Volume 22 - Novembro de 2017 Editor: Walmor J. Piccinini - Fundador: Giovanni Torello |
Novembro de 2015 - Vol.20 - Nº 11 História da Psiquiatria PEQUENO HISTÓRICO DA PSIQUIATRIA INFANTIL
EM MINAS GERAIS José Raimundo da Silva Lippi
Psiquiatra da Infância e Adolescência A doença
mental, segundo pesquisas epidemiológicas, aponta elevada prevalência na
população em geral. De acordo com os levantamentos do Banco Mundial, das dez
doenças mais incapacitantes quatro são psiquiátricas: depressão, esquizofrenia,
distúrbios ansiosos e alcoolismo (Saraceno, 1999, p.
76). É uma doença que acomete crianças, jovens e adultos; homens e mulheres;
negros e brancos; pobres e ricos. Não existe, portanto, nenhum grupo humano ou
comunidade conhecida pelo seu nível de desenvolvimento que esteja livre de
desordem mental. A doença psquiátrica exerce um forte
efeigo negativo na vida de uma pessoa que, além de
ter de suportar, durante um certo tempo, os
sofrimentos causados pelos próprios sintomas da doença, tem de suportar o
distanciamento dos familiares, a perda, por muitas vezes, da sua fonte de
recursos, o distanciamento social e, na maioria das vezes, a solidão. A maioria dos quadros psiquiatricos têm
inicio na infância e dai a importância de se compreender o desenvolvimento do
ser humano para a compreensão do seu adoecer. HISTÓRICO: A história da psiquiatria começou quando um
homem tentou aliviar o sofrimento de outro homem, influenciando-o. Quando o sofrimento psíquico e físico não se distinguiam entre si,
o precursor da psiquiatria era qualquer homem que cuidasse de outro homem com
dor. A história da psiquiatria começa assim com a história do primeiro curador
profissional, o médico-feiticeiro. Na sociedade mais
primitiva o homem que os outros acreditavam ter poderes misteriosos, entre os
quais a capacidade de provocar chuva ou sol, de prever vitória na guerra ou de
fazer as plantações crescerem, tinha também a tarefa de curar os doentes No
mais das vezes, o médico-feiticeiro era o sumo sacerdote não apenas o chefe da
tribo, mas também o feiticeiro do clã. Entre raças mais adiantadas, os
médicos-feiticeiros formavam uma classe de elite e, em geral, quanto mais
elevada era a cultura, mais seleta era essa casta. Em algumas culturas, o
médico-feiticeiro herdava sua profissão ou era nomeado para esse cargo porque
algum incidente incomum indicara ser ele um favorito especial dos deuses: por
exemplo, se evitara ferir-se em uma situação nas qual outro homem
poderia ter morrido ou ter sido mutilado. Frequentemente
um homem se tornava médico-feiticeiro após ter tido uma convulsão ou entrado em
transe e experimentado uma alucinação que lhe revelava ser isso o que devia
ser. Este método de seleção é especialmente comum entre os Osa-Kaffirs
da África do Sul, algumas Tribos Siberianas e Índios Norte-Americanos[]. Muitas “tribos” de especialistas moderno usam o mesmo
método. E muito encontrado no Brasil alguns psiquiatras milagreiros. Na
psicanálise ainda existem alguns sumos sacerdotes. Psiquiatria
Infantil Valentim Gentil Filho, no prefácio de (Assumpção
Jr.,1995:10), afirma que: “ A psiquiatria infantil ainda
não é uma especialidade independente no Brasil”. Tampouco é valorizada
no contexto da psiquiatria clínica, que tem no adulto sua expressão maior.
