Dezembro de 2024 – Vol. 29 – Nº 12

Sérgio Telles

1) A psicanalista francesa Isabelle Alfandary escreveu “Le Scandale de la
séduction”, em que fala sobre o silêncio da comunidade psicanalítica em torno
das inúmeras notícias sobre sedução sexual, especialmente depois do
movimento MeToo. Em sua opinião, esse silêncio seria um resquício da
ambiguidade do conceito de sedução em psicanálise. Ao mesmo tempo em
que Freud abandonou a teoria da sedução e a substituiu pelo complexo de
Édipo, a sedução efetivamente realizada pelos pais foi repensada em outros
termos, como mostram os importantes desdobramentos realizados por
Laplanche em sua “teoria da sedução generalizada”.


“Le Scandale de la séduction”, d’Isabelle Alfandary: malaise dans la
psychanalyse


2) A escritora polonesa Olga Tokarsczuk, ganhadora do Prêmio Nobel de
Literatura 2018, trabalhou como psicóloga durante anos e é grande
admiradora de Freud. Sobre literatura e psicologia disse: “A escrita e a
psicologia não se opõem. Pelo contrário, há uma continuidade entre elas.
Ambas exploram nosso mundo interior e sua projeção no mundo externo. Essa
é a essência da literatura, como eu vejo. Muitos escritores têm essa
compreensão sem nunca ter estudado psicologia”.


Olga Tokarczuk: “Literature is a great therapist” – NobelPrize.org

3) Na França, Dominique Pelicot drogava sua mulher e permitia que homens a
estuprassem estando ela inconsciente e filmava essas cenas. Ao ser preso e
julgado, foram levantadas muitas questões, especialmente sobre as
“perversões” (atualmente denominadas “parafilias”). Em entrevista, Elisabeth
Roudinesco explica por que esses homens não são “pessoas comuns”, como
seus defensores afirmam, e discorre sobre a história das perversões e as
atuais implicações legais de tal prática.


‘Dominique Pelicot and his co-defendants are not ordinary men’

4) Breve informação sobre o uso de aplicativos de Inteligência Artificial para fins
psicoterápicos, na linha da TCC, autoajuda e Mindfulness.


Existe psicanálise por aplicativo? – Folha de Londrina

5) Um leitor pergunta o que fazer ao ouvir, da sala de espera, seu psicanalista
soltar gazes (o texto francês usa o termo “peidar”) repetidas vezes e, ao entrar

no consultório, notar que ele havia aberto a janela, apesar do ar-condicionado
estar ligado.
Que dois-je faire si, depuis la salle d’attente, j’entends mon psy péter à
plusieurs reprises?

6) Uma sintética biografia da psicanalista neozelandesa Joyce McDougall, que
fez carreira em Londres e Paris.


Couch surfing: the French connection | The Post

7) Nathan Gorelick escreveu o livro “The Unwritten Enlightment”, em que mostra
como os romances escritos na época do Iluminismo abriram caminho para o
nascimento da psicanálise.


A Book Re-examines the Age of the Enlightenment | Columbia News

8) O que se ganha realmente com o trabalho? – ao responder essa pergunta,
uma psicóloga francesa aponta para além das necessidades da sobrevivência,
traçando uma rápida história sociocultural e psicológica do trabalho.


Que gagne-t-on vraiment à travailler? – Psychologies Magazine

9) Antônio Quinet, psicanalista carioca, escreve e dirige a peça “Freud e Hilda”,
em cartaz no Rio de Janeiro, em que conta a análise da poeta Hilda Doolittle
(conhecida também como HD) na tumultuada Viena dos anos 1930.


“Hilda e Freud” navega pelas águas da Psicanálise com catarses da História


10) Mais uma vez, uma analista responde, de sua coluna numa revista francesa, a
insistente questão – consegue a psicanálise ir além do patriarcado?


“Is psychoanalysis capable of thinking about something beyond patriarchy?” |
Slate.fr

11) “Política no divã” é um podcast do Los Angeles Review of Books, em que três
comentadores, um deles psicanalista, discorrem sobre psicanálise e política,
tendo como disparador o livro de Freud e Bullit sobre o Presidente Woodrow
Wilson. Trazem a conversa para o presente, com a retomada de Trump, e se
indagam até que ponto a psicanálise pode tornar os eleitores mais conscientes
e entenderem melhor os desejos inconscientes que os fazem eleger
determinados tipos de líderes.


Politics on the Couch: Psychoanalysis and the Presidency | Los Angeles
Review of Books

12) Orna Guralnik, psicanalista que virou celebridade nos Estados Unidos com seu
programa de TV em torno de terapia de casais, usa conceitos kleinianos para
entender as polarizações políticas atuais (posição esquizoparanóide e posição
depressiva), mostrando a semelhança com as disputas entre o casal.


Opinion | How Couples Therapy Can Address Our Political Divide – The New
York Times

Similar Posts