Volume 15 - 2010 Editor: Giovanni Torello |
Setembro de 2010 - Vol.15 - Nº 9 Psiquiatria na Prática Médica
ROTEIRO DE ABORDAGEM DE QUADROS PSIQUIÁTRICOS NOS SERVIÇOS DE URGÊNCIA MÉDICA II Fernanda Carvalho Lopes* Definição: Emergência psiquiátrica é qualquer situação de natureza psiquiátrica em que existe um risco significativo de morte ou injúria grave para o paciente ou para outros, necessitando de uma intervenção terapêutica imediata.
Como todas as urgências, a psiquiátrica exige um atendimento em ambiente de Pronto Socorro Geral. A abordagem deve ser multidisicplinar e com suporte para complicações clinicas, intervenções cirúrgicas, ortopédicas, etc.
O suicídio é um risco sempre presente junto aos pacientes com transtornos psiquiátricos. Incidência anual de suicídio, entre 10 e 20 a cada 100.000 indivíduos, na população geral mundial. - O diagnóstico dos transtornos do humor ocorre em um quarto dos casos de suicídio e somente uma fração destes recebem tratamento médico adequado. Neste século, as taxas de atos suicidas pouco mudaram na população geral. A única prova substancial da eficácia do tratamento psiquiátrico é a redução do risco de suicídio durante o tratamento em longo prazo com lítio.The Journal of Clinical Psychiatry, vol 60, suppl.2, 1999. A Tentativa de Suicídio É importante saber que: De 10 pessoas que se matam, 8 dão avisos sobre suas intenções. Cuidado com a idéia: “Quem quer se matar, não avisa!” NÃO É VERDADE!!!
Existe a necessidade de esforços para: 1 -Aumentar o conhecimento público e profissional dos fatores de risco para o suicídio 2 - Aumentar o acesso precoce a avaliações clínicas adequadas, aumentando a segurança e a efetividade dos tratamentos para os transtornos afetivos e psicóticos. 3 - Encorajar e apoiar pesquisas para esclarecer benefícios e riscos específicos dos tratamentos médicos e intervenções sociais que almejam a prevenção do suicídio. Objetivos da Avaliação 1) Quais eram as intenções do paciente ao tentar se matar? · O ato foi planejado ou impulsivo? · O paciente tomou precauções para não ser encontrado após a tentativa? · O paciente procurou ajuda após a tentativa? · O método foi realmente perigoso? · O paciente deixou alguma mensagem para as outras pessoas?
2) O paciente continua com ideação suicida após a tentativa?
3) Quais são os problemas atuais do paciente que poderiam ter desencadeado a tentativa?
4) Existe algum diagnóstico psiquiátrico associado?
5) Quais são os recursos do paciente?
* prestar atenção à maneira como ele lidou com outras situações de crise em sua vida e ao apoio familiar potencial que o paciente pôde obter.
Sinais de perigo: · Plano de ação. · Paciente que ameaçou suicídio – quieto e menos agitado do que antes. · Presença de diagnóstico psiquiátrico prévio (principalmente depressão, alcoolismo, esquizofrenia e transtorno de personalidade). · Isolamento (não ter parceiro, morar só, desemprego). · Persistência de ideação suicida após tentativa. · Métodos muito letais. · Planejamento com antecedência.
Quem tenta suicídio nem sempre quer morrer: · Pode ser para que os outros sintam pena e · culpa. · Mostrar o quanto estão desesperados. · Influenciar outra pessoa a mudar de idéia. · Escapar de um sofrimento psíquico muito · grande. · Buscar ajuda. · Testar se alguém gosta deles. · Escapar de uma situação intolerável, etc.
O tratamento médico na ideação suicida 1 - A
maioria dos casos de suicídio envolve um transtorno psiquiátrico em evolução e
tipicamente tratável .
3 - O refinamento de avaliações preditivas para o suicídio requer melhor definição dos estados quais incluem agitação, raiva, culpa, ansiedade, e um impulso para agir, bem como também desespero depressivo e a quantificação do risco.
- Logo
após a alta hospitalar 5 - Periodicidade do risco = cedo na doença psicótica ou afetiva. - Muitos anos em muitas pessoas - Períodos de recidivas de doença episódica ( depressão.)
Temos evidências crescentes de que o comportamento suicida tem forte determinante neurobiológico. São dois os modelos que podem explicar esta suscetibilidade: 1 - Resposta a um estresse agudo 2 - Ultrapassagem de um limiar pessoal, desencadeando a ativação do gatilho para o suicídio ou sua tentativa. O mais importante elemento sugestivo de risco para a tentativa de suicídio é a história pregressa de outra(s) tentativa(s) de suicídio.
O limiar
para um comportamento suicida
Um fator neurobiológico para agir sob impulsos suicidas, é a função serotoninérgica cerebral - mais baixa em pacientes que tentaram suicídio, pelos estudos de medição dos metabólitos da serotonina no líqüor e pelos estudos de resposta da prolactina à fenfluramina. É importante notar que quanto mais baixa a serotonina cerebral, mais grave é a tentativa de suicídio, havendo, portanto, correlação direta com a letalidade.
O encaminhamento depende: · Avaliação de risco de suicídio. · Necessidade de tratamento da doença psiquiátrica subjacente. · Necessidade de tratamento clínico-cirúrgico das seqüelas da tentativa de suicídio. · Tratamento de eventual doença física concomitante.
Abordagem inicial. 1) Cuidados clínicos. 2) Observar
se existe mais de um método para o suicídio. 4) Obter
informações sobre as substância tóxicas que o paciente tinha alcance.
Se risco iminente: hospitalização ou proteção de algum outro modo.
Indicação
de tratamento medicamentoso de urgência. Sedação em Emergência Antidepressivos não trazem benefícios imediatos. Referências: 1.American Psychiatric Association Task Force on DSM-IV. Diagnostic and Statistica Manual of Mental Disorders, Fourth Edition, Draft Criteria: 3/1/93. Washington , DC.: American Psychiatric Association. 2. Bach-Y-Rita, G., et al. Episodic dyscontrol: A study of 130 violent patients. Am . J. Psychiatric 127:1473, 1969. 3. Lewis, D. O., and Pincus, J. H. Epilepsy and violence: Evidence for a neuropsych otic-aggressive syndrome. J. Neuropsychiatry 4:413, 1989. 4. Lion, J. R., Bach-Y-Rita, G., and Ervin, F. R. Violent patients in the emergency room. Am. J. Psychiatry 125:1706, 1969. 5. Sergio Dario: Emergências psiquiatricas 6. Luciana Mayumi Yamaguchi; Atendimento de Emergência Psiquiátrica Pronto-Socorro de umHospital Geral. 7. Steven E. Hyman : O Paciente Violento 8. Mann J, Oquendo M, Underwood MD, Arango V - J. Clin. Psychiatry, 1999; 60 (2): 7-11 9. BAllone – psiquiweb. 10. The Journal of Clinical Psychiatry, vol 60, suppl.2, 1999. * Fernanda Carvalho Lopes - Acadêmica de medicina do departamento de medicina da UNITAU ( Internato) ** Prof. Dra. Márcia Gonçalves - Coordenadora da disciplina de psiquiatria da UNITAU - [email protected]
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