Talvez isto aconteça em virtude de ser temática recente dentro do contexto psiquiátrico
brasileiro, que, por sua vez, também é extremamente jovem frente à prática
médica, que tem uma história desde a Colônia. Eu agrego o fato que me parece anterior e mais
marcante: a não valorização do trabalho de Emminghaus,
conforme nos relata o já citado (Alexander e Selesnick,
1968:479): “Infelizmente as idéias de Emminghaus
foram ignoradas; e posteriormente influentes Manuais de Psiquiatria de Kraepelin e Bleuler omitem toda
referência a perturbações mentais infantis em si próprias”. A tendência da
literatura estava firmada: “as crianças deviam ser consideradas como
adultos em miniatura e
portanto não tinham direito a método distintivo”. “É lamentável que uma das mais esclarecedoras
apresentações da psiquiatria infantil em fins do século XIX tenha tido pouca
influência. Em 1887, Hermann Emminghaus publicou Psychic Disturbances of Childhood. O trabalho dele
é importantíssimo, segundo Ernest Harms.[], historiador da psiquiatria, que afirmou; "Foi
uma das pouquíssimas tentativas feitas até aquela época de dar uma apresentação
geral sistemática da psiquiatria infantil. As doenças mentais em crianças eram
descritas como "incomparáveis" com as de adultos e tornava-se
necessária uma nítida separação do estudo científico nos dois termos. (Alexander e Selesnick,
1968:479) nos alerta ainda que: Eminghaus iniciou seu
livro com um estudo epidemiológico estatístico de condições mentais anormais da
infância que encontrou na Alemanha. Ele dividiu as psicoses em resultantes de
causas físicas, como as doenças do cérebro, e resultantes de fatores
psicológicos, como excessivo medo ou ansiedade. Este Psiquiatra Alemão observou
que más condições domésticas, má educação e situações sociais doentias
produziam doenças mentais em crianças; discutiu as perturbações patológicas no
pensamento e imaginação, e apresentou um levantamento sistemático de várias
entidades patológicas. O esclarecido ponto de vista deste autor estendeu-se à
criança delinquente, que em seu entender sofria de uma
doença e não de moral ruim, e precisava ser compreendida e ajudada, ao invés de
punida. Infelizmente as ideias de Emminghaus
foram ignoradas; e posteriormente influentes manuais de psiquiatria de Kraepelin e Bleuler omitem toda
referência a perturbações mentais na infância. Como podemos observar não é de agora que Psiquiatria Geral perde a oportunidade de
compreender melhor os pacientes adultos. Todo adulto foi criança e adolescente
e são nestas faixas etárias que muitas patologias são iniciadas. Aliás, sempre defendemos a ideia de que o Psiquiatra Geral deveria fazer primeiro a
Residência de Psiquiatria Infantil, pela necessidade de saber como se processa
o desenvolvimento motor, cognitivo, afetivo e intelectual. A construção da
patologia mental passa por estes conhecimentos. Eu afirmo este detalhe por que
me formei primeiro em Psiquiatria Geral e, pelas circunstâncias, entrei no
mundo da Psiquiatria da Infância. Com
ela eu pude verificar a verdadeira dimensão da patologia mental do adulto,
levando em conta o ser humano e sua patologia em constante desenvolvimento. HISTÓRIA
DA SAÚDE MENTAL INFANTIL: A
CRIANÇA BRASILEIRA DA COLÔNIA À REPÚBLICA VELHA* O Brasil desde a colônia possuía pessoas
interessadas em estudar a infância. Com o esclarecedor artigo acima, Paulo Rennes[] traça uma trajetória da Saúde Mental e dos
cuidados à infância no Brasil da Colônia à República Velha. No período colonial
não havia cuidados especiais à criança. O que tem sido encontrado para
compreender a criança colonial são relatos descritos em documentos, tratados e
cartas da época, e em descrições de viajantes que aqui aportaram para conhecer
o Novo Mundo. Depois do século XVIII a urbanização das
cidades requer a intervenção médica nas questões de higiene e saúde, e
gradativamente muda a concepção de criança, primeiro na Europa, depois no
Brasil, chegando o século XIX com médicos preocupados com a questão da
mortalidade infantil e com os cuidados que se deveria ter com a criança,
negligenciada até então. É no século XIX que se inicia a
institucionalização dos saberes médicos e psicológicos aplicados à infância e é
quando podemos obter mais registros sobre que cuidados eram reservados à
criança. Os
Hospitais e a Psiquiatria Hospital
Pedro II - RJ O primeiro hospital psiquiátrico brasileiro foi
o Hospício D. Pedro II, inaugurado em 5 de dezembro de 1852, no Rio de Janeiro.
