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Volume 22 - Novembro de 2017
Editor: Walmor J. Piccinini - Fundador: Giovanni Torello

 

Novembro de 2015 - Vol.20 - Nº 11

História da Psiquiatria

PEQUENO HISTÓRICO DA PSIQUIATRIA INFANTIL EM MINAS GERAIS

DO MÉDICO-FEITICEIRO À PSIQUIATRIA:
A ASSISTÊNCIA, A PESQUISA E O AVANÇO CIENTÍFICO

José Raimundo da Silva Lippi

Psiquiatra da Infância e Adolescência
Doutor em Ciências pela FIOCRUZ
Membro Emérito da Academia Mineira de Medicina
Professor Aposentado da Faculdade de Medicina da UFMG
Ex-Professor convidado da Faculdade de Medicina da UFMG
Ex-Professor Colaborador da Faculdade de Medicina da USP
Presidente por duas gestões na década de 70 da Associação Brasileira de Psiquiatria e Neurologia Infantil (ABENEPI).
Presidente da Associação Brasileira de Prevenção e Tratamento das Ofensas Sexuais (ABTOS).
Fundador e Coordenador do Ambulatório Especial de Acolhimento e Tratamento de Famílias Incestuosas (AMEFI/HC/UFMG).

A doença mental, segundo pesquisas epidemiológicas, aponta elevada prevalência na população em geral. De acordo com os levantamentos do Banco Mundial, das dez doenças mais incapacitantes quatro são psiquiátricas: depressão, esquizofrenia, distúrbios ansiosos e alcoolismo (Saraceno, 1999, p. 76). É uma doença que acomete crianças, jovens e adultos; homens e mulheres; negros e brancos; pobres e ricos. Não existe, portanto, nenhum grupo humano ou comunidade conhecida pelo seu nível de desenvolvimento que esteja livre de desordem mental. A doença psquiátrica exerce um forte efeigo negativo na vida de uma pessoa que, além de ter de suportar, durante um certo tempo, os sofrimentos causados pelos próprios sintomas da doença, tem de suportar o distanciamento dos familiares, a perda, por muitas vezes, da sua fonte de recursos, o distanciamento social e, na maioria das vezes, a solidão. A maioria dos quadros psiquiatricos têm inicio na infância e dai a importância de se compreender o desenvolvimento do ser humano para a compreensão do seu adoecer.

HISTÓRICO:

 

A história da psiquiatria começou quando um homem tentou aliviar o sofrimento de outro homem, influenciando-o. Quando o sofrimento psíquico e físico não se distinguiam entre si, o precursor da psiquiatria era qualquer homem que cuidasse de outro homem com dor. A história da psiquiatria começa assim com a história do primeiro curador profissional, o médico-feiticeiro. Na sociedade mais primitiva o homem que os outros acreditavam ter poderes misteriosos, entre os quais a capacidade de provocar chuva ou sol, de prever vitória na guerra ou de fazer as plantações crescerem, tinha também a tarefa de curar os doentes No mais das vezes, o médico-feiticeiro era o sumo sacerdote não apenas o chefe da tribo, mas também o feiticeiro do clã. Entre raças mais adiantadas, os médicos-feiticeiros formavam uma classe de elite e, em geral, quanto mais elevada era a cultura, mais seleta era essa casta. Em algumas culturas, o médico-feiticeiro herdava sua profissão ou era nomeado para esse cargo porque algum incidente incomum indicara ser ele um favorito especial dos deuses: por exemplo, se evitara ferir-se em uma situação nas qual outro homem poderia ter morrido ou ter sido mutilado. Frequentemente um homem se tornava médico-feiticeiro após ter tido uma convulsão ou entrado em transe e experimentado uma alucinação que lhe revelava ser isso o que devia ser. Este método de seleção é especialmente comum entre os Osa-Kaffirs da África do Sul, algumas Tribos Siberianas e Índios Norte-Americanos[]. Muitas “tribos” de especialistas moderno usam o mesmo método. E muito encontrado no Brasil alguns psiquiatras milagreiros. Na psicanálise ainda existem alguns sumos sacerdotes.

 

Psiquiatria Infantil

 

Valentim Gentil Filho, no prefácio de (Assumpção Jr.,1995:10), afirma que:

 

A psiquiatria infantil ainda não é uma especialidade independente no Brasil”. Tampouco é valorizada no contexto da psiquiatria clínica, que tem no adulto sua expressão maior. Talvez isto aconteça em virtude de ser temática recente dentro do contexto psiquiátrico brasileiro, que, por sua vez, também é extremamente jovem frente à prática médica, que tem uma história desde a Colônia.

 

Eu agrego o fato que me parece anterior e mais marcante: a não valorização do trabalho de Emminghaus, conforme nos relata o já citado (Alexander e Selesnick, 1968:479):

“Infelizmente as idéias de Emminghaus foram ignoradas; e posteriormente influentes Manuais de Psiquiatria de Kraepelin e Bleuler omitem toda referência a perturbações mentais infantis em si próprias”. A tendência da literatura estava firmada:

           

“as crianças deviam ser consideradas como adultos em miniatura

e portanto não tinham direito a método distintivo”.

