Sérgio Telles
- O suicídio de celebridades é especialmente chocante, pois é comum se equacionar sucesso, fama e dinheiro com felicidade. Quando alguém que tem tudo isso se mata, vê-se que a coisa é mais complicada. Assim, o suicídio da designer Kate Spade e especialmente o de Anthony Bourdain, ocorridos este mês, provocaram uma onda de perplexidade e lamentação mundo afora. Muitos viam Bourdain como um modelo, um legitimo representante da virilidade tranquila e bem resolvida, um homem simpático, de contato fácil e amistoso, aventureiro, ousado, usufruindo sem culpa dos prazeres da vida, das viagens e da boa comida. Seu suicídio destruiu essa imagem e expôs seu lado sombrio de usuário de drogas pesadas, contra o qual vinha lutando e que terminou por abatê-lo. Nos links abaixo temos uma emocionada homenagem de um psiquiatra norte-americano a Bourdain; o texto de uma jornalista cuja irmã suicidou-se e que lamenta o que chama de “a indignidade do suicídio de celebridades”, referindo-se a Bourdain e à Kate Spade, e um outro que fala do aumento da taxa de suicídio nos Estados Unidos e de medidas preventivas a serem tomadas.
http://robertberezin.com/a-psychiatrists-elegy-for-anthony-bourdain/
https://www.theparisreview.org/blog/2018/06/13/the-indignity-of-celebrity-suicide/
- No final do mês do mês de agosto próximo se completarão trinta anos do falecimento de Françoise Dolto. Preparam-se grandes comemorações na França, com o relançamento de seus livros, palestras e forte exposição na mídia, como a reapresentação de suas entrevistas na televisão e o lançamento de um documentário sobre sua vida e obra. No primeiro dos três links abaixo, vemos uma devastadora crítica desse documentário, desde que a autora o considera eivado de erros grosseiros, mostrando uma imagem completamente equivocada de Dolto. Os outros dois são chamadas da televisão francesa para a exibição de entrevistas da popular psicanalista.
https://www.franceculture.fr/psychanalyse/francoise-dolto
https://www.franceculture.fr/psychanalyse/francoise-dolto-0
- O psicanalista Alexandre Socha resenha o recém-publicado livro “Manuscrito inédito de 1931”, com o texto de Freud escrito para livro em parceria com William Bullitt sobre o Presidente Wilson, que foi suprimido na publicação original. O manuscrito foi descoberto em 2004 por Paul Roazen e traz importantes ideias sobre religião e cristianismo
- Com ataques de pânico, o grande escritor irlandês Samuel Beckett procurou um amigo psiquiatra e analista que o orientou para uma psicanálise com Bion. O neto desse homem comenta a correspondência publicada de Beckett, na qual aparecem menções a seu avô e à análise de Bion.
https://www.lrb.co.uk/blog/2018/06/21/sam-thompson/not-a-word-from-geoffrey/
- Texto de psicanalista argentino no jornal “El Clarín” sobre a importância do combate ao “bullying”, essa manifestação da agressividade grupal contra um bode expiatório, que ocorre nas escolas e é potencializado com o uso das redes sociais.
- A autora do texto, uma psicanalista norte-americana, faz uma precisa e valiosa síntese dos aspectos mais fundamentais da obra de Melanie Klein e agradece ao psicanalista canadense Donald L. Carveth a releitura e acréscimos que tem feito a esse corpo teórico, especialmente ao propor a troca do termo “posição depressiva” por “posição reparadora”, o que evitaria alguns mal-entendidos frequentes. Esta posição, segundo Carveth é a base da moralidade. A esse respeito, Carveth tem opiniões interessantes, como ao criticar a afirmação de que a ética da psicanalise reside apenas na honestidade. Diz ele que outros valores estão necessariamente em jogo na psicanalise, pois “ela valoriza mais a vida que a morte, o amor do que o ódio, a bondade do que a crueldade, a gratidão do que a inveja, a consciência do que a inconsciência”.
https://www.psychologytoday.com/us/blog/the-me-in-we/201806/paranoid-schizoid-and-reparative-states
- A Wellcome Library de Londres guarda um extenso arquivo de notas clínicas, artigos, imagens e outros materiais de Melanie Klein. No site do Melanie Klein Trust (http://www.melanie-klein-trust.org.uk/ ) há informações mais detalhadas a respeito.
https://klein-archive.tumblr.com/
- Marilia Aisenstein, psicanalista egípcia radicada em Paris, discorre sobre sobre a dor e a psicossomática.
- Vera Iaconelli fala sobre Margarete HIlferding, a primeira mulher (médica) a frequentar os encontros psicanalíticos em 1910 e seu pioneirismo em falar sobre a ambivalência do amor materno e o componente erótico do parto.
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/vera-iaconelli/2018/06/a-primeira-psicanalista-no-clube.shtml
- Através de algumas vinhetas clínicas, o autor do texto fala do abuso emocional, mostrando as manipulações e ataques sádicos realizados por pais psicóticos ou sociopatas contra seus filhos pequenos.
https://blogs.psychcentral.com/psychoanalysis-now/2018/06/emotional-abuse-the-hidden-killer/
- Na Rodoviária do Plano Piloto, em Brasília, coletivo de psicanalistas atende gratuitamente interessados que por ali passam ou que foram informados pela internet. Há cerca de 30 grupos de psicanalistas espalhados pelo Brasil praticando esse tipo de atendimento, cuja validade não é uma unanimidade entre os profissionais da área.
- Uma resenha do livro “Becoming myself: a psychiatrist´s memoir”, autobiografia de Irvin D. Yalom, famoso psicoterapeuta e escritor, autor de “Quando Nietzsche chorou”, que a escreveu aos 85 anos e foi publicada no ano passado.
- O texto aborda as mudanças e desafios trazidos pela paternidade, descrevendo as mudanças hormonais e psíquicas que ocorrem nessa condição.
- “Serei demasiadamente narcisista?” – essa é uma das muitas perguntas feitas ao Google, que seleciona as mais pertinentes e encaminha para profissionais convidados respondê-las. No caso, temos uma sintética e esclarecedora explicação sobre o narcisismo.
https://www.theguardian.com/commentisfree/2018/jun/13/am-i-too-narcissistic-google
- Um longo artigo analisa o filme “Annihilation”, o último de Alex Garland (autor do elogiado “Ex Machina”), um ficção cientifica que o autor do texto acha ilustrativo do conceito de pulsão de morte, citando Sabine Spielrein e Freud.
https://www.popmatters.com/annihilation-fear-and-loathing-2573291244.html
- Resenha do livro “On the Couch – A repressed history of the analytic couch from Plato to Freud”, de Nathan Kravis of Egremont. Indo além do icônico divã analítico, o autor apresenta em seu livro um vasto panorama a respeito desse móvel através da história, começando com o “simposion” grego e “convivium” romano, seguindo através de outras eras na civilização ocidental até os atuais anúncios modernos e ilustrações de revistas.
- Longa entrevista com Slavoj Zizek, que se inicia com a pergunta do entrevistador – que texto devo ler para entender sua obra?