A partir de então, em várias cidades foram criados
outros manicômios, e a assistência aos doentes mentais passou a ter
regulamentação própria e um lugar específico para tratamento e internação. O
interesse dos médicos pelas doenças mentais resultou também na elaboração e
defesa de numerosas teses e na criação de uma cadeira específica de
psiquiatria, em 1881. As faculdades de medicina da Bahia e do Rio de
Janeiro, tornou a psiquiatria independente da medicina
legal, a que estiveram associadas desde seu nascimento. Os trabalhos de Arruda, (1995)[], Januzzi (1992)[] e de Uchôa,
(1981) [], apontam dados históricos importantes sobre a Psiquiatria
Infantil: O primeiro trabalho de que se tem relato
voltou-se para a deficiência mental, ou idiotia, e era a monografia de Carlos
Eiras, Tratamento dos Idiotas, de
1900, apresentada no IV Congresso de Medicina e Cirurgia, no Rio de Janeiro. Pavilhão
Bourneville – 1903 - Hospício Pedro II Já percebemos, que desde aquela época, a
estreita relação entre a psiquiatria infantil, a deficiência mental, a
psicologia e a pedagogia, representada pela associação de trabalhos, pesquisas
e profissionais que viam a importância de uma atuação integrada e
multiprofissional. Em 1903 Juliano Moreira e Fernandes Figueira
inauguraram um pavilhão anexo ao Hospital Psiquiátrico da Praia Vermelha,
destinado às crianças portadoras de enfermidades mentais, as quais, até então,
compartilhavam o mesmo espaço dos adultos. Segundo o estudo de Januzzi (1992), com a criação do Pavilhão Bourneville, em 1903, anexo ao Hospício da Praia Vermelha,
(Rio de Janeiro), as crianças passaram a receber também orientação pedagógica. HOSPITAL
DO JUQUERI – São Paulo Em São Paulo, o primeiro pavilhão infantil foi
criado em 1921, por Franco da Rocha, neste Hospital do e dirigido por Vicente
Batista. Neste pavilhão infantil foi
também criada uma escola, sob orientação do professor primário Norberto Souza
Pinto, em 1929. (Fiore,1982:167)[] acrescenta que esta foi uma das inovações
introduzidas no Juqueri: a primeira escola para
crianças anormais, com dois pavimentos e capacidade para 60 crianças, algumas
das quais já se encontravam internadas no Juqueri, na
época da inauguração, e outras transferidas com a colaboração do Juizado de
Menores. Ulisses Pernambucano Em Pernambuco, o trabalho pioneiro de Ulysses
Pernambucano no atendimento dos doentes mentais, que criou vários serviços até
então inéditos e foi responsável por várias reformas assistenciais, estendeu-se
aos cuidados da criança. Criou, em 1925, o Instituto de Psicologia, de onde
saíram numerosas pesquisas sobre testes de inteligência, o grafismo e o estudo
do Roscharch. Foi o autor de um dos primeiros
trabalhos brasileiros sobre deficiência mental, em 1913: Classificação das crianças anormais: a parada do desenvolvimento
intelectual e suas formas. A instabilidade e a astenia mental. Em 1929
criou uma equipe multiprofissional para atuar com as crianças do Instituto de
Psicologia. Minas Gerais Em Minas Gerais, a psicóloga russa Helena Antipoff implanta o Laboratório de Psicologia da Escola de
Aperfeiçoamento Pedagógico, em 1929, onde realiza pesquisas sobre testes de
inteligência e desenvolvimento mental de crianças. Posteriormente criou a
Sociedade Pestalozzi e o Instituto Pestalozzi,voltados
para os cuidados de crianças deficientes mentais. Psiquiatria
Infantil Brasileira: Período Colonial Aleitamento
Materno No período Colonial os médicos basearam-se nas
práticas e costumes correntes, um deles bastante mencionado, o da amamentação
mercenária: o uso de escravas como amas-de-leite, obrigadas a amamentar os
bebês brancos, cujos pais pagavam aos proprietários destas escravas pelos
serviços por elas prestados. As críticas a esta prática consistiam na condição
psicológica e moral da escrava no puerpério, na
maioria das vezes com o próprio filho alijado de seus braços e cuidados para
dar lugar à criança estranha do patrão ou do branco que utilizava seus serviços
de ama-de-leite. Freyre (1978)[] assinala que a questão da
amamentação gerou várias teses defendidas nas faculdades de medicina, como a de
José Ribeiro dos Santos Zanith, intitulada Do aleitamento natural, artificial e misto
em geral e, particularmente, do mercenário em relação às condições da cidade do
Rio de Janeiro, em 1869; e a de A. J. F. Bretas,
intitulada Dissertação inaugural sobre a
utilização do aleitamento materno e os inconvenientes que ressaltam do desprezo
deste dever, em 1838. As várias causas levantadas e as propostas
apresentadas para sua erradicação poderão ser mais bem estudadas em Freyre
(1978), Costa (1989) e em alguns autores do século XIX, como Teixeira (1876) e
o Barão do Lavradio (1887). Também Rousseau (1879), no seu “Émíle”,
já falava da importância dos cuidados maternos.
HIGIENISMO O higienismo
constituiu-se num forte movimento, ao longo do século XIX e início do século
XX, de orientação positivista. Foi formado por médicos que buscavam impor-se
aos centros de decisão do Estado para obter investimentos e intervir não só na
regulamentação daquilo que estaria relacionado especificamente à área de saúde,
mas também no ordenamento de muitas outras esferas da vida social. Diante dos
altos índices de mortalidade infantil e das precárias condições de saúde dos
adultos, e tendo em vista a disseminação de novos conhecimentos e técnicas
provenientes do avanço da ciência, o higienismo
conseguiu influenciar decisivamente a emergência de novas concepções e novos
hábitos (pp. 33-34)[]. Os higienistas,
preocupados com a formação moral, física e intelectual das crianças, e
respaldados pelas inúmeras teses das faculdades de medicina, ditavam as regras
e normas no preparo e aperfeiçoamento dos futuros “homens da sociedade”.
Disciplina, ordem e aproveitamento do tempo norteavam o dia-a-dia nos colégios.