 

“É lamentável que uma das mais esclarecedoras apresentações da psiquiatria infantil em fins do século XIX tenha tido pouca influência. Em 1887, Hermann Emminghaus publicou Psychic Disturbances of Childhood. O trabalho dele é importantíssimo, segundo Ernest Harms.[], historiador da psiquiatria, que afirmou;

 

 "Foi uma das pouquíssimas tentativas feitas até aquela época de dar uma apresentação geral sistemática da psiquiatria infantil. As doenças mentais em crianças eram descritas como "incomparáveis" com as de adultos e tornava-se necessária uma nítida separação do estudo científico nos dois termos.

 

(Alexander e Selesnick, 1968:479) nos alerta ainda que: Eminghaus iniciou seu livro com um estudo epidemiológico estatístico de condições mentais anormais da infância que encontrou na Alemanha. Ele dividiu as psicoses em resultantes de causas físicas, como as doenças do cérebro, e resultantes de fatores psicológicos, como excessivo medo ou ansiedade. Este Psiquiatra Alemão observou que más condições domésticas, má educação e situações sociais doentias produziam doenças mentais em crianças; discutiu as perturbações patológicas no pensamento e imaginação, e apresentou um levantamento sistemático de várias entidades patológicas. O esclarecido ponto de vista deste autor estendeu-se à criança delinquente, que em seu entender sofria de uma doença e não de moral ruim, e precisava ser compreendida e ajudada, ao invés de punida. Infelizmente as ideias de Emminghaus foram ignoradas; e posteriormente influentes manuais de psiquiatria de Kraepelin e Bleuler omitem toda referência a perturbações mentais na infância.

 

Como podemos observar não é de agora que  Psiquiatria Geral perde a oportunidade de compreender melhor os pacientes adultos. Todo adulto foi criança e adolescente e são nestas faixas etárias que muitas patologias são  iniciadas. Aliás, sempre defendemos a ideia de que o Psiquiatra Geral deveria fazer primeiro a Residência de Psiquiatria Infantil, pela necessidade de saber como se processa o desenvolvimento motor, cognitivo, afetivo e intelectual. A construção da patologia mental passa por estes conhecimentos. Eu afirmo este detalhe por que me formei primeiro em Psiquiatria Geral e, pelas circunstâncias, entrei no mundo da Psiquiatria da  Infância. Com ela eu pude verificar a verdadeira dimensão da patologia mental do adulto, levando em conta o ser humano e sua patologia em constante desenvolvimento.

 

 

HISTÓRIA DA SAÚDE MENTAL INFANTIL:

A CRIANÇA BRASILEIRA DA COLÔNIA À REPÚBLICA VELHA*

 

O Brasil desde a colônia possuía pessoas interessadas em estudar a infância. Com o esclarecedor artigo acima, Paulo Rennes[] traça uma trajetória da Saúde Mental e dos cuidados à infância no Brasil da Colônia à República Velha. No período colonial não havia cuidados especiais à criança. O que tem sido encontrado para compreender a criança colonial são relatos descritos em documentos, tratados e cartas da época, e em descrições de viajantes que aqui aportaram para conhecer o Novo Mundo. Depois do século XVIII a urbanização das cidades requer a intervenção médica nas questões de higiene e saúde, e gradativamente muda a concepção de criança, primeiro na Europa, depois no Brasil, chegando o século XIX com médicos preocupados com a questão da mortalidade infantil e com os cuidados que se deveria ter com a criança, negligenciada até então. É no século XIX que se inicia a institucionalização dos saberes médicos e psicológicos aplicados à infância e é quando podemos obter mais registros sobre que cuidados eram reservados à criança.

 

Os Hospitais e a Psiquiatria

Hospital Pedro II - RJ

 

O primeiro hospital psiquiátrico brasileiro foi o Hospício D. Pedro II, inaugurado em 5 de dezembro de 1852, no Rio de Janeiro.

 

 

 

 

A partir de então, em várias cidades foram criados outros manicômios, e a assistência aos doentes mentais passou a ter regulamentação própria e um lugar específico para tratamento e internação. O interesse dos médicos pelas doenças mentais resultou também na elaboração e defesa de numerosas teses e na criação de uma cadeira específica de psiquiatria, em 1881.

As faculdades de medicina da Bahia e do Rio de Janeiro, tornou a psiquiatria independente da medicina legal, a que estiveram associadas desde seu nascimento.

 

Os trabalhos de Arruda, (1995)[], Januzzi (1992)[] e de Uchôa, (1981) [], apontam dados históricos importantes sobre a Psiquiatria Infantil: O primeiro trabalho de que se tem relato voltou-se para a deficiência mental, ou idiotia, e era a monografia de Carlos Eiras, Tratamento dos Idiotas, de 1900, apresentada no IV Congresso de Medicina e Cirurgia, no Rio de Janeiro.

 

Pavilhão Bourneville – 1903 - Hospício Pedro II

 

Já percebemos, que desde aquela época, a estreita relação entre a psiquiatria infantil, a deficiência mental, a psicologia e a pedagogia, representada pela associação de trabalhos, pesquisas e profissionais que viam a importância de uma atuação integrada e multiprofissional.

