Abril de 2021 – Vol. 26 – Nº 04
Luciana Lage de Souza, Claudia Pereira Ribeiro Leiria,
Maria Eugênia Nogueira Nico, Ana Cecilia Petta Roselli Marques e
Graziella Caridade Santoro
RESUMO
A cirurgia bariátrica, segundo a recomendação formal, é indicada para as pessoas com obesidade grau III
(índice de massa corporal acima de 40) e para as de grau II (índice de massa corporal maior que 35)
quando há comorbidades como pressão alta, diabetes e colesterol alto. Dentre as causas prováveis para o
acúmulo desmedido de gordura no corpo, além de fatores genéticos e hormonais, encontra-se a
compulsão alimentar que, devido à característica intercambiável, contribui para o possível aumento do
consumo de álcool e da evolução para um comportamento de dependência pós-intervenção cirúrgica. A
hipótese mais estudada sobre o fenômeno é a mudança do metabolismo do etanol no sistema
gastrointestinal, que agora acontece de forma mais lenta, intoxicando o usuário de forma mais rápida e
sensibilizando o sistema de recompensa intensamente. Este estudo objetiva apresentar os resultados de
pesquisa desenvolvida com mulheres bariátricas e alcoolistas, integrantes do Coletivo Alcoolismo
Feminino. Um questionário foi respondido por 31 mulheres bariátricas e, através dos dados coletados,
pode-se atestar a importância da investigação do histórico de uso de álcool nas postulantes do
procedimento cirúrgico e a imprescindibilidade do acompanhamento psicológico (e/ou psiquiátrico)
prévio e posterior.
PALAVRAS-CHAVE: Alcoolismo Feminino; Cirurgia Bariátrica; Obesidade; Compulsão Alimentar;
Transtorno por Uso do Álcool
INTRODUÇÃO
A cirurgia bariátrica é um recurso para a melhora do condicionamento físico e da qualidade de
vida entre pessoas obesas que, dependendo da técnica cirúrgica aplicada, pode causar diferentes
alterações fisiológicas no corpo capazes de alterar o balanço energético e o metabolismo.
Levando em consideração a metabolização do álcool, sabe-se que esta é mais lenta nas mulheres
que nos homens. Por isso, transtornos por uso de álcool progridem mais rapidamente no sexo feminino. A
melhor compreensão da relação entre o tratamento cirúrgico da obesidade e a dependência de álcool
motivou o desenvolvimento da presente pesquisa.
METODOLOGIA
Aplicou-se questionário às mulheres bariátricas pertencentes ao Coletivo Alcoolismo Feminino,
durante o período de quatro dias, obtendo-se 31 respondentes. O universo inicial de pesquisa constituiu-se
de 253 mulheres, integrantes do Coletivo Alcoolismo Feminino, cadastradas a partir do preenchimento de
formulário de ingresso, na plataforma Google Forms. Constatou-se, por meio dos dados informados no
cadastro, que 26,48% das integrantes (67 mulheres) passaram por cirurgia bariátrica. A partir daí, deu-se
início à investigação descritiva-exploratória sobre elas.
A participação de 46,27%, 31 de 67 alcoolistas-bariátricas, na investigação aprofundada sobre o
tema foi conquistada, não imposta, e o nível de engajamento nesta avaliação, por si só, é um indicador
importante, apesar de não ser o principal. O tempo para sensibilização pré-pesquisa foi célere, o
entendimento das pretensões em relação ao estudo pode não ter sido absorvido por todas ou a conciliação
de tempo para contribuir não foi possível. No entanto, os dados coletados são ricos em detalhes,
condensam uma descrição minuciosa do contexto investigado, e através deles pode-se observar a
negligência pré e pós-operatória em relação aos riscos do consumo de álcool e a falta de atenção sobre a
característica intercambiável dos transtornos compulsivos.
Coleta de Dados
• Período de coleta dos dados
Entre os dias 24 e 28 de fevereiro de 2021
• Forma de coleta dos dados
A ferramenta utilizada foi o Google Forms, que facilita o processo da coleta de dados e análise dos
resultados.
RESULTADOS
A seguir, reproduzem-se os resultados:
DISCUSSÃO
Os resultados mostraram negligência quanto às orientações/indicações prévias e posteriores ao
procedimento cirúrgico bariátrico, no que tange aos transtornos compulsivos e o consumo de álcool.
CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS
Revelou-se a necessidade de conscientização de que nem toda obesa é compulsiva alimentar.
Dentre as compulsivas alimentares, mostra-se a necessidade do esclarecimento de que a cirurgia bariátrica
é um tratamento cirúrgico da obesidade, mas que ela não trata o “eating binging” (comer muito em um
curto espaço de tempo).
Os dados também mostram que são fundamentais estratégias de educação em saúde mental para
estimular a adesão às orientações (quando prestadas).
Conscientização e orientações prestadas com clareza e transparência se fazem necessárias antes e
após a intervenção cirúrgica, além da criação de estratégias de incentivo ao autocuidado e a sensibilização
para adesão de tratamentos auxiliares e complementares.
REFERÊNCIAS
Entenda melhor como a Cirurgia Bariátrica funciona. Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e
Metabólica. Disponível em https://www.sbcbm.org.br/entenda-melhor-como-a-cirurgia-bariatrica-
funciona/
Alcoolismo em mulheres. Drauzio Varella. Disponível em
https://drauziovarella.uol.com.br/drauzio/artigos/alcoolismo-em-mulheres-artigo/
AGRADECIMENTOS
Lilian Moreira Pará, Poliana Myriam Felipe Rodrigues de Santana e Anna Carolina Rocha Vieira