O controle da sexualidade, sob os ditames da moral médica, tornou-se ponto
importante no rol das atividades consideradas danosas à formação da criança, as
quais por isso deveriam ser proibidas, erradicadas, fiscalizadas. A masturbação
era prática considerada nociva à saúde e, como tal, necessitava ser contida a
qualquer custo. Ou seja, defendendo a criança, atingiu-se a família, e, em
decorrência, alterou-se substancialmente a sociedade brasileira. A importância
dos higienistas para a psiquiatria infantil, que começaria
a engatinhar décadas depois, está em que eles lançaram as
bases de uma medicina que se preocupava com a criança e seu desenvolvimento,
ainda que não voltada para a patologia mental propriamente dita, mas para uma
profilaxia e cuidados morais da criança normal, que eram considerados
importantes na época. As crianças consideradas insanas, geralmente as
pertencentes às classes sociais desfavorecidas, acabavam compartilhando o mesmo
espaço dos adultos nos manicômios criados em meados do século XIX, pois não
havia ainda estudos específicos sobre as doenças mentais infantis nem uma
classificação que diferenciasse as formas e manifestações da morbidade no
adulto e na criança. A
assistência institucional era incipiente no Império, como exemplifica (Kramer,1992)[]: “A ideia de proteger a
infância começava a despertar, mas o atendimento se restringia a iniciativas
isoladas que tinham, portanto, um caráter localizado. Assim, mesmo aquelas instituições dirigidas às
classes desfavorecidas, como por exemplo, o Asilo dos Meninos Desvalidos,
fundado no Rio de Janeiro em 1875 (Instituto João Alfredo), os três Institutos
de Menores Artífices, fundados em Minas em 1876, ou os colégios e associações
de amparo à infância (como o primeiro jardim da infância do Brasil, Menezes
Vieira, criado em 1875), eram insuficientes e quase inexpressivos frente à
situação de saúde e educação da população brasileira” (Kramer, 1992:50). Será com o advento da República que esta
situação começará a se modificar. A libertação dos escravos, em 1888, seguida
pela vinda de imigrantes europeus, transformou o
quadro urbano nas principais cidades brasileiras, notadamente a capital do
país. A população de baixa renda aumentou consideravelmente, o que incluía
também o aumento da população infantil, todos sujeitos a condições subumanas de
vida que despertavam nas elites sentimentos ambivalentes de pena e repulsa,
paternalismo e repúdio. Na fala de Pereira (1992)[]. Uma série de elementos reforçou a imagem
negativa do “populacho”, como as epidemias, que se iniciavam nas zonas pobres,
o aumento da criminalidade, da mendicância, do comércio ambulante e as reações
políticas, como as greves e os motins... Neste novo quadro urbano, a figura da
mãe pobre, perambulando pelas ruas com seus filhos subnutridos, e dos menores
abandonados, envolvidos o mais das vezes, com atividades suspeitas mudou a
perspectiva de entendimento da criança. Este quadro perdurou por muitos e muitos anos,
como veremos. SEXUALIDADE A sexualidade foi o terceiro ponto de interesse
e preocupação da medicina brasileira no tocante à infância, juntamente com a
mortalidade infantil e a educação. Estas questões foram abordadas quase ao
mesmo tempo e uma foi decorrente da outra. Ao buscar as causas e soluções para
a mortalidade infantil, os médicos higienistas
propuseram mudanças na alimentação e nos costumes familiares, as quais incluíam
a adoção de uma nova pedagogia moral que sugeria que a criança seria mais bem
formada e educada nos colégios internos. Por outro lado, o
cotidiano nestes internatos e o contato muito próximo entre indivíduos na
puberdade e na adolescência coletivizavam o desabrochar da sexualidade e
tornavam o sexo mais visível, mais percebível, justamente numa época em que a
repressão à sexualidade e sua manifestação passava pela mais intensa forma de
controle, contenção e condenação na Europa e na América. A Era Vitoriana conseguiu que médicos e
estudiosos disseminassem, através de suas obras, os ideais de repressão que
adotava e que davam respaldo científico à necessidade do controle sexual. Lorde
William Acton (1813-1875) e o médico alemão Von Krafft-Ebing (1840-1903) [] expuseram teorias
caracterizando a prática sexual como responsável por doenças; a perda do
esperma e a masturbação levavam o indivíduo à loucura e provocavam doenças da
pele e tuberculose; as mulheres eram criaturas assexuadas e não tinham orgasmo;
a sexualidade aberta levava ao crime, etc. Muitos outros médicos, educadores e
religiosos, através de seus escritos, reforçavam a ideia
do sexo como uma “doença repugnante’ (Ribeiro, 1990:8)[]. Na verdade eram
divulgadores das ideias. Psicanálise Há mais de um século, Sigmund Freud ousou
relacionar dois temas que pareciam muito distantes entre si: sexualidade e
infância. Em 1905, ele publicou Os três ensaios sobre a sexualidade [], num dos
quais abordava especificamente a sexualidade infantil - conceito fundamental
para a Psicanálise, até os dias atuais.