 

Em 1903 Juliano Moreira e Fernandes Figueira inauguraram um pavilhão anexo ao Hospital Psiquiátrico da Praia Vermelha, destinado às crianças portadoras de enfermidades mentais, as quais, até então, compartilhavam o mesmo espaço dos adultos. Segundo o estudo de Januzzi (1992), com a criação do Pavilhão Bourneville, em 1903, anexo ao Hospício da Praia Vermelha, (Rio de Janeiro), as crianças passaram a receber também orientação pedagógica.

 

HOSPITAL DO JUQUERI – São Paulo

 

Em São Paulo, o primeiro pavilhão infantil foi criado em 1921, por Franco da Rocha, neste Hospital do e dirigido por Vicente Batista. Neste pavilhão infantil  foi também criada uma escola, sob orientação do professor primário Norberto Souza Pinto, em 1929. (Fiore,1982:167)[] acrescenta que esta foi uma das inovações introduzidas no Juqueri: a primeira escola para crianças anormais, com dois pavimentos e capacidade para 60 crianças, algumas das quais já se encontravam internadas no Juqueri, na época da inauguração, e outras transferidas com a colaboração do Juizado de Menores.

 

Ulisses Pernambucano

Em Pernambuco, o trabalho pioneiro de Ulysses Pernambucano no atendimento dos doentes mentais, que criou vários serviços até então inéditos e foi responsável por várias reformas assistenciais, estendeu-se aos cuidados da criança. Criou, em 1925, o Instituto de Psicologia, de onde saíram numerosas pesquisas sobre testes de inteligência, o grafismo e o estudo do Roscharch. Foi o autor de um dos primeiros trabalhos brasileiros sobre deficiência mental, em 1913: Classificação das crianças anormais: a parada do desenvolvimento intelectual e suas formas. A instabilidade e a astenia mental. Em 1929 criou uma equipe multiprofissional para atuar com as crianças do Instituto de Psicologia.

 

 Minas Gerais

 

Em Minas Gerais, a psicóloga russa Helena Antipoff implanta o Laboratório de Psicologia da Escola de Aperfeiçoamento Pedagógico, em 1929, onde realiza pesquisas sobre testes de inteligência e desenvolvimento mental de crianças. Posteriormente criou a Sociedade Pestalozzi e o Instituto Pestalozzi,voltados para os cuidados de crianças deficientes mentais.

 

 

Psiquiatria Infantil Brasileira: Período Colonial

 

Aleitamento Materno

 

No período Colonial os médicos basearam-se nas práticas e costumes correntes, um deles bastante mencionado, o da amamentação mercenária: o uso de escravas como amas-de-leite, obrigadas a amamentar os bebês brancos, cujos pais pagavam aos proprietários destas escravas pelos serviços por elas prestados. As críticas a esta prática consistiam na condição psicológica e moral da escrava no puerpério, na maioria das vezes com o próprio filho alijado de seus braços e cuidados para dar lugar à criança estranha do patrão ou do branco que utilizava seus serviços de ama-de-leite. Freyre (1978)[] assinala que a questão da amamentação gerou várias teses defendidas nas faculdades de medicina, como a de José Ribeiro dos Santos Zanith, intitulada Do aleitamento natural, artificial e misto em geral e, particularmente, do mercenário em relação às condições da cidade do Rio de Janeiro, em 1869; e a de A. J. F. Bretas, intitulada Dissertação inaugural sobre a utilização do aleitamento materno e os inconvenientes que ressaltam do desprezo deste dever, em 1838. As várias causas levantadas e as propostas apresentadas para sua erradicação poderão ser mais bem estudadas em Freyre (1978), Costa (1989) e em alguns autores do século XIX, como Teixeira (1876) e o Barão do Lavradio (1887). Também Rousseau (1879), no seu “Émíle”, já falava da importância dos cuidados maternos.


Na Colônia e nos primeiros tempos da Independência são a Igreja e o senhor-de-engenho que ditam as regras do “bem-viver”. No século XIX será a classe médica com suas teses, discursos, livros, debates acalorados na Academia Imperial de Medicina, artigos nos jornais.

 

HIGIENISMO

 

O higienismo constituiu-se num forte movimento, ao longo do século XIX e início do século XX, de orientação positivista. Foi formado por médicos que buscavam impor-se aos centros de decisão do Estado para obter investimentos e intervir não só na regulamentação daquilo que estaria relacionado especificamente à área de saúde, mas também no ordenamento de muitas outras esferas da vida social. Diante dos altos índices de mortalidade infantil e das precárias condições de saúde dos adultos, e tendo em vista a disseminação de novos conhecimentos e técnicas provenientes do avanço da ciência, o higienismo conseguiu influenciar decisivamente a emergência de novas concepções e novos hábitos (pp. 33-34)[].

