ANTIPSYCHOTIC DRUGS ON MAJOR NEUROCOGNITIVE DISORDERS:
BRIEF CONSIDERATIONS
César Augusto Trinta Weber. MD. MSc. PhD. Pós Doutor. Pesquisador do Programa de Assistência, Ensino e Pesquisa em Estresse, Trauma e Doenças Afetivas – EsTraDA, do Departamento de Neurociências da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo/SP/Brazil.
Marcos Paulo Betinarti. MD. Psiquiatra e Psicogeriatra. Hospital Espírita de Porto Alegre/RS/Brazil.
Os autores declaram inexistência de conflito de interesses.
Correspondência: Avenida Ecoville, 190, casa 07. Bairro Sarandi. CEP: 91150-400 Porto Alegre/RS/Brazil. Telemóvel: +55 51 999179797
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ANTIPSICÓTICOS NO TRANSTORNO NEUROCOGNITIVO MAIOR:
BREVES CONSIDERAÇÕES
Resumo: O uso de antipsicóticos no tratamento das alterações do transtorno neurocognitivo maior, vem se mostrando uma discussão controversa e ainda distante de uma uniformidade balizadora da conduta médica quando esta for à opção terapêutica para a redução dos sintomas comportamentais e psicológicos dos processos demenciais. As alterações comportamentais no idoso podem ser uma carga de estresse para os seus cuidadores, além de se consubstanciarem, de fato, em condições de possibilidade, contextualizadas e circunstancialmente, em situações que podem colocar o paciente em risco para si ou terceiros. A decisão de usar uma medicação antipsicótica para tratar alterações comportamentais em pacientes com demência necessita que o médico assistente proceda a uma avaliação criteriosa na análise de risco versus potenciais benefícios.
Palavras-Chave: Antipsicóticos. Demência. Disfunção Cognitiva. Tratamento Farmacológico.
ANTIPSYCHOTIC DRUGS ON MAJOR NEUROCOGNITIVE DISORDERS:
BRIEF CONSIDERATION
Abstract: The use of antipsychotics in the treatment of major neurocognitive disorders has been a controversial and still distant discussion of a uniformity of medical conduct when it is the therapeutic option for reducing the behavioral and psychological symptoms of dementia. Behavioral changes in the elderly can be a burden of stress for their caregivers, in addition to consubstantiate, in contextualized and situational conditions, situations that may put the patient at risk for themselves or others. The decision to use an antipsychotic medication to treat behavioral changes in patients with dementia requires the attending physician to conduct a careful assessment of risk analysis versus potential benefits.
Keywords: Antipsychotic Drugs. Dementia. Cognitive Impairment. Pharmacological Treatment.
A demência é uma síndrome – geralmente de natureza crônica ou progressiva – caracterizada pela deterioração da função cognitiva (ou seja, a capacidade de processar o pensamento). Isso afeta memória, pensamento, orientação, compreensão, cálculo, capacidade de aprendizagem, linguagem e julgamento. A consciência não é afetada. A demência é uma doença muito prevalente, que representa um fardo dramático para os pacientes, suas famílias e a sociedade como um todo.1
Os riscos e benefícios do uso de antipsicóticos no tratamento das alterações do domínio cognitivo, perceptomotor e cognitivo social, características do transtorno neurocognitivo maior, vem se mostrando uma discussão controversa e, portanto, ainda distante de uma uniformidade balizadora da conduta médica quando esta for à opção terapêutica para a redução dos sintomas comportamentais e psicológicos dos processos demenciais (SCPD).
Talvez, um aspecto que mereça ser novamente explorado é aquele que correlaciona o risco da presença de SCPD que, de um lado, está associado a um possível desfecho desfavorável pelo aumento do risco de morte dos pacientes2 e, de outro, que a presença de SCPD vem se mostrando um dos principais fatores para o aumento do estresse entre os cuidadores dos pacientes com demência fato que incide, por consequência, em uma prevalência maior de transtornos psiquiátricos (do burnout aos transtornos depressivos) nessa população.3,4
Para a American Psychiatric Association – APA , em seu Practice Guideline on the use of Antipsychotics to Treat Agitation or Psychosis in Patients with Dementia,5 a demência está associada a uma carga considerável de cuidados no contexto da saúde pública que está crescendo rapidamente à medida que a população envelhece. Além de deficiências cognitivas, indivíduos com demência freqüentemente recebem atenção clínica devido a sintomas de um distúrbio comportamental ou psicose.
Ballard, Waite & Birks,6 destacam que a agressividade, agitação psicomotora ou sintomas psicóticos ocorrem na maioria das pessoas com demência em algum momento da doença.
De acordo com a APA, o fardo para os cuidadores é substancial e aumenta quando a demência está associada a sintomas comportamentais e psicológicos, e particularmente com agitação ou agressão. O tratamento de sintomas psicóticos e agitação em indivíduos com demência freqüentemente envolve o uso de medicamentos antipsicóticos. Nos últimos anos, os riscos associados ao uso desses agentes na população adulta mais velha tornaram-se evidentes, havendo a necessidade crescente do desenvolvimento de diretrizes para o uso adequado de medicamentos antipsicóticos na demência.5
Sem descuido, merece reforço que as alterações comportamentais no idoso podem ser uma carga de estresse para os seus cuidadores, além de se consubstanciarem, de fato, em condições de possibilidade, contextualizadas e circunstancialmente, em situações que podem colocar o paciente em risco para si ou terceiros.
Por fim, a decisão de usar uma medicação antipsicótica para tratar alterações comportamentais em pacientes com transtorno neurocognitivo maior (demência) necessita que o médico assistente proceda a uma avaliação criteriosa na análise de risco versus potenciais benefícios.
Referências
1. Lird M, Ruiz Díaz N. Tratamiento farmacológico de la demencia. Medicina Clínica y Social. 2017; 1(3):217-221.
2. Maust, DT; Kim, HM; Seyfried, LS; et al. Antipsychotics, Other Psychotropics, and the Risk of Death in Patients With Dementia Number Needed to Harm. JAMA Psychiatry. 2015; 72(5): 438-445. DOI:10.1001/jamapsychiatry.2014.3018.
3. Donaldson C, Tarrier N, Burns A. Determinants of career stress in Alzheimer’s disease. Int J Geriatr Psychiatry.1998;13 (4):248-56.
4. Ballard CG, Eastwood C, Gahir M, Wilcock G. A follow-up study of depression in the careers of dementia sufferers. BMJ. 1996; 312(7036):947.
5. American Psychiatric Association. Practice Guideline on the use of Antipsychotics to Treat Agitation or Psychosis in Patients with Dementia. Washington, DC: American Psychiatric Association Publishing, 2016.
6. Ballard CG, Waite J, Birks J. Atypical antipsychotics for aggression and psychosis in Alzheimer’s disease. Cochrane Database of Systematic Reviews 2006, Issue 1. Art. No.: CD003476. DOI: 10.1002/14651858.CD003476.pub2