Esta descoberta propiciou a compreensão de uma
sexualidade não doente, mas que poderia ser partícipe das patologias mentais. Psiquiatria
Infantil A psiquiatria infantil recebeu seu impulso de
vários movimentos sociais, particularmente, reformas sociais que deram ênfase à
educabilidade de crianças mentalmente retardadas, movimentos de higiene mental
e orientação infantil, e a atenção dedicada à criança delinquente.
Antes de tornar-se ampla a influência de Freud, as observações de crianças
normais feitas por psicólogos tinham maior efeito sobre o desenvolvimento neste
terreno do que os escritos de psiquiatras. A influência de Freud persistiu por
muitos anos. Após Melanie Klein e alguns de seus seguidores a compreensão do
psiquismo infantil passou para uma outra lógica e
outra dimensão. Primeiros Escritos No começo do século XIX, os psiquiatras
interessavam-se principalmente em classificar psicoses de crianças. Esquirol diferenciou a criança mentalmente defeituosa da
criança psicótica em seu livro Maladies Mentales (1838) e relatou várias histórias de casos
interessantes de crianças com impulsos homicidas. O livro de Esquirol foi o orientador e influenciou os
Psiquiatrias por mais de 50 anos. Wilhelm Griesinger dedicou parte de seu influente
livro Pathologie und Therapie der Psychischen Krankheiten (1845) aos problemas psiquiátricos de
crianças. Ele observou que muitas das condições que descreveu em adultos - por
exemplo, mania e melancolia - eram também encontradas em crianças. Classificou
as doenças mentais de crianças sob os mesmos títulos que as de adultos e
acreditava que havia causas predisponentes tanto psicológicas como orgânicas. Henry Mauds[ey, contemporâneo de Griesinger,
dedicou trinta páginas de seu livro Physiology and Pathology of
the Mind (cerca de 1867) à "Insanidade no Começo da Vida".
Como seu colega, Maudsley classificou as doenças
mentais infantis sob os títulos empregados para doenças de adultos; ao
contrário de Griesinger, que recomendava o emprego de
métodos educacionais para curar doenças mentais da infância, Maudsley não aconselhava forma alguma de tratamento. Nas
duas últimas décadas do século XIX, as discussões entre os expoentes do setor
foram "limitadas pelo fatalismo que via nos distúrbios (da infância)
relatados os resultados irreversíveis de hereditariedade, degeneração, masturbação
excessiva, excesso de trabalho ou preocupação religiosa." Em fins do século XIX houve alguns estudos,
embora não de psiquiatras, nos quais se tentou explicar o comportamento e a
psicologia das crianças. Charles Darwin escreveu um tratado descritivo, A Biographical Sketch of an Infant (1876) que
estimulou trabalhos semelhantes de outros autores. William Prever publicou na
Alemanha um importante trabalho de observação intitulado The Mind of the Child, que se estendia
sobre os padrões desenvolvimentais do crescimento e
comportamento da criança. Um psicólogo, James Scully, escreveu um livro
compreensivo, The Studies in Childhood (1895), no qual observou que a recreação
revela muita coisa dos processos mentais da criança. Esta observação permitiu
aos estudiosos dar importância à atividade lúdica e à própria ludoterapia. Milicent Shinn, em Notes on the Development
of a Child (1893), fez
cuidadosa descrição do desenvolvimento dia a dia de um recém-nascido. Em 1891
Stanley Hall fundou Pedagogical Seminary, uma
revista dedicada à publicação de estudos sobre crianças; os artigos nela
contidos defendiam a ideia de que o conhecimento da
criança deve ser baseado em uma apreciação do comportamento normal. Psicanalise da Infância Anna Freud, a filha caçula do casal Sigmund e
Martha Freud, nasceu no dia 3 de dezembro de 1895, em Viena. Ela iniciou sua
vida profissional como professora primária e lecionou durante toda a Primeira
Guerra Mundial (1914-1920). Posteriormente, foi pioneira no desenvolvimento da
psicanálise de crianças (1923). Seu trabalho teórico abarcou o exame das
funções que o ego desempenha no sentido de tornar tolerável a intensidade da
ansiedade despertada por ideias e sentimentos
penosos, diante das demandas pulsionais. Seu primeiro
livro foi O Tratamento Psicanalítico de
Crianças (1927). Outros se fizeram seguir: O Ego e os Mecanismos de Defesa (1936), Infância Normal e Patológica (1965), The Writings of Anna
Freud (coletânea/8 volumes/1968-1983) Em março de 1938, a família Freud, auxiliada por
Ernest Jones e a Princesa Marie Bonaparte, fugiu da Áustria (dominada pelos
Nazistas), refugiando-se em Londres. Neuropsiquiatria
Infantil Arnold Gesell O estudo do desenvolvimento normal da criança
avançou extraordinariamente nos Estados Unidos com Arnold Gesell
(1880-1961). Ele iniciou sua carreira
como estudante de psicologia com Hall na Universidade Clark e depois conquistou
um diploma de medicina em Yale. Em 1925 Gesell publicou
um esboço compreensivo e sistemático do padrão de desenvolvimento normal das
crianças, intitulado: The Mental Growth of the Pre-Schools Child: A Psychological Outline of Normal Development from Birth to the Sixth
Year, Including a System of Developmental Diagnosis. O efeito do trabalho de Gesell sobre a prática clínica
reside em sua insistência no sentido de ser necessário entender a normalidade
antes que se possa compreender o desvio. Gesell e
seus colegas em Yale acentuaram que cada período sucessivo de desenvolvimento
se deriva do precedente procuraram, também, mostrar em nível de comportamento
como se processa o desenvolvimento. ANTÔNIO
BRANCO LEFÉVRE Nascido na cidade de São Paulo, em 6 de outubro
de 1916, cursou a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo de 1936 a 1941.