 

Os higienistas, preocupados com a formação moral, física e intelectual das crianças, e respaldados pelas inúmeras teses das faculdades de medicina, ditavam as regras e normas no preparo e aperfeiçoamento dos futuros “homens da sociedade”. Disciplina, ordem e aproveitamento do tempo norteavam o dia-a-dia nos colégios. O controle da sexualidade, sob os ditames da moral médica, tornou-se ponto importante no rol das atividades consideradas danosas à formação da criança, as quais por isso deveriam ser proibidas, erradicadas, fiscalizadas. A masturbação era prática considerada nociva à saúde e, como tal, necessitava ser contida a qualquer custo. Ou seja, defendendo a criança, atingiu-se a família, e, em decorrência, alterou-se substancialmente a sociedade brasileira. A importância dos higienistas para a psiquiatria infantil, que começaria a engatinhar décadas depois, está em que eles lançaram as bases de uma medicina que se preocupava com a criança e seu desenvolvimento, ainda que não voltada para a patologia mental propriamente dita, mas para uma profilaxia e cuidados morais da criança normal, que eram considerados importantes na época.

As crianças consideradas insanas, geralmente as pertencentes às classes sociais desfavorecidas, acabavam compartilhando o mesmo espaço dos adultos nos manicômios criados em meados do século XIX, pois não havia ainda estudos específicos sobre as doenças mentais infantis nem uma classificação que diferenciasse as formas e manifestações da morbidade no adulto e na criança. A assistência institucional era incipiente no Império, como exemplifica (Kramer,1992)[]:

 

“A ideia de proteger a infância começava a despertar, mas o atendimento se restringia a iniciativas isoladas que tinham, portanto, um caráter localizado.

 

Assim, mesmo aquelas instituições dirigidas às classes desfavorecidas, como por exemplo, o Asilo dos Meninos Desvalidos, fundado no Rio de Janeiro em 1875 (Instituto João Alfredo), os três Institutos de Menores Artífices, fundados em Minas em 1876, ou os colégios e associações de amparo à infância (como o primeiro jardim da infância do Brasil, Menezes Vieira, criado em 1875), eram insuficientes e quase inexpressivos frente à situação de saúde e educação da população brasileira” (Kramer, 1992:50).

 

Será com o advento da República que esta situação começará a se modificar. A libertação dos escravos, em 1888, seguida pela vinda de imigrantes europeus, transformou o quadro urbano nas principais cidades brasileiras, notadamente a capital do país. A população de baixa renda aumentou consideravelmente, o que incluía também o aumento da população infantil, todos sujeitos a condições subumanas de vida que despertavam nas elites sentimentos ambivalentes de pena e repulsa, paternalismo e repúdio. Na fala de Pereira (1992)[].

 

Uma série de elementos reforçou a imagem negativa do “populacho”, como as epidemias, que se iniciavam nas zonas pobres, o aumento da criminalidade, da mendicância, do comércio ambulante e as reações políticas, como as greves e os motins... Neste novo quadro urbano, a figura da mãe pobre, perambulando pelas ruas com seus filhos subnutridos, e dos menores abandonados, envolvidos o mais das vezes, com atividades suspeitas mudou a perspectiva de entendimento da criança.

 

Este quadro perdurou por muitos e muitos anos, como veremos.

 

SEXUALIDADE

 

A sexualidade foi o terceiro ponto de interesse e preocupação da medicina brasileira no tocante à infância, juntamente com a mortalidade infantil e a educação. Estas questões foram abordadas quase ao mesmo tempo e uma foi decorrente da outra. Ao buscar as causas e soluções para a mortalidade infantil, os médicos higienistas propuseram mudanças na alimentação e nos costumes familiares, as quais incluíam a adoção de uma nova pedagogia moral que sugeria que a criança seria mais bem formada e educada nos colégios internos. Por outro lado, o cotidiano nestes internatos e o contato muito próximo entre indivíduos na puberdade e na adolescência coletivizavam o desabrochar da sexualidade e tornavam o sexo mais visível, mais percebível, justamente numa época em que a repressão à sexualidade e sua manifestação passava pela mais intensa forma de controle, contenção e condenação na Europa e na América.

 

A Era Vitoriana conseguiu que médicos e estudiosos disseminassem, através de suas obras, os ideais de repressão que adotava e que davam respaldo científico à necessidade do controle sexual. Lorde William Acton (1813-1875) e o médico alemão Von Krafft-Ebing (1840-1903) [] expuseram teorias caracterizando a prática sexual como responsável por doenças; a perda do esperma e a masturbação levavam o indivíduo à loucura e provocavam doenças da pele e tuberculose; as mulheres eram criaturas assexuadas e não tinham orgasmo; a sexualidade aberta levava ao crime, etc. Muitos outros médicos, educadores e religiosos, através de seus escritos, reforçavam a ideia do sexo como uma “doença repugnante’ (Ribeiro, 1990:8)[]. Na verdade eram divulgadores das ideias.

 

Psicanálise

 

Há mais de um século, Sigmund Freud ousou relacionar dois temas que pareciam muito distantes entre si: sexualidade e infância. Em 1905, ele publicou Os três ensaios sobre a sexualidade [], num dos quais abordava especificamente a sexualidade infantil - conceito fundamental para a Psicanálise, até os dias atuais.


