![]() ![]() Outubro de 2013 - Vol.18 - Nº 10 Editor: Walmor J. Piccinini - Fundador: Giovanni Torello |
Outubro de 2013 - Vol.18 - Nº 10 Psiquiatria na Prática Médica HIPERPROLACTINEMIA E SINTOMAS PSIQUIÁTRICOS Prof. Dra. Márcia Gonçalves* A hiperprolactinemia
é um resultado de laboratório, não um diagnóstico (Piazza et
al., 2005). Define-se como valor sangüíneo elevado de PRL, em mulher
não-grávida e não-lactente. É mais comumente observado em mulheres é o distúrbio
de hipersecreção hipofisária. Os sintomas clínicos clínica dependem dos
valores de prolactina e da sua etiologia. São aceitos valores de normalidade
inferiores a 25 ng/ml (Mah
e Webster, 2002; Serri et al., 2003). A prolactina por meio do sistema porta hipotalâmico-hipofisário, alcança a hipófise e bloqueia a
produção e liberação da prolactina, ao se ligar nos receptores de membrana dos lactótrofos. É o único dos hormônios hipofisários
cujo principal mecanismo de controle hipotalâmico é inibitório controlado pelo
neurotransmissor, a dopamina. Sítios ligadores de
prolactina no sistema nervoso central (SNC) foram identificados no hipotálamo,
plexo coróide e na substância nigra (Sobrinho, 1993). A hiperporlactenemia pode, por mecanismos retroativos levar à hipogpnadismo,
e, é geralmente proporcional à elevação da prolactina (Serri
et al., 2003). O estresse poderia ser o gatilho de alterações
neuroendócrinas envolvendo dopamina e/ou serotonina, que afetam a liberação de
prolactina (Sobrinho, 1998; Freeman et al., 2000). Os sintomas da hiperprolactinemia
resultam de três mecanismos principais: 1- Efeitos diretos do excesso de prolactina
sobre seus tecidos-alvos (galactorréia); 2- Manifestações resultantes do hipogonadismo causado pela hipeprolactinemia
(oligoamenorréia, infertilidade); 3- Efeitos secundários a lesões estruturais
provocadas pela doença causadora da hiperprolactinemia,
efeitomassa decorrente de tumores (cefaléia,
distúrbios da visão) (Verhelst e Abs,
2003). A regulação da produção de prolactina, como
endorfinas, peptídeo vasoativo intestinal, ácido gamabutírico
e hormônio liberador de tireotrofina e fatores que
interfiram na inibição dopaminérgica podem causar hiperprolactinemia
(Serri et al., 2003). Síndrome galacto-amenorréia Denomina-se síndrome galacto-amenorréia
o conjunto de sinais e sintomas decorrentes do aumento nos níveis sangüíneos de
prolactina. A prolactina tem a capacidade de inibir a secreção do hormônio
luteinizante (LH) e do folículo-estimulante (FSH) pela hipófise, que são os hormônios
que agem estimulando as gônadas (testículo e ovário). Com a diminuição do
LH e do FSH, e conseqüente deficiência dos hormônios sexuais, pode ocorrer
diminuição do desejo sexual (libido),
impotência, infertilidade, menstruações irregulares (oligomenorréia)
ou ausência de menstruação (amenorréia). Em pacientes com hiperprolactinemia,
a função gonadal é suprimida por interferência nos
pulsos hipotalâmicos do hormônio liberador das gonadotrofinas (GnRH), redução na secreção hipofisária dos hormônios folículoestimulante
(FSH) e luteinizante (LH) e, conseqüentemente, diminuição na produção
estrogênica ovariana (hipoestrogenismo). Nas mulheres em idade reprodutiva, o hipogonadismo manifesta-se por fase lútea curta, anovulação, infertilidade, amenorréia, diminuição da libido
e dispareunia por menor lubrificação vaginal (Crosignani, 2005). Nos homens normalmente têm níveis baixos de prolactina, mas em
algumas doenças eles podem estar aumentados, tais como em um tipo de tumor
benigno chamado prolactinoma.