Diplomado em 1941 pela Faculdade de Medicina da Universidade
de São Paulo, desde 1939 Lefèvre freqüentava o Serviço de Neurologia daquela
Faculdade, o qual funcionava na Santa Casa de São Paulo, na categoria de estudante-adido De 1941 a 1943
verificou Lefèvre que a Neurologia e a Pediatria não
seriam suficientes para uma especialidade que lidava com o desenvolvimento do
Sistema Nervoso (SN) e julgou importante para sua formação estudar, conhecer
também, problemas de ordem psicológica. Por esta razão, viajou para o Rio de Janeiro - naquela época centro cultural e científico da Nação - para assistir
ao Curso de Psicologia do Professor André Ombredane - professor francês, também especialista em problemas de linguagem. No
mesmo ano matriculou-se no Curso de Psicologia da Faculdade de Filosofia da Universidade do Brasil, curso este de 3 anos, o qual conseguiu
completar em um ano. Acompanhou também o referido Prof. Ombredane
em trabalhos práticos de Psicologia nos Grupos escolares da Prefeitura do Rio
de Janeiro, bem como no estudo dos distúrbios de linguagem e da palavra escrita
e falada, no Instituto Nacional de Surdos-Mudos, demonstrando seu interesse
pelo desenvolvimento mental da criança. Nesse mesmo ano assistiu a um Curso de Psicodiagnóstico de Rorschach -
ministrado pelo Prof. José Leme Lopes - na Faculdade Nacional de Medicina, além de um Curso de Neurologia Pediátrica,
inicialmente ministrado pelos Profs. Ary Borges Fortes e Martagão Gesteira, em São Paulo. De 1945 a 1950 Lefèvre retornou a São Paulo e integrou a equipe de
neurologistas da FMUSP, então já instalada, desde 1945 no atual Hospital das Clínicas. E, é nesta data - 1950 - que a Neurologia
Infantil toma foros de especialidade, verdadeiramente científica, quando Lefèvre apresenta suas duas teses, a saber: A tese de Doutoramento - versando sobre "Contribuição para o estudo da patologia da afasia em
crianças" - tese esta de repercussão internacional pois
foi pioneira no assunto, tanto que foi citada nos trabalhos sobre distúrbios da
liguagem por Hécaen e Lenneberg, eminentes especialistas no assunto. A tese de
Docência-Livre, versando sobre "Contribuição para padronização do exame
neurológico do recém-nascido normal" - obra que antecedeu em dois anos
a obra de André-Thomas e Saint-Anne Dargassies;
várias manobras e sinais atribuídos a esses pediatras franceses, na realidade,
foram primeiramente descritos por Lefèvre. É necessário que se aponte a
opinião de um dos maiores semiologistas americanos da
época - Wartenberg - que ao receber o resumo em
inglês da tese de Lefèvre refere-se elogiosamente
acentuando a monumentalidade do exame neurológico do
recém-nascido de Lefèvre. O reconhecimento de Lefèvre
como fundador da neurologia infantil no Brasil se deu desde os primeiros anos
de êxito de sua atividade. Em 1967, ao apresentar memorial se candidatando ao
cargo de professor da disciplina de Clínica Neurológica Infantil isto fica
evidente. A comissão examinadora, composta de Adherbal
P.M. Tolosa, Paulo Pinto Pupo, Oswaldo Lange, Fernando de Oliveira Bastos e Horácio Martins Canelas, por unanimidade aprovou o candidato,
concluindo seu relatório com as seguintes palavras: “ Tendo analisado
atentamente o currículo apresentado pelo Dr. Antônio Frederico Branco Lefèvre e comprovada a extensão e o relevo da Escola de Neuropediatria de que é legítimo fundador..." e termina por credenciá-lo ao cargo. A partir da década de 1960,
dedica-se também a uma linha de pesquisas buscando quantificar a semiologia da
infância, dando origem ao Exame Neurológico Evolutivo, padronizado com sua
equipe nas diversas faixas etárias. Lefévre esteve em Belo Horizonte diversas vezes. Deixou marcas indeléveis