Para Freud, a sexualidade da criança possui duas características principais: é perversa e polimorfa. Isto significa dizer que ela é auto-erótica e satisfeita através da estimulação de zonas erógenas no próprio corpo da criança. As fases do desenvolvimento infantil, segundo a teoria freudiana, estão ligadas ao deslocamento da libido (energia sexual) a cada uma dessas zonas.

 

Esta descoberta propiciou a compreensão de uma sexualidade não doente, mas que poderia ser partícipe das patologias mentais.

 

Psiquiatria Infantil

 

A psiquiatria infantil recebeu seu impulso de vários movimentos sociais, particularmente, reformas sociais que deram ênfase à educabilidade de crianças mentalmente retardadas, movimentos de higiene mental e orientação infantil, e a atenção dedicada à criança delinquente. Antes de tornar-se ampla a influência de Freud, as observações de crianças normais feitas por psicólogos tinham maior efeito sobre o desenvolvimento neste terreno do que os escritos de psiquiatras. A influência de Freud persistiu por muitos anos. Após Melanie Klein e alguns de seus seguidores a compreensão do psiquismo infantil passou para uma outra lógica e outra dimensão.       

 

Primeiros Escritos

 

No começo do século XIX, os psiquiatras interessavam-se principalmente em classificar psicoses de crianças. Esquirol diferenciou a criança mentalmente defeituosa da criança psicótica em seu livro Maladies Mentales (1838) e relatou várias histórias de casos interessantes de crianças com impulsos homicidas. O livro de Esquirol foi o orientador e influenciou os Psiquiatrias por mais de 50 anos.

 

Wilhelm Griesinger dedicou parte de seu influente livro Pathologie und Therapie der Psychischen Krankheiten (1845) aos problemas psiquiátricos de crianças. Ele observou que muitas das condições que descreveu em adultos - por exemplo, mania e melancolia - eram também encontradas em crianças. Classificou as doenças mentais de crianças sob os mesmos títulos que as de adultos e acreditava que havia causas predisponentes tanto psicológicas como orgânicas.

 

 

Henry Mauds[ey, contemporâneo de Griesinger, dedicou trinta páginas de seu livro Physiology and Pathology of the Mind (cerca de 1867) à "Insanidade no Começo da Vida". Como seu colega, Maudsley classificou as doenças mentais infantis sob os títulos empregados para doenças de adultos; ao contrário de Griesinger, que recomendava o emprego de métodos educacionais para curar doenças mentais da infância, Maudsley não aconselhava forma alguma de tratamento. Nas duas últimas décadas do século XIX, as discussões entre os expoentes do setor foram "limitadas pelo fatalismo que via nos distúrbios (da infância) relatados os resultados irreversíveis de hereditariedade, degeneração, masturbação excessiva, excesso de trabalho ou preocupação religiosa."

 

Em fins do século XIX houve alguns estudos, embora não de psiquiatras, nos quais se tentou explicar o comportamento e a psicologia das crianças. Charles Darwin escreveu um tratado descritivo, A Biographical Sketch of an Infant (1876) que estimulou trabalhos semelhantes de outros autores. William Prever publicou na Alemanha um importante trabalho de observação intitulado The Mind of the Child, que se estendia sobre os padrões desenvolvimentais do crescimento e comportamento da criança.

Um psicólogo, James Scully, escreveu um livro compreensivo, The Studies in Childhood (1895), no qual observou que a recreação revela muita coisa dos processos mentais da criança. Esta observação permitiu aos estudiosos dar importância à atividade lúdica e à própria ludoterapia. Milicent Shinn, em Notes on the Development of a Child (1893), fez cuidadosa descrição do desenvolvimento dia a dia de um recém-nascido. Em 1891 Stanley Hall fundou Pedagogical Seminary, uma revista dedicada à publicação de estudos sobre crianças; os artigos nela contidos defendiam a ideia de que o conhecimento da criança deve ser baseado em uma apreciação do comportamento normal.

 

Psicanalise da Infância

 

Anna Freud, a filha caçula do casal Sigmund e Martha Freud, nasceu no dia 3 de dezembro de 1895, em Viena. Ela iniciou sua vida profissional como professora primária e lecionou durante toda a Primeira Guerra Mundial (1914-1920). Posteriormente, foi pioneira no desenvolvimento da psicanálise de crianças (1923). Seu trabalho teórico abarcou o exame das funções que o ego desempenha no sentido de tornar tolerável a intensidade da ansiedade despertada por ideias e sentimentos penosos, diante das demandas pulsionais. Seu primeiro livro foi O Tratamento Psicanalítico de Crianças (1927). Outros se fizeram seguir: O Ego e os Mecanismos de Defesa (1936), Infância Normal e Patológica (1965), The Writings of Anna Freud (coletânea/8 volumes/1968-1983)

 

Em março de 1938, a família Freud, auxiliada por Ernest Jones e a Princesa Marie Bonaparte, fugiu da Áustria (dominada pelos Nazistas), refugiando-se em Londres.