Podem apresentar disfunção erétil com
diminuição do apetite sexual e infertilidade (oligospermia e diminuição do volume ejaculado), dor
de cabeça e alterações visuais. Pode também ocasionar ginecomastia (desenvolvimento excessivo das mamas no
homem), redução no crescimento de pêlos, hipotrofia muscular e aumento da
gordura abdominal. Algumas vezes, o aumento da prolactina pode não manifestar nenhum
sintoma. Causas de Aumento de Prolactina: 1 -
Fisiológicas - O próprio
organismo, por necessidade, aumenta a liberação de prolactina como durante o sono, no stress físico
e psicológico, durante a gravidez, durante a amamentação e no orgasmo sexual; 2 - Farmacológica - Estimulada pelo uso de medicamentos - Qualquer droga
que modifique a liberação dadopamina, como explicado anteriormente, pode induzir a
alterações na liberação de prolactina. Como
exemplo a seguir: - Antipsicóticos : Clorpromazina, Perfenazina e Haloperidol; - Antieméticos ou reguladores da
motilidade gástrica : metoclopramida
e domperidona; - Antihipertensivos: Alfa Metil Dopa; - Antagonistas H2 - cimetidina
e ranitidina - Usados para o controle da secreção de
ácido clorídrico no - Opióides - São estimuladores da secreção de
dopamina; - Antidepressivos : Imipramina
e Fluoxetina; - Estrógenos - Hormônios Sexuais como o
informado. 3 -
Patológica - Quando envolve alterações no bom funcionamento do
organismo. - Lesões do
Hipotálamo ou da Haste Hipofisária - A dopamina,
como explicado anteriormente, tem a capacidade
de inibição da secreção de prolactina. Em comprometimentos da ligação dela com a hipófise, (haste hipofisária), não há inibição da secreção de prolactina
pela dopamina e assim a hipófise
secreta prolactina em maiores quantidades. - Tumores secretores
de Prolactina - Tumores do tipo Prolactinomas,
são produtores de Prolactina; - Demais lesões da
hipófise – Massas tumorais que não estejam relacionadas com tumores
secretores de prolactina, também podem induzir o aumento da prolactina, pois eles
comprimem a haste hipofisária e portanto, diminuem a
comunicação inibitória da dopamina ( conforme explicado anteriormente) e a
hipófise. - Demais Causas - Hipotiroidismo,
síndrome dos ovários policísticos, estimulação periférica
neurogênica, falência renal ou cirrose hepática. A hiperprolactinemia e Sintomas psiquiátricos É bem conhecido o efeito do estresse
psicológico agudo sobre a elevação dos valores de prolactina em indivíduos
saudáveis, sendo observados irregularidades menstruais,
galactorréia e/ou outros sintomas de hiperprolactinemia
associados com acontecimentos na vida pessoal (Biondi e Picardi,
1999). A hiperprolactinemia
estimularia o turnorver de dopamina em várias áreas
cerebrais, incluindo o núcleo arqueado, e reduz o turnorver
em outras regiões, por exemplo, na substância nigra. O papel da prolactina na patogênese dos
distúrbios psiquiátricos pode refletir uma ação direta sobre o sistema nervoso
central, um efeito indireto por meio de hormônios gonadais
ou constituir fatores independentes, resultantes da depleção de dopamina (Buckman e Kellner, 1985). Em
mamíferos, a prolactina está associada com a resposta imune, diminui a
temperatura corpórea e aumenta a secreção de corticosteróides (Sobrinho, 1993).
A hiperprolactimnemia classicamente associada à
disfunção gonadal. Pacientes com hiperprolactinemia
com uma grande frequencia apresentam problemas
emocionais. Variações nas concentrações de prolactina no sistema nervoso
central poderiam afetar o humor, as emoções e o bem-estar. Por outro lado,
traços da personalidade e fatores externos ambientais podem estimular a
secreção de prolactina e ter papel na gênese da doença (Sobrinho, 1998). Em
ambos os sexos são encontrados os seguintes sintomas associados à hiperporlactinemia: ganho de peso, ansiedade, depressão,
fadiga, instabilidade emocional, e irritabilidade, somatização, hostilidade e/ou
depressão foram, a partir dessa época, relacionadas com hiperprolactinemia
(Fava et al., 1981; Kellner
et al.; 1984; Keller et al., 1985). Dentre o conhecimento de reações
psicossomáticas e hiperprolactinemia, um exemplo
típico é a pseudociese, que pode ser uma ativação extratemporal
do sistema neuroendócrino (Sobrinho, 1993). Associação
entre eventos pessoais estressantes e prolactinemia
Assies et al. (1992), ao avaliarem 14
pacientes hiperprolactinêmicas quanto a aspectos
psicossociais, verificaram maior freqüência de separação dos pais na infância
quando comparados a 14 mulheres controles. Sonino et al. (2004), observaram que 52
pacientes com hiperprolactinemia relatavam
significativamente mais eventos pessoais estressantes que os indivíduos
controles. Concluíram na patogênese da hiperprolactinemia, o papel do estresse psicológico
emocional destacava-se. Tratamento do aumento de prolactina: - Com medicamentos para com substâncias que aumentem os
níveis de dopamina que regula a concentração de prolactina; - Cirurgia para retirada da hipófise; -
Radioterapia. Referências
Bibliográficas – com o autor Márcia
Gonçalves – Professora responsável pela disciplina de Psiquiatria
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