Weber CAT. Residenciais Terapêuticos: O Dilema da Inclusão Social de Doentes Mentais. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2012.
Residenciais Terapêuticos: O Dilema da Inclusão Social de Doentes Mentais é uma adaptação dos estudos desenvolvidos por Weber[1] no Programa de Pós-Graduação em Psiquiatria do Departamento de Psiquiatria e Psicologia Médica da Escola Paulista de Medicina/Universidade Federal de São Paulo, sob o tema da Reforma da Assistência Psiquiátrica Brasileira em seus efeitos no Rio Grande do Sul, que se tornou um dos Estados da Federação pioneiro pela implantação das propostas transformadoras do modelo de atenção à saúde mental, tanto no campo de uma nova compreensão sobre a doença mental, quanto no campo da assistência aos seus portadores.
A partir do questionamento de qual é o lugar do doente mental em uma sociedade onde não há espaços para o seu reconhecimento como tal, foi desenvolvida esta investigação onde o objeto de estudo é o processo de inclusão social dos doentes mentais selecionados a integrarem os Serviços Residenciais Terapêuticos[2] Morada São Pedro, que estão localizados na Vila Cachorro Sentado/Vila São Pedro, em Porto Alegre/RS.
O livro narra a etnografia realizada por Weber, durante mais de dois anos, na Vila Cachorro Sentado/Vila São Pedro para investigar a inclusão social dos doentes mentais desospitalizados do Hospital Psiquiátrico São Pedro e transferidos para os Residenciais Terapêuticos Morada São Pedro, descrevendo o modo de vida (ethos) dos moradores da vila e o seu comportamento no convívio com os doentes mentais desospitalizados, o que permitiu ao pesquisador conhecer, compreender e descrever as possíveis barreiras culturais existentes a esse modo de vida.
De acordo com o professor Doutor Mario Francisco Juruena – King’s College London, Dept. Psycho Medicine, Inst. Psychiatry, Psychology and Neuroscience -, a inclusão social de doentes mentais em serviços substitutivos a internação em hospital psiquiátrico é tomar consciência das inúmeras dificuldades que a população atendida vivencia neste processo e é, também, uma fonte de sofrimento para os profissionais, o que fica evidente quando o Doutor César Augusto Trinta Weber, com seu talento, descreve os Residenciais Terapêuticos: O dilema da inclusão social de doentes mentais.
Ao mesmo tempo, visualizam que a possibilidade de constituir espaços onde possam minimizar o sofrimento vivenciado com este contato muito imediato com as circunstâncias que produzem adoecimento. Com efeito, estudos têm apontado que estratégias educativas e terapêuticas são eficazes no sentido de acolher questões entendidas enquanto necessidade de enfrentamento potencializadas através da reflexão sobre sua atividade cotidiana.
Se, por um lado, isso é entendido como a necessidade de mudança de atitude, a própria diversificação das estratégias de assistência exige um processo de desenvolvimento profissional que não se observou estar sendo realizado de forma sistemática.
Como enfatiza o professor Doutor Mário Juruena, o vínculo e a continuidade da atenção evidenciam cotidianamente que os cuidados em saúde mental requerem uma abordagem ampliada, sendo significados na mediação de condições sociais como o trabalho, as relações intrafamiliares e o apoio social e comunitário. A inclusão social como recurso terapêutico e o vínculo e continuidade da atenção enquanto possibilidades de ampliação na determinação do processo saúde-doença tem sido destacado por alguns estudos, como o que o Doutor César Augusto Trinta Weber desenvolve com competência em os Residenciais Terapêuticos: O dilema da inclusão social de doentes mentais.
[1]Weber, C.A.T. Morada São Pedro: uma etnografia da inclusão social de doentes mentais desospitalizados. Morada São Pedro: An ethnografy on the social inclusion of people with mental discharged from psychiatric hospital. Tese (doutorado) UNIFESP, Programa de Pós-Graduação em Psiquiatria e Psicologia Médica. São Paulo: UNIFESP/EPM, 2011. O estudo realizado contou com o apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq (Edital Universal, MCT/CNPq nº. 14/2010, Processo nº. 471707/2010 – 4).
[2]Entendem-se como Serviços Residenciais Terapêuticos, moradias ou casas inseridas, preferencialmente, na comunidade, destinadas a cuidar dos portadores de transtornos mentais, egressos de internações psiquiátricas de longa permanência, que não possuam suporte social e laços familiares e, que viabilizem sua inserção social. (parágrafo único do artigo 1º da Portaria MS nº 106, de 11 de fevereiro de 2000).