 

Neuropsiquiatria Infantil

 

 

Arnold Gesell

 

O estudo do desenvolvimento normal da criança avançou extraordinariamente nos Estados Unidos com Arnold Gesell (1880-1961). Ele  iniciou sua carreira como estudante de psicologia com Hall na Universidade Clark e depois conquistou um diploma de medicina em Yale. Em 1925 Gesell publicou um esboço compreensivo e sistemático do padrão de desenvolvimento normal das crianças, intitulado:

 

The Mental Growth of the Pre-Schools Child: A Psychological Outline of Normal Development from Birth to the Sixth Year, Including a System of Developmental Diagnosis.

 

O efeito do trabalho de Gesell sobre a prática clínica reside em sua insistência no sentido de ser necessário entender a normalidade antes que se possa compreender o desvio. Gesell e seus colegas em Yale acentuaram que cada período sucessivo de desenvolvimento se deriva do precedente procuraram, também, mostrar em nível de comportamento como se processa o desenvolvimento.

 

 

ANTÔNIO BRANCO LEFÉVRE

 

 

Nascido na cidade de São Paulo, em 6 de outubro de 1916, cursou a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo de 1936 a 1941. Diplomado em 1941 pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, desde 1939 Lefèvre freqüentava o Serviço de Neurologia daquela Faculdade, o qual funcionava na Santa Casa de São Paulo, na categoria de estudante-adido

 

De 1941 a 1943 verificou Lefèvre que a Neurologia e a Pediatria não seriam suficientes para uma especialidade que lidava com o desenvolvimento do Sistema Nervoso (SN) e julgou importante para sua formação estudar, conhecer também, problemas de ordem psicológica. Por esta razão, viajou para o Rio de Janeiro - naquela época centro cultural e científico da Nação - para assistir ao Curso de Psicologia do Professor André HYPERLINK "http://fr.wikipedia.org/wiki/Andr%C3%A9_Ombredane"Ombredane - professor francês, também especialista em problemas de linguagem. No mesmo ano matriculou-se no Curso de Psicologia da Faculdade de Filosofia da Universidade do Brasil, curso este de 3 anos, o qual conseguiu completar em um ano. Acompanhou também o referido Prof. Ombredane em trabalhos práticos de Psicologia nos Grupos escolares da Prefeitura do Rio de Janeiro, bem como no estudo dos distúrbios de linguagem e da palavra escrita e falada, no Instituto Nacional de Surdos-Mudos, demonstrando seu interesse pelo desenvolvimento mental da criança. Nesse mesmo ano assistiu a um Curso de Psicodiagnóstico de Rorschach - ministrado pelo Prof. José Leme Lopes - na Faculdade Nacional de Medicina, além de um Curso de Neurologia Pediátrica, inicialmente ministrado pelos Profs. Ary Borges Fortes e Martagão Gesteira, em São Paulo.

 

De 1945 a 1950 Lefèvre retornou a São Paulo e integrou a equipe de neurologistas da FMUSP, então já instalada, desde 1945 no atual Hospital das Clínicas. E, é nesta data - 1950 - que a Neurologia Infantil toma foros de especialidade, verdadeiramente científica, quando Lefèvre apresenta suas duas teses, a saber: A tese de Doutoramento - versando sobre "Contribuição para o estudo da patologia da afasia em crianças" - tese esta de repercussão internacional pois foi pioneira no assunto, tanto que foi citada nos trabalhos sobre distúrbios da liguagem por Hécaen e Lenneberg, eminentes especialistas no assunto. A tese de Docência-Livre, versando sobre "Contribuição para padronização do exame neurológico do recém-nascido normal" - obra que antecedeu em dois anos a obra de André-Thomas e Saint-Anne Dargassies; várias manobras e sinais atribuídos a esses pediatras franceses, na realidade, foram primeiramente descritos por Lefèvre. É necessário que se aponte a opinião de um dos maiores semiologistas americanos da época - Wartenberg - que ao receber o resumo em inglês da tese de Lefèvre refere-se elogiosamente acentuando a monumentalidade do exame neurológico do recém-nascido de Lefèvre.

 

O reconhecimento de Lefèvre como fundador da neurologia infantil no Brasil se deu desde os primeiros anos de êxito de sua atividade. Em 1967, ao apresentar memorial se candidatando ao cargo de professor da disciplina de Clínica Neurológica Infantil isto fica evidente. A comissão examinadora, composta de Adherbal P.M. Tolosa, Paulo Pinto HYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/wiki/Paulo_Pinto_Pupo"Pupo, OswaldoHYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/wiki/Oswaldo_Lange" HYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/wiki/Oswaldo_Lange"Lange, Fernando de Oliveira Bastos e Horácio Martins Canelas, por unanimidade aprovou o candidato, concluindo seu relatório com as seguintes palavras:

 

“ Tendo analisado atentamente o currículo apresentado pelo Dr. Antônio Frederico Branco Lefèvre e comprovada a extensão e o relevo da Escola de Neuropediatria de que é legítimo fundador..."

 

e termina por credenciá-lo ao cargo.

 

A partir da década de 1960, dedica-se também a uma linha de pesquisas buscando quantificar a semiologia da infância, dando origem ao Exame Neurológico Evolutivo, padronizado com sua equipe nas diversas faixas etárias.