naqueles que tiveram o privilégio de conviver com ele. História
do HNPI O HNPI completará no dia 28/11/2015 68 anos de
idade. Desde que foi inaugurado em 1947 o HNPI, hoje CEPAI, passou por várias
mudanças visando o aprimoramento e modernização de seu modelo assistencial. Foi
criado por meio do Decreto-Lei nº. 2.094 e destinada importante verba para sua
construção. Entretanto, este dinheiro foi aplicado para a construção do atual
Hospital Militar e as crianças portadoras de doença mentais foram, mais uma
vez, relegadas à um segundo plano. Elas foram
instaladas no prédio que abrigava o primeiro Hospital Militar da Força Pública
de Minas Gerais, inaugurado em 1914. À época chamava-se Hospital de Neuropsiquiatria
Infantil e, juntamente com o Instituto de Psicopedagogia,
eram subordinados à Divisão de Assistência Neuropsiquiátrica do Departamento
Estadual de Saúde. Entrada do HNPI em 1969
O Prédio construído pelo engenheiro José Zuquim em 1928-1929, para o funcionamento do Hospital da
Policia Militar, cedeu lugar, à guisa de modelo do Hospital Colônia de Barbacena, se
transformou em Hospital de Neuropsiquiatria Infantil (HNPI). Em 1942, neste
hospital tipo Colônia estavam internadas 400 doentes mentais. Em 1964 a ala
feminina ruiu e as meninas foram transferidas para o Hospital Galba Velloso (HGV) que atendia somente mulheres,
portadores de doenças mentais. Foi criada, então, a 5a.
Enfermaria. Ainda estudante, fui levado
à direção desta Enfermaria, pelo brilhante diretor Dr. Jorge Paprocki. Em 1969, Ainda sob a orientação deste psiquiatra
visionário e que transformou a Psiquiatria Mineira, tive o privilégio de
assumir a direção do HNPI com cerca de 200 crianças e adolescentes de ambos os
sexos. José Raimundo Lippi –
Diretor do HNPI - 1969 HNPI - 1969 HNPI - 1969 Era um grande desafio para um jovem Psiquiatra
que assumia enorme responsabilidade levando em conta as palavras de Paprocki: “Você tem condições de revolucionar a
assistência asilar oferecida às crianças e fazer a psiquiatria infantil uma
realidade em nosso meio”. Criamos o Centro de Estudos do HNPI e lá
estiveram figuras da maior importância na Psiquiatria Mundial. Alguns dando
cursos diretamente na nova casa e outros de passagem por lá quando participavam
de congressos Estaduais, Regionais, Nacionais e Internacionais, que eram
organizados por nossa equipe ou que ela colaborava na organização. Abaixo,
alguns deles: Telma Reca de Accosta – Psiquiatra da Infância (Argentina) – HNPI/1969
Lippi – Ivoneide Trindade – Lefévre
– ABENEPI/Recife Luiz Henrique Prego Silva e Vida Prego. Prego
deu curso no HNPI. Prego Silva o 1o. Catedrático de
Psiquiatria Infantil da América Latina, do Uruguai, exerceu a especialidade no
Hospital Pedro Visca, onde eu estagiei. Ele foi o primeiro
a dar um Curso de Psiquiatria Infantil no Centro de Estudos do HNPI. Eu viajava
periodicamente para supervisões e estágio. Ele me acolhia de forma carinhosa. Stanilaw Krynski – 1o. Psiquiatra da
Infância do Brasil. Krynski foi um dos introdutores da Psiquiatria Infantil no nosso
Pais. Excelente colega a amigo esteve em Belo Horizonte várias vezes. Haim e Feiga Grunspun –
Araxá/MG - 1972 HAIM GRUNSPUN foi um dos grandes psiquiatras da
infância e daqueles que mais contribuíram para a implantação da especialidade
no Brasil. Ele deu Curso no Centro de Estudos do HNPI. É importante salientar que o
movimento de implantação da Psiquiatria Infantil e transformação da Assistência
Asilar em Minas Gerais teve inicio na década de 60. Não se pode
transformar aquilo que não se sabe. Em função desta premissa, primeiro preparar
as pessoas para saberem o que estão fazendo.
