança.
Associações: o homem e o menino, o menininho e o homem, os dois coabitam, o homem regredido, regressivo, a criança atuante, sempre lá, o eterno menino, dependente, perdido quando a mãe desaparece, a ciança-homem, o homem criança que precisa da presença da mulher-mãe ou da mãe-mulher para se repousar, se tranquilisar, existir. oE o medo de ver a mãe morrer, enloquecer, desvairar, perder o controle e bater-lhe às cegas e ao mesmo tempo chorando e pedindo a Deus para tirar-lhe a vida.
1. O sonho é uma realização de desejo?
O sonho é uma realização de desejo? Não seria necessário distingir o desejo consciente do desejo inconsciente? Como explicar de outra maneira os pesadelos? Por exemplo:alguém da Wikipedia portuguesa me enviou uma mensagem que me angustiou. Sem que a mensagem me acuzasse claramente, deixa-me entender que eu havia prejudicado consideravelmente a wikipedia com minha última contribuição.Meio adormecido, meio acordado, tsuentei sair deste pesadelo, sair porque eu estava mergulhado nele, preso, de tal modo o pesadelo me parecia verdadeiro, um acontecimento ocorrido. Então, como explicar a realização de um desejo num pesadelo? No qual o prazer sexual aprece inexistente, onde o desprazer prevalece? Então, aqui, a satisfação sexual, o desejo inconsciente teria sido transformado em seu contrário? Ou a satisfação é masoquista(recalcada), o que implica a necessidade de ser punido?
A introjeção de aspectos pulsionais masoquistas( a mãe que sofre e que , a chorar bate nos filhos e ao mesmo tempo suplica a Deus de tirar-lhe a vida); o pai severo, frio e meticuloso quando punia e batia nos filhos, castrador por suas interdições mas que, sexualmente, se revela ter uma atividade sexual importante, como mostra o número de filhos que teve? Conclusão: decididamente, tantos pesadelos demonstram, com insistência, a dor e o prazer entrelaçadados. Em que proporções? E o sadismo em tudo isto?
1. Livro: Je reviens d’un long voyage
Este pequeno diário de bordo dum homem de 48 anos oferece uma percepção sensivel e inteligente de sua luta contra a esquizofrenia, na França de hoje.A doença psíquica , com a qual o narrador teve de compor, foi diagnosticada quando êle tinha 20 anos.
Em pequenos capítulos, Stéphane relata a suu história: adolescente frágil, com uma imaginação transbordante, as tomadas de “ substâncias que desinibem” , os primeiros delírios, as hospitalizações, a relação de confiança que êle tece com sua psiquiatra, as relações com os outros pacientes. Êle se interroga, igualmente, sobre a percepção “romântica da loucura”…
Porquê ela perdura enquanto que a esquizofrenia não tem verdadeiramente nada que possa suscitar a paixão?
Um testemunho corajoso, justamente aconselhado pela Unafam(União nacional das famílias e amigos das pessoas doentes e / ou deficientes psíquicos).
Junho1940 :Lisboa, porta do exilio
Judeus, comunistas, apátridas… Êles são dezenas de milhares, em junho de 1940, a transitar pela capital portugugêsa. Como Koestler, os Chagall ou Saint-Ex, tentam escapar dos nazistas e sonham de liberdade. Em New York ou noutro lugar.
Neste começo de julho de 2018, turistas Inglêses, Russos, Croatas ou Belgas não prestam atenção à estátua do rei Joseph Ier do Portugal, que ocupa o centro da praça do Comércio, uma das mais antigas de Lisboa, somente para fazer seus próprios retratos. Torso nu e garrafa de cerveja Sagres na mão, têm os olhos voltados para a grande televisão que transmite a Copa do mundo de futebol. E dansam ouvindo músicas famosas e populares pelo altifalante ensurdercedor. Havia tambem uma multidão, mais abundante, digna, no inicio
do Verão em 1940. Milhares de refugiados faziam a fila em frente das bilheteiras do Poste central, situado embaixo das arcadas da praça, hoje subistituida pelo ofício do turismo.
Mas o muro da rua do Arsenal, situado no ângulo, conserva as marcas das letras de ferro : « Correio, Telégrafo e Telefone ». Os refugiados, que eram antes fugitivos, vinham de toda a Europa ocupada : Francêses, Polonêses, Alemãos, Tchèques, apátridas, Judeus perseguidos. Na parte baixa da cidade, o Rossio, êles ficavam sufocados pela confusão administrativa para produzir visas de saida dos paises atravessados e autenticar os visas de entrada daqueles que esperavam ganhar. Visas de trânsito também, que só eram concedidos aos que podessem provar que tinham uma caução nos Etados-Unidos e um bilhete de avião ou de barco. Naquela época, o ditador Salazar dirigia seu Estado Novo.