 

Lefévre esteve em Belo Horizonte diversas vezes. Deixou marcas indeléveis naqueles que tiveram o privilégio de conviver com ele.

 

 

 

 

História do HNPI
Belo Horizonte

 

O HNPI completará no dia 28/11/2015 68 anos de idade. Desde que foi inaugurado em 1947 o HNPI, hoje CEPAI, passou por várias mudanças visando o aprimoramento e modernização de seu modelo assistencial. Foi criado por meio do Decreto-Lei nº. 2.094 e destinada importante verba para sua construção. Entretanto, este dinheiro foi aplicado para a construção do atual Hospital Militar e as crianças portadoras de doença mentais foram, mais uma vez, relegadas à um segundo plano. Elas foram instaladas no prédio que abrigava o primeiro Hospital Militar da Força Pública de Minas Gerais, inaugurado em 1914.

 

À época chamava-se Hospital de Neuropsiquiatria Infantil e, juntamente com o Instituto de Psicopedagogia, eram subordinados à Divisão de Assistência Neuropsiquiátrica do Departamento Estadual de Saúde.

 

 

 

Entrada do HNPI em 1969



Em dezembro de 1968 passou a pertencer à Fundação Estadual de Assistência Psiquiátrica (FEAP). Em 1977, passou a integrar a FHEMIG (modelo da FEAP estendido à toda Assistência Médica). Em 16 de fevereiro do ano de 2008, o então Centro Psicopedagógico (CPP) passou a ser chamado de Centro Psíquico da Adolescência e Infância. Atualmente, a instituição atravessa um momento de transformação na assistência prestada, mudanças que abrangem desde a estrutura física do prédio ao modelo de gestão e clínica, desenvolvida por seus profissionais.

 

O Prédio construído pelo engenheiro José Zuquim em 1928-1929, para o funcionamento do Hospital da Policia Militar, cedeu lugar,  à guisa de modelo do Hospital Colônia de Barbacena, se transformou em Hospital de Neuropsiquiatria Infantil (HNPI). Em 1942, neste hospital tipo Colônia estavam internadas 400 doentes mentais. Em 1964 a ala feminina ruiu e as meninas foram transferidas para o Hospital Galba Velloso (HGV) que atendia somente mulheres, portadores de doenças mentais. Foi criada, então, a 5a. Enfermaria.  Ainda estudante, fui levado à direção desta Enfermaria, pelo brilhante diretor Dr. Jorge Paprocki.

Em 1969, Ainda sob a orientação deste psiquiatra visionário e que transformou a Psiquiatria Mineira, tive o privilégio de assumir a direção do HNPI com cerca de 200 crianças e adolescentes de ambos os sexos.

 

 

 

 

José Raimundo Lippi – Diretor do HNPI - 1969

 

 

 

HNPI - 1969

 

 

HNPI - 1969

 

 

 

Era um grande desafio para um jovem Psiquiatra que assumia enorme responsabilidade levando em conta as palavras de Paprocki:

 

“Você tem condições de revolucionar a assistência asilar oferecida às crianças e fazer a psiquiatria infantil uma realidade em nosso meio”.

 

Criamos o Centro de Estudos do HNPI e lá estiveram figuras da maior importância na Psiquiatria Mundial. Alguns dando cursos diretamente na nova casa e outros de passagem por lá quando participavam de congressos Estaduais, Regionais, Nacionais e Internacionais, que eram organizados por nossa equipe  ou  que ela colaborava na organização. Abaixo, alguns deles:

 

 

 

 

Telma Reca de Accosta – Psiquiatra da Infância (Argentina) – HNPI/1969

 

 

 


 O Professor Ajuriaguerra esteve no Brasil por duas vezes em Congressos da Associação Brasileira de Neurologia e Psiquiatria Infantil (ABENEPI) e esteve no HNPI.

 

LippiIvoneide Trindade – Lefévre – ABENEPI/Recife

 

Luiz Henrique Prego Silva e Vida Prego. Prego deu curso no HNPI.

 

Prego Silva o 1o. Catedrático de Psiquiatria Infantil da América Latina, do Uruguai, exerceu a especialidade no Hospital Pedro Visca, onde eu estagiei. Ele foi o primeiro a dar um Curso de Psiquiatria Infantil no Centro de Estudos do HNPI. Eu viajava periodicamente para supervisões e estágio. Ele me acolhia de forma carinhosa.

 

Stanilaw Krynski – 1o. Psiquiatra da Infância do Brasil.

 

Krynski foi um dos introdutores da Psiquiatria Infantil no nosso Pais. Excelente colega a amigo esteve em Belo Horizonte várias vezes.

 

Haim e Feiga Grunspun – Araxá/MG  - 1972

 

HAIM GRUNSPUN foi um dos grandes psiquiatras da infância e daqueles que mais contribuíram para a implantação da especialidade no Brasil. Ele deu Curso no Centro de Estudos do HNPI.

