Novembro de 2022 – Vol. 27 – Nº 11
Sérgio Telles
- Artigo fala de Tom Seidmann-Freud, sobrinha de Sigmund e talentosa artista ilustradora de livros infantis, cujo reconhecimento da obra foi obscurecida pelo lado trágico de sua vida, que culminou com seu suicídio praticado logo depois de seu marido, em função de falências, ter tirado a própria vida. No momento preparam-se novas edições e campanhas de divulgação de seus livros.
A Freudian Slip: The Untold Story of Sigmund Freud’s Talented Niece – Israeli Culture – Haaretz.com
- Rachel Aviv, que está no lugar antes ocupado por Janet Malcolm no The New York Times, escreveu um livro do qual esse texto é um capítulo. Nele é relatado o caso de Dr. Ray Osheroff, que teria mudado o curso dos tratamentos psicanalíticos nos Estados Unidos, ao processar o famoso Chestnut Lodge, um hospital regido por princípios psicanalíticos que não medicava seus pacientes. Osheroff alegava não ter recebido tratamento adequado para sua depressão, justamente por não ter sido medicado. O paciente continuou seu tratamento por outras vias, sem sucesso, mantendo quadros depressivos e atitudes querelantes, e, tempos depois, entrar em acordo com o hospital. Mas esse também havia mudado, passara a prescrever medicação para os pacientes, não por acreditar na eficácia dos fármacos, mas para evitar novos processos. Chestnut Lodge fechou nos anos 90. O livro de Rachel Aviv, Strangers to ourselves: stories of unsettled minds, trata da difícil saga dos pacientes psiquiátricos.
Psychiatry wars: the lawsuit that put psychoanalysis on trial | Psychiatry | The Guardian
- A propósito de uma nova edição de alguns de seus artigos pela Editora Routledge, intitulada “Yesterday, Today and Tomorrow”, Hanna Segall dá uma entrevista (“a última”, diz brincando com o jornalista) ao jornal The Guardian. No momento com 90 anos e ainda dando supervisões, Hanna Segall fala de seu interesse pela psicanálise kleiniana, da qual foi uma das grandes divulgadoras, e de sua aplicação em fenômenos sociais e artísticos.
https://www.theguardian.com/science/2008/sep/08/psychology.healthandwellbeing
- Alfred Adler entrou em rota de colisão com Freud pela importância que concedia aos fatores socioeconômicos no psiquismo e por defender ideias socialistas que deram origem ao seu conceito de “interesse social”. O artigo faz uma apresentação de seu itinerário na Viena Vermelha dos entreguerras, quando gozava de grande prestígio no meio intelectual, e sua posterior migração para os Estados Unidos, onde sua carreira foi brecada pelos analistas freudianos.
For Socialist Psychologist Alfred Adler, Collective Feeling Was the Cure (jacobin.com)
- Revista israelense publica artigo que reflete sobre uma candente questão: como a psicanálise em Israel pode avançar na abordagem das causas e efeitos de um apartheid que sequer é publicamente reconhecido?
The Political Unconscious (jewishcurrents.org)
- Resenha de “Surplus-Enjoyment: a guide for the non-perprexed”, o mais novo livro de Slavoj Zizec. O autor, que tem uma postura mais conservadora, reconhece a verve a as ideias provocadoras de Zizek (como ao dizer que o antissemitismo é uma forma deslocada de anticapitalismo, assim como que a luta contra a vacinação é igualmente uma forma deslocada da luta de classe contra os que estão no poder), mas critica suas análises sobre o momento atual, no qual ressalta a ameaça do controle social pelas mídias sociais.
Review: Slavoj Žižek’s “Surplus-Enjoyment: A Guide for the Non-Perplexed” | Merion West
- Curioso artigo de um feminismo radical que propõe a abolição da família, que seria uma forma de subjugação e exploração da mulher. Retoma ideias da Revolução Russa, da criação e educação comunitárias, cabendo ao estado tais atribuições.
- Um pouco antes de morrer, o pai – um judeu que escapou do Shoah e nunca falara sobre a história familiar, disse para a filha Michelle Halberstadt (jornalista, escritora, roteirista de cinema e produtora) que seu próprio pai – avô de Michelle – era primo de Max Halberstadt, viúvo de Sophie, filha de Freud abatida pela Gripe Espanhola. Isso a leva a fazer uma longa peregrinação em busca de seu passado e raízes.
Sophie, Max, and Freud – Tablet Magazine
- A Editora Flammarion lança em Paris a tão aguardada e inédita até hoje correspondência entre Freud e a Princesa Bonaparte.