Por esta razão trouxemos as maiores autoridades da especialidade para
ministrar cursos na nossa cidade e abrimos a oportunidade para que os
profissionais pudessem se aperfeiçoar. Com os cursos e o entendimento do
trabalho observou-se crescente melhoria na assistência. Belo Horizonte
tornou-se, naquele período, grande Centro de Ensino e pesquisa da área. O
processo de humanização do atendimento no CPP tem sido uma construção
histórica. Uma missão assumida quando da união do HNPI, uma instituição com um
paradigma hospitalar (manicomial) e a UNP, orientada sob uma visão de cuidado e
formação. Manicômios Mostrei, no início, como foram criados os
primeiros manicômios. Barbacena surgiu como a alternativa em Minas Gerais. A assim chamada “Reforma Psiquiátrica” é uma infeliz denominação
para o que deveria ser chamada de “ “ Reforma Asilar e manicomial.
Barbacena, que vamos mostrar abaixo, era dirigida por políticos que funcionavam
como prefeitos de cidades com enorme concentração de pessoas. Os manicômios
eram a “Via final comum das mazelas sociais”. Saliento que não eram dirigidos e
nem existiam psiquiatras trabalhando nestas estruturas desumanas. Foi preciso
que jovens estudiosos da Psiquiatria e aqui vem a
figura de Jorge Paprocki que formou um contingente
enorme de alunos interessados e que vieram a dar sequência
ás ao trabalho iniciado. Segundo Jarbas Portella, influente Psiquiatra e
Psicanalista a Psiquiatria Mineira pode ser dividida em: “Antes e depois do
HGV, com Jorge Paprocki”. Entre vários psiquiatras de
grande prestígio que se formaram no HGV citarei Francisco Paes Barreto e Cesar
Rodrigues Campos que foram artífices da continuidade do trabalho que se fazia
no HGV: Hospital humanizado, que funcionava com portas abertas. Este
aprendizado foi levado para o instituto Raul Soares (IRS) de onde saíram
grandes psiquiatras. Desejo salientar a figura de Jairo Furtado Toledo, oriundo
do IRS e reconhecido no Brasil como aquele que revolucionou Barbacena
transformando um asilo/manicômio em uma comunidade Terapêutica. A enorme estrutura do Hospital Colônia de
Barbacena. Quando do fechamento do Hospital Colônia de Oliveira as crianças com
doenças crônicas foram levadas para Barbacena. Antes, Equioe
chefiada por Lippi viajava para Oliveira, aos
sábados, para avaliar e levar de volta as crianças abandonadas no Hospital por
famílias de Belo Horizonte. Foram retiradas algumas dezenas delas, que eram avaliadas por psiquiatra, psicólogo e Assistente Social. Museu da Loucura - Barbacena SÍNTESE DÉCADA
DE 60 • Vivia-se um clima de intensa atividade
científica no HGV; • Transformação da Assistência Psiquiátrica: Open Door Integral; • Humanizava-se o Hospital Colônia de Barbacena; • Ala feminina do HNPI ruiu; • 1964: Criação da 5ª Enfermaria Lippi, ainda
estudante passou a chefia-la • 1966: 1ª Reunião de Neuropsiquiatria Infantil
(Guarujá/SP) • 1967: III Congresso Nacional de Neurologia,
Psiquiatria e
Higiene Mental (participávamos de todos).
8. 1969: Criação do Centro de
Estudos do HNPI • 1969: 1o. Congresso Latino Americano
de Psiquiatria Infantil, realizado em Punta Del no Uruguai. 10.
1970 - No início da década de 70, por nossa interferência, o Hospital Colônia
de Oliveira foi fechado em função de sua
estrutura manicomial e a não existência de Psiquiatras, após a retirada
de inúmeras crianças abandonadas e lá internadas. Equipe do HNPI ia a Oliveira
aos sábados para avaliar as crianças e na volta eram conduzidas as oriundas de
Belo Horizonte. Somente os crônicos foram enviados para Barbacena. 11 – 1970 - Lippi foi presidente da Associação Brasileira de Neuropsiquiatria
Infantil (ABENEPI) por duas gestões na década de 70. Lippi,
Barreto, Rubim do Pinho e outros em Porto Alegre –
1967. Enorme
contingente de Profissionais do HNPI compareceram ao Congresso 1o.
Congresso Latino Americano de Psiquiatria Infantil – 1969 – Punta
Del Este – Uruguai. 1o.
Congresso Latino Americano de Psiquiatria Infantil – 1969 – Punta
Del Este – Uruguai – Turma do HNPI CONCLUSÃO Foi realizada um tentativa
de trazer alguns fatos desconhecidos na história da Psiquiatria Infantil em
Minas Gerais. Para isso, fez-se um percorrido, simples, na história da saúde
mental e da criança brasileira desde o período colonial. Chamou-se a atenção
para alguns fatos e vultos importantes desta caminhada, alguns desconhecidos e
alguns mais jovens. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS • ALEXANDER, F.G.;
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