 

É importante salientar que o movimento de implantação da Psiquiatria Infantil e transformação da Assistência Asilar em Minas Gerais teve inicio na década de 60. Não se pode transformar aquilo que não se sabe. Em função desta premissa, primeiro preparar as pessoas para saberem o que estão fazendo.  Por esta razão trouxemos as maiores autoridades da especialidade para ministrar cursos na nossa cidade e abrimos a oportunidade para que os profissionais pudessem se aperfeiçoar. Com os cursos e o entendimento do trabalho observou-se crescente melhoria na assistência. Belo Horizonte tornou-se, naquele período, grande Centro de Ensino e pesquisa da área. O processo de humanização do atendimento no CPP tem sido uma construção histórica. Uma missão assumida quando da união do HNPI, uma instituição com um paradigma hospitalar (manicomial) e a UNP, orientada sob uma visão de cuidado e formação.

 

 

 

 

 

Manicômios

 

Mostrei, no início, como foram criados os primeiros manicômios. Barbacena surgiu como a alternativa em Minas Gerais. A assim chamada “Reforma Psiquiátrica” é uma infeliz denominação para o que deveria ser chamada de “ “ Reforma Asilar e manicomial. Barbacena, que vamos mostrar abaixo, era dirigida por políticos que funcionavam como prefeitos de cidades com enorme concentração de pessoas. Os manicômios eram a “Via final comum das mazelas sociais”. Saliento que não eram dirigidos e nem existiam psiquiatras trabalhando nestas estruturas desumanas. Foi preciso que jovens estudiosos da Psiquiatria e aqui vem a figura de Jorge Paprocki que formou um contingente enorme de alunos interessados e que vieram a dar sequência ás ao trabalho iniciado. Segundo Jarbas Portella, influente Psiquiatra e Psicanalista a Psiquiatria Mineira pode ser dividida em: “Antes e depois do HGV, com Jorge Paprocki”. Entre vários psiquiatras de grande prestígio que se formaram no HGV citarei Francisco Paes Barreto e Cesar Rodrigues Campos que foram artífices da continuidade do trabalho que se fazia no HGV: Hospital humanizado, que funcionava com portas abertas. Este aprendizado foi levado para o instituto Raul Soares (IRS) de onde saíram grandes psiquiatras. Desejo salientar a figura de Jairo Furtado Toledo, oriundo do IRS e reconhecido no Brasil como aquele que revolucionou Barbacena transformando um asilo/manicômio em uma comunidade Terapêutica.

 

A enorme estrutura do Hospital Colônia de Barbacena. Quando do fechamento do Hospital Colônia de Oliveira as crianças com doenças crônicas foram levadas para Barbacena. Antes, Equioe chefiada por Lippi viajava para Oliveira, aos sábados, para avaliar e levar de volta as crianças abandonadas no Hospital por famílias de Belo Horizonte. Foram retiradas algumas dezenas delas, que eram avaliadas por psiquiatra, psicólogo e Assistente Social.

Museu da Loucura - Barbacena

 

SÍNTESE

DÉCADA DE 60

 

      Vivia-se um clima de intensa atividade científica no HGV;

      Transformação da Assistência Psiquiátrica: Open Door Integral;

      Humanizava-se o Hospital Colônia de Barbacena;

      Ala feminina do HNPI ruiu;

      1964: Criação da 5ª Enfermaria

Lippi, ainda estudante passou a chefia-la

      1966: 1ª Reunião de Neuropsiquiatria Infantil (Guarujá/SP)

      1967: III Congresso Nacional de Neurologia, Psiquiatria e

                Higiene Mental (participávamos de todos).

      8.  1969: Criação do Centro de Estudos do HNPI

      1969: 1o. Congresso Latino Americano de Psiquiatria Infantil, realizado

em Punta Del no Uruguai.

 

   10. 1970 - No início da década de 70, por nossa interferência, o Hospital Colônia de Oliveira foi fechado em função de sua   estrutura manicomial e a não existência de Psiquiatras, após a retirada de inúmeras crianças abandonadas e lá internadas. Equipe do HNPI ia a Oliveira aos sábados para avaliar as crianças e na volta eram conduzidas as oriundas de Belo Horizonte. Somente os crônicos foram enviados para Barbacena.

 

11 – 1970 - Lippi foi presidente da Associação Brasileira de Neuropsiquiatria Infantil (ABENEPI) por duas gestões na década de 70.

 

Lippi, Barreto, Rubim do Pinho e outros em Porto Alegre – 1967.

 

 

 

 

Enorme contingente de Profissionais do HNPI compareceram ao Congresso

 

 

 

 

1o. Congresso Latino Americano de Psiquiatria Infantil – 1969 – Punta Del Este – Uruguai.

 

 

 

 

1o. Congresso Latino Americano de Psiquiatria Infantil – 1969 – Punta Del Este – Uruguai – Turma do HNPI

 

 

 

 

 

 

 

                                                                    CONCLUSÃO

 

Foi realizada um tentativa de trazer alguns fatos desconhecidos na história da Psiquiatria Infantil em Minas Gerais. Para isso, fez-se um percorrido, simples, na história da saúde mental e da criança brasileira desde o período colonial. Chamou-se a atenção para alguns fatos e vultos importantes desta caminhada, alguns desconhecidos e alguns mais jovens.

 

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

 

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